Ser mero espectador na transa atrapalha o orgasmo. Saiba como superar isso

Transar pensando no prazer do outro, no próximo movimento a fazer, na posição mais elaborada, como o outro está enxergando seu corpo, se está estranhando as expressões que você está fazendo? Com tanta coisa na cabeça, a mente não relaxa e o orgasmo não vem. Reconhece essa situação? O fenômeno é comum e, em inglês, recebe o nome de "spectatoring".

Essa é a forma como é chamada a sensação de estar fazendo sexo como espectador do ato e não como participante. E não escolhe orientação sexual nem estado civil. Se você transa, está sujeito a passar por isso.

A forma como enxergamos o sexo muitas vezes vem da pornografia e há uma pressão para ser bom de cama. Nesse sentido, a ansiedade de desempenho ou de performance atrapalha muito. Na prática, isso significa que muita atenção às caras e bocas ou trocas de posição excessivas, quase numa encenação de filme pornô, afasta as pessoas do orgasmo.

A pressão da performance atinge homens e mulheres, mas de maneiras distintas. Em comum, fica a dificuldade do orgasmo. Para as mulheres heterossexuais, existe muito a questão de precisar agradar o parceiro, ela quer ser considerada boa de cama, mas ao mesmo tempo, não muito boa a ponto de parecer que sabe demais, que transa demais. Como ainda existe muito a cobrança por uma autoimagem positiva, os pensamentos no sexo são invadidos e desviados.

Já nos homens, a pressão por uma ereção longa e duradoura, digna do Xvideos, fica no caminho do prazer. Há cada vez mais homens que evitam o sexo pelo medo de falhar na performanc — então, ele prefere nem fazer sexo tamanha a pressão.

Solteiros, casados, namorados: ninguém está imune

O Spectatoring não escolhe estado civil. Para os solteiros, a questão é o olhar desconhecido do outro. Já para quem vive relacionamentos, a própria rotina pode ficar no caminho do prazer. No caso de mulheres que tem triplas jornadas, viver o presente é difícil porque há muitas ocupações que tomam a mente, distrações externas e internas que atrapalham que você entre no momento erótico.

Porém, dá para vencer o Spectatoring. Veja dicas para isso:

Invista nas preliminares

O sexo não começa na hora que os dois tiram a roupa e construir o clima pode fazer a diferença. Falar do que gosta, do que espera, lembrar de sensações boas antes do sexo pode fazer com que os parceiros ou parceiras fiquem mais presentes.

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Aposte no mindfullness sexual

Estar aqui e agora é imprescindível. "Em casais, tomem um banho juntos, explorem os corpos um do outro. Pare, respire, esvazie a mente e busque estar presente no momento", ensina Denise Figueiredo. Se concentrar mentalmente é valioso. Verbalize internamente, para si, o que está sentindo diante do toque do outro, descreva mentalmente o que você está tocando no corpo do outro e o que você gosta. Este processo pode ser difícil, mas ajuda a se manter nas sensações e não dispersar.

Seja gentil com seu corpo

Caso esteja insatisfeito ou inseguro com seu corpo, vale fazer uma reflexão. Pense em momentos em que seu corpo já te deu muito prazer e em como ele pode voltar a te dar prazer.

Não siga receitas prontas

Cada parceiro ou parceira é único e cada transa (mesmo que com o mesmo parceiro) pode ser sempre um recomeço. Não tenha roteiro estabelecido, até porque um roteiro estabelecido do que eu gosto, do que eu não gosto, do que eu vou fazer, não funciona sempre e nem com todo mundo. Não é porque se viveu, com uma pessoa, algo que foi incrível que aquilo vai funcionar com outra. É importante estar no momento e nas sensações do momento.

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Fontes: Denise Figueiredo, terapeuta de casais; e Paula Napolitano, psicóloga clínica, terapeuta sexual e autora do livro "Sexplicando: sexualidade sem mitos"

*Com matéria publicada em 02/09/2020

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