Topo

Grávida vítima do anestesista ainda não sabe sobre estupro sofrido no RJ

Médico foi preso em flagrante por estupro de vulnerável - Reprodução/Redes Sociais
Médico foi preso em flagrante por estupro de vulnerável Imagem: Reprodução/Redes Sociais

Marcela Lemos

Colaboração para Universa, no Rio de Janeiro

13/07/2022 17h59

A paciente estuprada pelo médico anestesista Giovanni Quintella Bezerra, 32 anos, no último domingo (10), no Hospital da Mulher Heloneida Studart, em São João de Meriti, na Baixada Fluminense, ainda não sabe sobre a violência sofrida, segundo a Polícia Civil.

O crime foi gravado no centro cirúrgico da unidade com auxílio de um celular escondido. O registro foi feito por integrantes da equipe de enfermagem que começaram a suspeitar do comportamento do médico.

Os profissionais deram detalhes à Deam (Delegacia de Atendimento à Mulher) sobre como a gravação foi realizada. O médico foi preso em flagrante.

Segundo a distrital, até o momento, ninguém da família compareceu à delegacia para prestar depoimento. O marido da vítima foi informado sobre o crime na segunda-feira (11), dia da prisão do anestesista. Ele é esperado na Deam (Delegacia de Atendimento à Mulher) para depor.

Bezerra teve a prisão preventiva decretada na noite de terça-feira (12), em audiência de custódia, realizada pelo Tribunal de Justiça do Rio. Ele foi encaminhado para a Cadeia Pública Pedrolino Werling de Oliveira, conhecida como Bangu 8. A unidade é destinada a presos que têm nível superior.

O escritório de advocacia Novais Advogados rejeitou a defesa do médico que foi autuado por estupro de vulnerável, cuja pena é de oito a 15 anos de prisão. O anestesista pode responder também por violência obstétrica, informou a delegada Bárbara Lomba, responsável pelas investigações. Ela classificou o médico como um "criminoso em série".

Até o momento, seis casos de estupro são investigados. A delegacia não possui ainda o número total de cirurgias que contaram com a participação de Bezerra. Ele trabalhava havia seis meses em três unidades da rede pública do Estado.

O médico aparece em um vídeo introduzindo o pênis na boca da paciente que está totalmente sedada. Integrantes da equipe relataram em depoimento que começaram a desconfiar dele um mês atrás devido às sedações frequentes e desnecessárias, uso de roupas largas e capotes e movimentação suspeita próxima ao rosto da paciente. De acordo com os depoimentos, a estação de trabalho do anestesista era montada de forma a dificultar a visão do rosto das pacientes.

Justiça decreta prisão preventiva

O Tribunal de Justiça do Rio converteu a prisão em flagrante de Giovanni em preventiva na noite de ontem. Ele foi autuado por estupro de vulnerável. A pena prevista é de oito a 15 anos. Segundo a delegada, o médico ainda pode responder por violência obstétrica.

O Cremerj (Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio de Janeiro) suspendeu o CRM dele. Com a decisão, Giovanni fica impedido de exercer a medicina no RJ.

Entenda o caso

Giovanni Quintella Bezerra, 32 anos, foi preso em flagrante na madrugada de segunda-feira (11) pelo crime de estupro de vulnerável. Um vídeo gravado com um celular escondido na sala de cirurgia do Hospital da Mulher, em Vilar dos Teles, em São João de Meriti (RJ), mostra o profissional colocando o pênis na boca da paciente.

A Polícia Civil já sabe que o caso ocorreu após o nascimento do bebê.

O vídeo foi gravado e entregue à polícia por enfermeiras da unidade, que desconfiaram da quantidade de sedativo usado pelo anestesista em outras ocasiões e da movimentação dele próximo à paciente.

Nas imagens gravadas, a mulher aparece deitada e inconsciente durante o parto. Do lado direito do lençol usado em toda cesariana, a menos de um metro de outros profissionais, o médico aparece colocando o pênis para fora e introduzindo o órgão na boca da mulher.

O ato dura 10 minutos.

A reportagem teve acesso às imagens, mas optou por não publicá-las para preservar a vítima. O pai da criança foi comunicado sobre o crime e, até a saída da polícia da unidade de saúde, a vítima ainda não havia tomado conhecimento do estupro.