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Gaultier mostra que espírito segue intacto após venda de grife

06/07/2011 19h51

Por Nick Vinocur

PARIS, 6 de julho (Reuters Life!) - Jean-Paul Gaultier converteu modelos em estrelas de cinema na quarta-feira, no desfile teatral de sua coleção de alta-costura para o Inverno 2011, mostrando que não deixou de apreciar o que é divertido desde que sua grife foi vendida.

Fashionistas lotaram a plateia na sede de Gaultier na Margem Direita parisiense para ver se o irreverente estilista francês teria modificado sua abordagem desde maio, quando a Hermès vendeu ao grupo de moda espanhol Puig uma participação controladora em sua grife.

Mas as dúvidas foram desfeitas desde o início do desfile, que começou com 30 minutos de atraso, quando uma modelo escultural surgiu sobre a passarela em um terninho risca-de-giz ousado.

Aproveitando sua persona alternativa de figurinista de cinema, Gaultier colocou cada modelo sobre a passarela em um ambiente cinematográfico, com trilha musical que mudava e muito glamour hollywoodiano.

Com a exceção de um vestido preto de noite que atraiu muitos aplausos, o desfile foi tipicamente Gaultier, com poucas concessões ao comercialismo, apesar da nova empresa proprietária, que promete tornar a grife rentável até 2016.

"Gaultier é um dos meus melhores amigos, e fico feliz por poder lhe dar apoio neste momento tão importante de sua carreira", disse a atriz e modelo Milla Jovovich, que atuou em "O Quinto Elemento" (1997), de Luc Besson, para o qual Gaultier criou os figurinos.

Gaultier emergiu como um dos importantes novos talentos da moda francesa no início dos anos 1980, abalando o "establishment" com criações esdrúxulas inspiradas na cultura das ruas, o punk e o cenário gay, com seu couro e suas correntes.

O lado selvagem de seus primórdios profissionais ficou aparente no desfile, em que modelos percorreram a passarela fumando cigarros e homens apareceram de saias rendadas, casacos tremendamente folgados e, em um caso, uma barba longa e bigode engomado.

Gaultier conserva sua distinção de ser um dos poucos nomes amplamente conhecidos na alta moda -- ao lado da Karl Lagerfeld e de John Galliano, agora caído em descrédito --, mas sua firma vinha perdendo dinheiro, com os royalties de perfumes, prêt-à-porter, alta-costura e outras receitas se mostrando insuficientes para cobrir os custos.