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É possível ser feliz no sexo durante a menopausa? Especialista comenta

Na maturidade, o sexo muda. Mas pode continuar bom - Getty Images
Na maturidade, o sexo muda. Mas pode continuar bom Imagem: Getty Images

de Universa

31/08/2020 04h00

A menopausa é um período associado à diminuição da libido, ressecamento vaginal, falta de energia e outras questões ligadas às variações hormonais relacionadas ao fim do período reprodutivo. No entanto, e apesar dos desconfortos, é possível ter uma vida sexual satisfatória mesmo durante a menopausa. "A mulher nunca perde a capacidade de ter desejo e sentir orgasmos", diz Ana Canosa, terapeuta sexual e apresentadora do podcast Sexoterapia.

Dependendo do momento de vida, a mulher pode até mesmo esquecer os inconvenientes desse período. Segundo Ana, quando a menopausa coincide com um momento de grande estímulo sexual, como o que se tem com uma nova paixão, ela pode passar quase despercebida. "Quando as mulheres são motivadas pelo sexo, parece que a menopausa acabou, volta lubrificação, libido. Você percebe que o seu corpo é capaz de responder, porque está extremamente motivada", afirma.

Foi exatamente o que aconteceu com a escritora Isabel Dias, de 65 anos. Depois de passar 32 anos casada com o homem com o único homem com quem fez sexo, ela descobriu que estava sendo traída. Então resolveu se divorciar e mudar sua vida, e se redescobriu, inclusive sexualmente. Inscreveu-se em um site de relacionamentos, e começou a conhecer diferentes caras. "Na primeira vez, saí com um homem mais novo. Eu estava morrendo de vergonha, pedi para apagar a luz, mas ele dizia que queria me ver, porque me achava linda. Foi ótimo, me senti uma adolescente", diz.

Isabel descreve a sensação de se sentir desejada e experimentar coisas novas no sexo como uma descarga de dopamina e adrenalina que fez ser corpo ferver e ela voltar a se enxergar como mulher. "A menopausa pouco me importou. Na hora do 'vamos ver' ela ficou lá para trás", lembra. Além da motivação sexual, as mulheres que estão na menopausa também podem contar com diversos avanços da medicina nessa área, lembra Ana Canosa. "Há muitos recursos, como a fisioterapia pélvica, laser intravaginal, reposição hormonal e outras saídas para manter a saúde da vagina e uma vida sexual ativa", diz.

A sexóloga destaca também o papel do autoconhecimento na construção da sexualidade nessa fase da vida, e reforça que existem, sim, diferenças entre o sexo durante a juventude e na maturidade. Ana explica que a resposta sexual fica mais lenta na terceira idade, para homens e mulheres. No caso das mulheres, uma demora maior em chegar ao orgasmo, e para os homens, ereções menos frequentes e potentes. "Não é a resposta que a gente tem aos 30 anos, mas tudo bem quando você tem conhecimento disso e não se cobra por nada que vá além da sua capacidade física", diz.

Ana chama a atenção ainda para o fato de que se um casal na terceira idade tomar como parâmetro a resposta sexual da juventude, a tendência é se frustrarem, pararem de fazer sexo e se afastarem. "Mas se entenderem que o corpo muda, e que eles podem fazer sexo de outro jeito, muda tudo", conclui.

Para saber mais sobre sexo na terceira idade

  • Livro "32- Um Homem para Cada Ano que Passei com Você", Isabel Dias, editora Da Boa Prosa
  • Documentários "Acende a Luz" e A Idade do Amor (Steven Loring)
  • Série Gracie and Frankie (Netflix) e "O Método Kominski" (Neflix)
  • Filmes "Diário de uma Paixão" (Nick Cassavetes); "Irina Palm" (Sam Garbarski) ; "Elsa e Fred - um amor de paixão" (Marcos Carnevale).
  • Podcast Aptare
  • Instagram @SHEt_alks

Acompanhe o Sexoterapia

Sexo na terceira idade é o tema do vigésimo sétimo episódio do podcast Sexoterapia, que em sua quarta temporada vai mergulhar na história de uma única personagem.

Sexoterapia vai ao ar às sextas-feiras e está disponível no UOL, no Youtube de Universa e nas plataformas de podcasts, como Spotify, Apple Podcasts, no Castbox e Google Podcasts. A quarta temporada tem oito episódios.