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Mãe de 8 espera gêmeos: 'Maternidade é desafio. Para mim, é 10 vezes mais'

Mariana Arasaki com o marido Carlos e seus filhos; oito em volta, no sofá, e os dois caçulas na barriga - Pryscilla K./UOL
Mariana Arasaki com o marido Carlos e seus filhos; oito em volta, no sofá, e os dois caçulas na barriga
Imagem: Pryscilla K./UOL

Mariana Gonzalez

De Universa

07/12/2021 04h00

Mariana Arasaki, de 36 anos, sempre quis ser mãe e ter uma família grande. O que ela não esperava era uma família assim tão grande: hoje, ela e o marido, o advogado Carlos, são pais de 10 crianças - duas delas ainda na barriga da paulistana, que deixou a faculdade de Direito quando engravidou da primeira filha, Maria Philomena, de 10 anos.

Na sequência, vieram Martin, Maria Clara, Maria Sophia, Bernardo, Margarida Maria, Maria Madalena e Stella Maria, a caçula, de 11 meses. Quando descobriu a última gestação, criou um Instagram, com o nome de Coração de Mami, para compartilhar a rotina com eles.

"Se naquela época me perguntassem: 'Mari, você teria dez filhos?', não sei o que eu responderia. Não imaginava a minha vida desse jeito, mas as crianças foram chegando e preenchendo nossa vida de tal forma que quisemos ter mais e mais", conta, em entrevista a Universa.

Enquanto Mari tem seis irmãos e cresceu acostumada a ter família grande e dividir os brinquedos, seu marido é filho único e sempre quis ter irmãos: "Ele tinha aquela coisa de ter que brincar sozinho, jogando a bola na parede, sabe? Então também queria ter uma família maior".

Mariana Arasaki com o marido Carlos e seus filhos - Pryscilla K/UOL - Pryscilla K/UOL
Imagem: Pryscilla K/UOL

Desde a quinta gestação, quando decidiu deixar o trabalho no setor administrativo de uma empresa de engenharia, Mariana é mãe em tempo integral.

"Eu não conseguia focar no trabalho, tinha que sair correndo, fazer tudo. Então eu pensei muito, coloquei na balança, conversei com meu marido e tomei essa decisão feliz. Não me arrependo de nada, foi a melhor coisa que eu fiz por mim e pela minha família".

"Quando você não tem filhos, a vida é completamente diferente. A gente é mais egoísta, se coloca sempre em primeiro lugar, mas conforme as crianças vão chegando, as prioridades mudam e elas ocupam o primeiro lugar", fala.

Segundo Mari, coisas que antes ela fazia muita questão, como organização e pontualidade, aprendeu a relevar. "Imagina: às vezes nós estamos todos prontos para sair na hora certa, mas vaza a fralda de uma, suja a roupa da outra, tem que arrumar tudo de novo".

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Imagem: Pryscilla K/UOL

Com a ajuda de duas babás, é ela quem cuida da alimentação, das roupas e dos estudos dos pequenos. Cabe a ela ainda o transporte dos filhos para a escola e para outras atividades extracurriculares e eventos, como festinhas de aniversário.

"Também conto muito com a minha mãe. Se minhas filhas estão no balé e eu preciso levar outro ao pediatra, ela me ajuda, leva um, busca outro".

"Ser mãe é desafiador. Para mim, é dez vezes mais"

"O maior desafio aqui em casa é conseguir sair no horário com os oito. Requer muita antecedência. Para chegar pontualmente, a gente começa a prepará-los duas horas antes. Almoço, jantar, banho é puxado também."

"A vantagem é que os menores vão aprendendo com os maiores. Os três mais velhos já tomam banho sozinhos, pegam a roupinha deles e saem do banheiro trocados. Os outros cinco eu preciso dar o banho ou ajudar a tomar. Para comer, nós sentamos todos juntos na mesa, eu sirvo a todos e comemos na mesma hora. Tirando a bebê, claro, que come um pouco mais cedo."

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Imagem: Pryscilla K/UOL

"Quando eu me levanto, saio acordando um por um. Deito na cama com eles, brinco um pouco, assim já quebra aquele gelo, porque às vezes eles acordam mal humoradinhos. Aí eles descem para o café, eu vou me trocar e levo eles para a escola."

