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Elizabeth serviu na Segunda Guerra e pagou salários mais altos às mulheres

Rainha Elizabeth 2ª teve ações feministas  - Getty Images
Rainha Elizabeth 2ª teve ações feministas Imagem: Getty Images

Júlia Flores e Rafaela Polo

De Universa, em São Paulo

08/09/2022 16h29

A morte da rainha Elizabeth 2ª, 96 anos, foi anunciada na tarde dessa quarta-feira (8). Durante seus 70 anos de reinado, a monarca teve ações que favoreceram as mulheres e abriram caminhos até então inéditos —embora ela mesma nunca tenha se posicionado como feminista. Pelo contrário. Seus assessores sempre fizeram questão de dizer que seu posicionamento era apolítico.

Caminho oposto seguiram integrantes da família real como a princesa Diana e a duquesa de Sussex Meghan Markle. A primeira passou maus momentos como integrante da realeza por valorizar sua privacidade e independência, ainda nos anos 1990, quando se envolveu em diversas lutas pelos direitos humanos. Já Markle sempre se declarou orgulhosamente feminista e pode ser ouvida em inúmeras ocasiões falando em prol das mulheres e da igualdade de gênero.

No entanto, é claro que a rainha deixou um legado importante. Olivia Colman, atriz vencedora do Oscar que interpretou a rainha na última temporada da série "The Crown", já declarou que considera Elizabeth 2ª "a grande feminista": "Ela é a ganha-pão da família real, é quem estampa nossas moedas e cédulas".

Apesar das críticas envolvendo sua falta de posicionamento claro sobre os direitos das mulheres e as polêmicas envolvendo tanto Diana quanto Meghan, Elizabeth 2ª protagonizou alguns episódios disruptivos durante o seu reinado.

Confira momentos em que a rainha agiu como uma feminista:

Primeira mulher da família real a servir as Forças Armadas em tempo integral

A rainha foi a primeira mulher da família real a se juntar às Forças Armadas. Além disso, serviu durante a Segunda Guerra Mundial.

Inclusive, aperfeiçoou suas técnicas ao volante durante o conflito, porque era responsável por dirigir caminhões e aprendeu a consertar carros no Serviço Territorial Auxiliar Feminino —embora não tivesse habilitação.

Exemplo de poder feminino

A rainha durante evento dos 100 anos do Women's Institute  - Getty Images - Getty Images
A rainha durante evento dos 100 anos do Women's Institute
Imagem: Getty Images

A rainha foi por 80 anos membro do Women´s Institute, a maior organização voltada à atuação e aos direitos femininos do Reino Unido. Em nota oficial pela morte da monarca, a organização afirmou: "Ela foi um membro leal e dedicado do WI por 80 anos e nunca deixou de mostrar seu apoio durante o período em que foi rainha. Agradecemos sua dedicação."

Em junho de 2015, ela abriu a 100ª reunião do WI, no Royal Albert Hall, em Londres, comemorando os avanços e as conquistas das mulheres no último século: "No mundo moderno, as oportunidades para as mulheres darem algo de valor à sociedade são maiores do que nunca, porque, por meio de seus próprios esforços, elas agora desempenham papéis significativos em todas as áreas da vida pública".

Pagamento maior às mulheres

Apesar da diferença salarial que existe no mundo inteiro entre homens e mulheres, a rainha Elizabeth 2ª sempre achou mais justo dar salários mais altos às mulheres que trabalhavam com ela. Um relatório divulgado pela Comissão de Igualdades e Direitos Humanos do Reino Unido mostrou que elas recebem, por hora, cerca de 8,3% a mais que os homens.

Igualdade de gênero

Quando a rainha assinou uma nova declaração para a Commonwealth (organização intergovernamental composta por 53 países membros), em 2013, reunindo as crenças e os valores dos Estados que dela faziam parte, havia lá um item "gênero", que dizia: "Reconhecemos que a igualdade de gênero e o empoderamento das mulheres são componentes essenciais para o desenvolvimento humanos e para os direitos básicos".

Mudança nas regras de sucessão

A família real britânica em foto de 2017 - Getty Images - Getty Images
A família real britânica em foto de 2017
Imagem: Getty Images

Em 2011, a rainha foi responsável por supervisionar mudanças nas leis de sucessão ao trono britânico. Até então, as regras definiam que o herdeiro deveria ser sempre o primogênito do monarca.

Agora, o gênero não importa. Se William e Kate tivessem tido primeiro uma filha, ela seria a indicada ao trono. Mas, no caso, o primeiro filho do duque e da duquesa de Cambridge é o príncipe George.