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Mãe denuncia ter sido ofendida por funcionário da Latam enquanto amamentava

July, fotografa e jornalista, foi destratada  por um comissário da LATAM enquanto amamentava seu filho de 7 meses a bordo - Acervo pessoal
July, fotografa e jornalista, foi destratada por um comissário da LATAM enquanto amamentava seu filho de 7 meses a bordo Imagem: Acervo pessoal

Rafaela Polo

De Universa, São Paulo

21/04/2022 16h33

A fotógrafa e jornalista July Portioli, 34, diz ter passado por uma situação desagradável durante um voo para o Nordeste em um avião da companhia aérea Latam. Em um desabafo no Twitter, ela denunciou maus tratos de um comissário de bordo, enquanto amamentava seu filho de sete meses. O caso aconteceu em fevereiro.

July, que mora em Mato Grosso do Sul, estava indo de férias para João Pessoa, onde mora seu irmão. Ela tinha comprado a passagem e decidido que iria viajar sozinha pela primeira vez. Mas como a data da viagem coincidiu com um momento que o irmão estava na casa dela, ele trocou a passagem para irem no mesmo voo. "Quando ele foi comprar, as duas poltronas ao meu lado estavam ocupadas. Então ele comprou a mais próxima que tinha. Eu tinha comprado no setor premium, que tinha mais espaço para eu ficar com o bebê na fileira dois. Ele estava na seis", contou July em conversa com Universa.

Após a porta do avião fechar, ela percebeu que os assentos ao seu lado permaneceram desocupados e chamou a comissária de bordo do seu setor para perguntar se o irmão poderia se sentar ao lado dela, já que não tinha ninguém, para que ele pudesse auxiliá-la com o bebê. "Na minha cabeça nem passou a possibilidade que aquilo seria um upgrade. A comissária foi atenciosa, disse que seria possível, mas que confirmaria a possibilidade com o chefe dela na cabine", conta July. Foi aí que o problema começou.

"Ele já veio falar comigo de uma maneira estúpida. Não queria ouvir e nem entender qual era o problema. Eu estava com o Francisco no peito e ele falou comigo como se eu fosse uma poltrona. Disse que era uma regra da empresa e que não poderia mudar meu irmão de lugar. A princípio, eu disse que tudo bem. Mas ele foi até a frente da aeronave conversar com os colegas e foi quando eu ouvi ele dizer que o passageiro sempre faz isso, não pega pela premium e depois quer ser premium. Aí me descontrolei", explica July. Segundo ela, a aeromoça que a atendeu fez uma cara de estar claramente incomodada.

"Eu estava amamentando e pedindo ajuda. Ao ouvir isso, comecei a filmar. Ele veio em minha direção, abaixou meu celular da minha mão e disse que, se eu continuasse, ia chamar a Polícia Federal para me tirar da aeronave", conta July. A conversa, que nesse momento já não estava amigável, ficou ainda mais ríspida, segundo a passageira. "Ele começou a falar que eu estava descontrolada, que se eu gritasse não dava para entender o que eu falava, foi agressivo. Viu que eu estava nervosa. Comecei a chorar, e ele ficava repetindo que não podia burlar as regras", conta. Em todo esse tempo, o Francisco seguiu no peito, mamando.

"Quando disse que estava divulgando naquele instante o que estava acontecendo, ele mudou um pouco o discurso, dizendo que ia tentar me ajudar", conta. O comissário então perguntou a ela o que os outros passageiros da área premium iam pensar se ele deixasse alguém que não pagou pelo upgrade se sentar ali.

"As pessoas estavam apáticas me olhando. Ninguém foi capaz de interferir e dizer que não se importava se meu irmão sentasse ao meu lado. Eu estava sozinha brigando com um homem que estava me chamando de histérica", conta.

"Depois de tudo isso, ele chamou meu irmão e colocou-o sentado ao meu lado. Tomei uma água para me acalmar, continuei chorando. E o comissário me disse que, se eu tivesse ficado calma, eles já poderiam ter resolvido. Debochando de mim de novo", conta. July diz que apoia regras e acha que elas devem ser seguidas, mas acredita que situações extraordinárias existem e devem ser tratadas com um pouco mais de humanidade, ainda mais no caso de uma mãe amamentando um bebê.

Ela reforça ainda que o atendimento para mães com filhos pequenos, não apenas nessa situação, sempre deixa a desejar. "Ser mãe solo e decidir sair de casa com o bebê é um tormento. Você pensa que é forte, que vai dar contar, e acontece uma coisa dessas. E aí, você vai de novo? Tem muita mãe que não vai mais sair com o filho", diz.


O que diz a companhia

Após o assunto viralizar no Twitter, a Latam entrou em contato com July via mensagem pela rede social, solicitando os dados e o vídeo que ela tinha feito a bordo. Ao enviar, ela recebeu um email dizendo que eles lamentavam o transtorno, mas que eram as regras. "Entendemos que a senhora precisava do apoio do seu irmão, e que foi efetuada uma liberalidade com a nossa equipe de tripulação, mas essas diferenças de cabines existem para proporcionar experiências diferenciadas aos nossos clientes. [...] Em relação à conduta do nosso funcionário, pedimos desculpas, e informamos que já foi realizado um feedback, para que situações como essa não voltem a ocorrer", dizia.

Procurada pela reportagem, a Latam mandou um comunicado oficial sobre o caso. "A LATAM Airlines Brasil se sensibiliza e lamenta o ocorrido. A companhia esclarece que, visando garantir mais conforto e uma boa experiência de viagem para todos os seus passageiros, possui, em voos nacionais, as classes economy e premium economy. A empresa reforça que segue todos os protocolos vigentes do setor para garantir a segurança de seus passageiros".