"Enquanto eles estão na escola, fico com a caçula. E, quando ela dorme, é meu tempo livre — é quando posso fazer ginástica, ir ao médico, descansar um pouco, sair, fazer minhas coisas, até buscá-los na escola. Essa volta, na hora do almoço, é muito legal. É quando eles estão mais animados, contando o que aprenderam, do que brincaram. Eu me sinto amiga deles, é muito bacana."

"Meus filhos fazem diversas atividades à tarde. Sou eu que levo, espero e busco na saída. Se eu não tivesse essas duas pessoas que me ajudam, teria sempre que colocar oito crianças no carro e carregar para cima e para baixo toda hora", fala.

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Imagem: Pryscilla K/UOL

"Eu sou muito chata e regrada com a rotina das crianças e coloco eles pra dormir cedo, às 20h. Aí eu consigo sair pra jantar com meu marido, assistir uma série juntos, conversar. Esse é o segredo de ter uma família numerosa: manter uma rotina bem estabelecida para eles. Só assim para a mãe conseguir ter uma vida."

"Quando saímos todos juntos, é sempre em dois carros: eu dirigindo um e meu marido dirigindo o outro. E, quando viajamos, o desafio é maior ainda: preparar as malas de todos, com roupa de frio e de calor, fazer tudo caber nos carros."

"Como eles estão todos na mesma escola, um cuida muito do outro. E, durante a pandemia, com as aulas só pela internet, elas sentiram muita falta dos amiguinhos, mas acabaram ficando ainda mais próximos. Como são em muitos, também brigam, claro, mas eu prezo muito que eles façam as pazes na mesma hora."

"Quando vejo, já estou grávida de novo"

"Cada gestação é diferente da outra. Em todas eu senti muito enjoo nos quatro primeiros meses. Nas gestações de menina passei muito calor; nas de menino, muito frio. Desta vez, dos gêmeos, sinto uma fome que não consigo explicar. Eu me levanto da mesa e logo sinto fome de novo."

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Imagem: Pryscilla K/UOL
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Imagem: Pryscilla K/UOL

"Mas depois que o bebê nasce, a gente esquece tudo isso. Dá uma amnésia de mãe", brinca. "Quando vejo, já estou grávida de novo".

Desde a primeira filha, que nasceu em 2011, Mariana nunca passou um ano completo sem estar gestante — o menor intervalo foi de três meses entre o nascimento de um e a gravidez de outro.

"Nunca voltei ao meu peso inicial, porque sempre que eu estava emagrecendo depois de uma gestação, eu engravidava de novo. Acho que meu corpo já se acostumou, como se eu estivesse sempre grávida".

"A gente ainda pensa em ter mais filhos, sim. Estamos deixando à vontade".

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Imagem: Pryscilla K/UOL

"As crianças são as que mais pedem irmãos. Quando a Stellinha nasceu, a mais nova, eu tinha que disputar com meus filhos maiores para poder cuidar delas. Ela chorava e logo chegavam sete crianças em volta para pegar no colo, dar beijo. Para eles, ela é uma boneca."

"Pessoas me param para falar: 'Agora chega né?'"

Mariana conta que não é raro receber críticas e comentários negativos por ter muitos filhos — algumas vezes, situações desagradáveis já aconteceram na frente das crianças.

"As pessoas me param no shopping com as crianças e falam, de forma muito grosseira, coisas como: 'Para que tudo isso' ou 'agora chega né?'. Gente que eu nem conheço. E na frente das crianças. Eu acabo relevando e tiro logo as crianças dali, para não constrangê-las, porque a pessoa que acha um absurdo ter dez filhos vai continuar achando", fala.

"Nos comentários também recebi muitos ataques, mas procuro não ficar lendo, porque me faz mal e faz mal para os bebês que estão na minha barriga, então evito qualquer coisa que possa me deixar triste".

"Recentemente, caí na besteira de ler comentários e vi uma pessoa que eu nem conheço dizer que eu não cuido dos meus filhos, que quem cuida é a babá. Mas eu me mato pelos meus filhos. E comentários assim machucam muito".

"Eu sofro como toda mãe. Eu me dedico demais, abdico muito da minha vida pelas crianças. O tempo que tenho livre, para mim mesma, é mínimo, mas essa foi uma decisão minha e eu sou muito feliz com ela. Toda mãe tem que ser feliz com a escolha que fez."

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Imagem: Pryscilla K/UOL