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5 resoluções para tornar suas finanças mais feministas em 2022

Mulher Finanças - BartekSzewczyk
Mulher Finanças Imagem: BartekSzewczyk

Luciana Mendonça

Colaboração para Universa

02/02/2022 04h00

Certamente você já ouviu falar que mulheres não têm aptidões com números, são compradoras compulsivas ou descontroladas com dinheiro. Sim, o machismo está em tudo e não seria diferente com as finanças pessoais. Contrariando este discurso, o que vemos são mulheres administrando todo orçamento doméstico familiar, além de chefiarem 45% dos lares brasileiros, segundo dados do IBGE de 2019.

Para desmistificar o preconceito de que finanças saudáveis e mulheres são incompatíveis, separamos cinco resoluções que você pode adotar para tornas suas finanças mais feministas e fortaler a independência econômica das mulheres.

1 - Fale sobre dinheiro com outras mulheres
Falar sobre dinheiro é importante, embora para muita gente o tema seja tabu. Essa postura acaba fazendo com que muitas pessoas não saibam lidar bem com suas finanças.

Para Vivian Sueiro Magalhães, idealizadora do projeto Plan Consciência Financeira, as mulheres possuem o hábito de falar sobre finanças no ambiente corporativo, mas não no ambiente social.

"Falar sobre dinheiro precisa ser naturalizado. O assunto deve fazer parte das rodas de conversas com amigas, familiares, colegas de trabalho. Só assim, falando sobre dinheiro, que aprendemos a lidar com ele e reconhecer o papel que ocupa em nossas vidas. Pode ser liberdade, conhecimento, autoestima e até fracasso", afirma Magalhães.
Falar sobre dinheiro, portanto, é a lição número um para tornar nossas finanças mais feministas. Assim, somos estimuladas a pensar sobre nossos ganhos, gastos e como podemos colocar em prática planos e projetos pessoais de forma independente.

2 - Autonomia financeira
Não há dúvidas de que hoje as mulheres possuem mais controle sobre suas escolhas do que no século passado. Um dos fatores para este avanço é a consolidação da presença feminina no mercado de trabalho, o que lhes permite ter um salário e planejar como quer gastá-lo.

Em linhas gerais, a maioria dos educadores financeiros concorda que autonomia financeira pode ser resumida pela expressão "colocar o dinheiro para trabalhar a seu favor". Isso pode ser interpretado por liberdade para viajar, para escolher o que estudar, ou onde e como quer morar. Mais que isso, para muitas mulheres é o passaporte para uma vida livre de violência doméstica.

"Gosto de frisar a importância de que mesmo casais tenham o hábito de individualizar suas finanças. Para as mulheres, isso é ainda mais importante, já que muitas delas submetem-se a relacionamentos abusivos por não ter condições financeiras de sustento, caso se separem", diz Magalhães.

A afirmação da educadora vai ao encontro do que apurou a pesquisa "Mulheres Empreendedoras", realizada anualmente pelo Instituto Rede Mulher Empreendedora (IRME). Segundo o estudo, três em cada dez mulheres que empreendem no Brasil já foram vítimas de violência doméstica. Graças à autonomia financeira conquistada com o empreendedorismo, 48% delas conseguiram sair destes relacionamentos violentos. A mesma pesquisa também apurou que 81% das mulheres consultadas concordam que "empreendedoras têm mais autonomia e por isso são mais independentes em suas relações conjugais.

3 - Apoie mulheres em mudança de carreira
A transição de carreira, mesmo nos processos mais tranquilos, geram dúvidas e inseguranças. Entre as mulheres, a decisão pode ser tomada em meio a muita pressão, principalmente quando chefiam suas famílias.

Luciana do Rocio Mallon, escritora e educadora financeira, acompanhou o nascimento de muitas empreendedoras durante o período da pandemia. "As mulheres, com ênfase nas mulheres negras, foram duramente castigadas pela pandemia. Sabemos, por exemplo, que 96% das pessoas demitidas em 2020 eram mulheres. Aquelas que seguiram trabalhando, ainda sofreram com a intensificação da dupla jornada de trabalho", conta.

Apesar desta transição ter sido uma resposta às dificuldades impostas pela pandemia, apoiar uma mulher quando ela decide mudar de carreira, é fundamental para encorajá-la na busca por novas oportunidades, que pode levá-las a melhores salários, mas também ao encontro de uma atividade que esteja mais alinhada a seus propósitos como pessoa.

4 - Comprar de empreendedoras mulheres
Quem é usuária, há mais tempo, de redes sociais como o Facebook, deve se lembrar de grupos que ficaram famosos ao conectar empreendedoras a consumidoras, num movimento de geração de renda e fortalecimento das atividades geridas por estas mulheres.

Na avaliação de Mallon, durante a pandemia, as mulheres conseguiram lidar muito melhor com as adversidades que os homens. A flexibilidade, neste processo, foi fundamental para consolidá-las como empreendedoras.

"Muitas mulheres foram costurar máscaras, vender comida, fazer entregas, ir a mercado para pessoas de grupo de risco. Também vi muitas mulheres fazendo escambo, trocando produtos, ao invés de comprar. Sei que para muitas pessoas isso pode parecer retrocesso, mas foi a troca de produtos que sustentou a humanidade por muito tempo".
Para Mallon, o empreendedorismo feminino, mais que garantir geração de renda, melhora a qualidade de vida das mulheres, de seus filhos, familiares e da própria comunidade na qual estão inseridas. "Mulheres também tendem a contratar outras mulheres, que levam adiante este círculo de benefícios. Comprar de empreendedoras é um ótimo negócio".

5 - Mais mulheres no mercado financeiro
Para muita gente, o mercado financeiro ainda é visto como "coisa de homem". Felizmente, há cada vez mais mulheres dispostas a mostrar o contrário, seja ocupando este espaço como investidoras, ou atuando como profissionais da área.
Segundo dados divulgados pela B3 (Bolsa de Valores do Brasil), 26% de seus investidores são mulheres. No campo profissional, estudo do banco Goldman Sachs indicou que fundos de ações geridos por mulheres tiveram desempenho melhor durante no ano de 2020 até o mês de agosto.

Para Magalhães, fortalecer a presença de mulheres no mercado financeiro é importante para que este espaço esteja preparado para recebê-las e atendê-las da melhor maneira possível.

"Acredito que informação é a ferramenta para que as mulheres conheçam e analisem suas finanças. A partir daí, elas estarão preparadas para colocar em prática aquelas dicas de ouro que todo educador financeiro tem decorado: fazer raio X de seus gastos, eliminar dívidas, criar uma reserva de emergência e investir para realizar sonhos, projetos de vida", explica Magalhães.