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Ex-Fifth Harmony virá ao Brasil: 'Canto que nosso amor não cura o outro'

Lauren Jauregui lança música e fala sobre amor em seu novo single  - Gretzky
Lauren Jauregui lança música e fala sobre amor em seu novo single Imagem: Gretzky

De Universa, em São Paulo

05/11/2022 04h00

Lauren Jauregui, ex-integrante da banda Fifth Harmony, está com passagem marcada para desembarcar no Brasil. Após um adiamento, segundo ela, devido a problemas logísticos, a cantora americana chega no país em março para uma apresentação em São Paulo. Enquanto isso, a carreira não para.

A cantora acaba de lançar o single "Always Love" —após seu primeiro álbum solo, "Prelude", do ano passado—, que traz reflexões importantes sobre o impacto dos relacionamentos em nossas vidas, mesmo depois que eles terminam. Composta por Lauren, a letra é inspirada em um amor antigo dela e fala sobre como, até nos momentos em que a relação não era ideal, o que tinha entre o casal ainda era amor.

"Não tenho medo de ser vulnerável e mostrar a minha história. Escrevi essa música há três anos, então já superei esse momento e acho que a letra transcendeu a relação que a inspirou. Não é mais tão específico daquela época, acho que é uma homenagem a todos os meus amores antigos que não deram certo", disse a cantora com exclusividade a Universa.

Uma frase da letra chama a atenção: "Por mais que tenhamos nos magoado mais do que uma vez, era amor". Questionada se ela acredita que as relações amorosas podem nos machucar, Lauren respondeu que sim.

"Vários de nós entramos em relacionamentos sem superar traumas antigos, sejam eles de infância ou de outros encontros amorosos. Somos viciados na ideia de que o amor vai nos curar e que o nosso amor vai curar o outro. Aí ficamos nesse cabo de guerra", diz a cantora.

Para ela, isso acontece porque muitas pessoas projetam seus problemas naquele que está ao seu lado.

"Com essa projeção, elas não conseguem se conectar. Para mim, amor é quando duas pessoas que se sentem completas, que entendem seu valor, se encontram e percebem que podem acrescentar algo na vida do outro. Se vocês estão sempre se machucando é porque precisam trabalhar algo dentro de si", explica Lauren.

A cantora demonstra muita maturidade em sua reflexão. Ela, sequer, culpa os parceiros pelos comportamentos deles que, admite, nem sempre foram bacanas. Apenas percebe que é um sinal de que há algo que eles precisam trabalhar dentro de si.

"Não culpo ninguém. Já superei a parte da minha vida em que achava que as pessoas eram ruins porque tinham me magoado. Acredito que, sim, nós nos magoamos durante os relacionamentos. Acho natural, parte de um processo de cura. Por isso, precisamos ficar atentos em não achar que é apenas sobre nós, pois não sabemos a dor que as outras pessoas estão vivendo", explica Lauren.

Para ela, o amor sempre vai exigir que a gente tenha momentos de autorreflexão. "Não acho que esse sentimento é sinônimo de dor mas, sim, que é alegre e bonito. Contudo, se você não refletir sobre o que sente, vai acabar machucando o outro", conclui.

Raízes cubanas e feminismo

Nascida em Miami, Lauren cresceu em meio a uma família cubana —por isso, dentro de casa, ainda fala espanhol. Aprendeu desde cedo o que significa o preconceito contra uma mulher latina e, também por isso, levanta, publicamente, bandeiras sociais. "Sou uma pessoa que luta pela igualdade política e econômica dos gêneros", afirma.

A questão, segundo ela, tem ficado cada vez mais pulsante nos Estados Unidos, principalmente após a crescente conservadora e extremista, que culminou no fim do direito ao aborto legal, revogado neste ano —o acesso era garantido para qualquer caso desde 1973.

"As estruturas de poder que não funcionam para o nosso bem-estar, nem como indivíduos nem como comunidade. Eu, com certeza, não concordo com esses valores [conservadores], mas sinto que temos que falar sobre o que está acontecendo, sobre como vamos desconstruir esse tipo de pensamento que também está em nós", diz.

"Minha intenção é fazer as pessoas se abrirem, como me abro com a minha arte. É a nossa função fazer com que nos livremos desses sistemas [opressores] no mundo.

Sobre sua origem cubana, diz ser "parte de quem sou". "Está no meu sangue e tem efeito na minha arte, na minha maneira de se expressar. É a maneira de mostrar nossa alegria."