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Mulher diz ter sido agredida no RiR e revida com soco: 'Era bolsonarista'

 Gabriela Christofaro conta ter sido agredida porque chamou homem de bolsonarista no Rock in Rio - Luiza Souto/UOL
Gabriela Christofaro conta ter sido agredida porque chamou homem de bolsonarista no Rock in Rio Imagem: Luiza Souto/UOL

De Universa, no Rio de Janeiro

11/09/2022 15h36

Machucada, trêmula e chorando muito, a empresária Gabriela, 27 anos, contou a Universa ter sido agredida depois de pedir que um homem respeitasse sua vez numa fila e de chamá-lo de bolsonarista, dentro do Rock in Rio, na noite deste sábado (10). À reportagem, o homem, que confirmou ser eleitor do presidente Jair Bolsonaro (PL), disse ter sido ele a vítima.

Gabriela conta que estava numa fila para comprar dois chopes quando o homem tentou passar na sua frente. Deu-se ali um princípio de confusão após ela pedir que ele respeitasse sua vez.

"Eu falei que uma pessoa com uma atitude como aquela tinha cara de quem vota em Bolsonaro, e ele falou que votava mesmo, perguntou qual o problema e me deu uma 'bica'. Eu caí no chão enquanto ele saía correndo, mas fui atrás e dei um murro nele", descreve Gabriela.

Os seguranças do local contiveram os dois e conduziram Gabriela para a delegacia montada na Cidade do Rock. Ela é uma extensão da 16ª DP (Barra da Tijuca). O homem foi levado para o posto médico, onde levou quatro pontos na boca devido ao soco que levou.

 Gabriela Christofaro conta ter sido agredida porque chamou homem de bolsonarista no Rock in Rio - Luiza Souto/UOL - Luiza Souto/UOL
A mão de Gabriela Christofaro ficou inchada após briga com bolsonarista
Imagem: Luiza Souto/UOL

Após prestar seu depoimento, por volta das 19h, Gabriela disse que foi chamada de agressora e incentivada a não fazer registro de ocorrência para não perder o show da banda britânica Coldplay, que começaria por volta da meia-noite. É que ela teria que esperar o homem ser ouvido e depois os dois seriam conduzidos para audiência.

"Estão querendo me levar para uma audiência porque eu também sou agressora, e que eu poderia ser fichada, a depender do entendimento do juiz. Ainda me chamaram de estressada", ela relata.

Enquanto contava sua versão a Universa, uma psicóloga e uma advogada da Secretaria Municipal da Mulher levaram Gabriela para uma sala reservada para acolhimento. E, após muita conversa, ela decidiu não levar a denúncia adiante. "Não quero correr o risco de ser registrada como agressora e, infelizmente, tive que abrir mão da denúncia. Estou muito triste e o agressor ainda vai sair impune."

O delegado André Prates afirmou a Universa que prestou todo atendimento a Gabriela e que em nenhum momento fizeram-na desistir de registrar ocorrência ou chamaram a mulher de agressora. Falou ainda que testemunhas informaram que ela estaria alcoolizada e que precisaria ouvir o outro lado para então o juiz decidir o que houve de fato, se foi legítima defesa ou lesão corporal.

"Eu prestei toda assistência, perguntei se ela queria ligar para alguém e expliquei que o registro de ocorrência seria levado a um juiz para audiência, aqui dentro mesmo. Ainda ouvi outra versão dos fatos apresentados, de seguranças que estavam no local. O procedimento é esse", explicou o delegado.

"Eu fui o agredido"

Com quatro pontos na boca, sangrando e um grande curativo na perna, o homem apontado como o agressor disse a Universa que de fato houve a discussão por causa da fila e que foi chamado de bolsonarista —e que é mesmo eleitor do presidente. Mas a partir daí sua versão é outra. Acompanhado da esposa, ele pediu para não ser identificado.

"Ela estava alcoolizada e derrubou cerveja em mim. Eu então derramei nela também. E me afastei. Nisso eu caí. Ela então me deu um soco na boca. A vontade era de bater nela mesmo, mas eu fui o agredido", descreve o homem, que estava ainda com arranhões no pescoço e a camisa rasgada.