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Torcedora celebra Lusa campeã: 'Se pensei em desistir, logo mudei de ideia'

Beatriz Portela Nascimento com a família no Canindé - Arquivo pessoal
Beatriz Portela Nascimento com a família no Canindé Imagem: Arquivo pessoal

Beatriz Portela Nascimento em depoimento a Anita Efraim

Colaboração para Universa, em São Paulo

18/04/2022 14h48

"O primeiro sentimento que tive ontem, quando pisei no Canindé, foi de realização. A gente já tinha conseguido o acesso para a série A1 na fase anterior, e eu tinha muita confiança de que esse time ia se consagrar campeão do Campeonato Paulista. Eu acreditava que seria mais um dia de comemoração.

No primeiro jogo, contra o São Bento, eu confesso que senti um frio na barriga. Com a Portuguesa sempre tem muitos momentos de incerteza. Quando a gente achava que estava ganho, eles ainda podiam virar, tudo podia acontecer. Sempre sinto esse medo de reviver situações assim. De estar garantido e, no segundo seguinte, já não estar mais.

Aquele empate foi uma frustração muito grande, porque foi um caminho tão lindo que o time tinha trilhado até aquele momento. Pensar em uma frustração para a minha família, para os jogadores, foi um momento de tensão.

Mas neste domingo tudo isso tinha passado, eu estava feliz e confiante. Chamei todo o mundo que eu conhecia, de todos os lugares, meus amigos, para estar junto nesse momento. Sabia que as coisas iam dar certo e que a gente ia comemorar —como de fato acabou acontecendo, depois da vitória por 2 a 0 sobre o São Bento.

Minha vida com a Portuguesa começou quando eu nasci. Eu pensei, sim, muitas vezes, em abandonar o futebol —até mesmo antes de 2013. Porque quem é torcedor da Portuguesa sabe que é um caminho muito difícil. Quando você é criança e gosta de futebol, todo o mundo pergunta: 'Que time é esse? Para que time você torce de verdade?'. Quando a gente é criança, a gente ouve muita tiração de sarro, são muitas coisas que a gente sofre.

Por essa e por outras, pelo time ser muito instável, eu pensei em abandonar. Mas sempre tem alguma coisa mais forte dentro de mim. Não é só um time, é algo de família, é uma herança. Se eu pensei em algum momento em abandonar a Portuguesa, no segundo seguinte eu já desistia dessa ideia.

Vou ao estádio desde pequena. Meu avô levava a gente, minha avó ia junto. Eles eram sócios do clube, então, a gente passava os finais de semana no Canindé. A gente almoçava, jantava, via esporte, fazia tudo. Nossos momentos de alegria, de prazer, sempre foram no Canindé. Às vezes, no estádio, vendo jogo, mas muitas vezes em família. A Portuguesa me traz muito a questão da família, a gente viveu muito tempo ali no entorno, dentro no Canindé. É um sentimento de muita nostalgia, entrar no Canindé dá um sentimento de saudade da infância, de tudo que passamos juntos.

E ontem não foi diferente. Estávamos eu, minha avó, minha tia-avó, meu primo, meu tio e muitos amigos. Foi um momento de celebração. Para mim, a Portuguesa estar de volta na série A1, conquistar esse título, só serviu para ela reafirmar o que ela sempre foi: um time grande, um time de elite. Esse título veio para coroar que a Portuguesa está de volta ao lugar a que ela sempre pertenceu.

Espero ver agora um time mais estruturado, seguido por uma torcida jovem, muito empolgada, que tenha muito orgulho de dizer, assim como eu, que o time principal é a Portuguesa. Esse é o meu time! Eu torço para a Portuguesa e apenas para a Portuguesa.

É um time de elite, um time grande, que tem história.

Espero que esse título e esse acesso sirvam para reafirmar o espaço da Portuguesa no futebol brasileiro."

Beatriz Portela Nascimento, 27 anos, é professora e torcedora da Lusa desde que nasceu