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Grupo de mulheres ciclistas é atacado com spray em SP: 'Passamos mal'

Ciclistas estavam pedalando pela Avenida Paulista  - Reprodução/Instagram
Ciclistas estavam pedalando pela Avenida Paulista Imagem: Reprodução/Instagram

Heloísa Barrense

Do UOL, em São Paulo

29/11/2021 14h48Atualizada em 29/11/2021 17h00

Mulheres que integram um grupo de 40 ciclistas relatam terem sido atacadas com spray, na quarta-feira passada (24), por um motociclista enquanto cruzava a avenida Paulista, em São Paulo. O Vespas Bike Gang, que organiza pedaladas entre mulheres, compartilhou a situação nas redes sociais e, agora, organiza relatos para abrir um boletim de ocorrência e localizar o autor.

Segundo a publicação do grupo nas redes sociais, um motociclista passou pelo grupo duas vezes e, na segunda, espirrou uma substância em spray não identificada contra as mulheres. Nas imagens, é possível observar que o ataque ocorreu às 21h24. "Paramos quase que imediatamente após o ataque. Muitas meninas desestabilizadas, tossindo e passando muito mal", explica a legenda.

"É importante lembrar que esse ataque poderia ter desencadeado uma série de acidentes mais graves. Nada justifica o que foi feito contra nós. Felizmente, estamos todas fisicamente bem, apesar de bastante abaladas", acrescenta a postagem.

Ao UOL, Karoline Coimbra, uma das organizadoras do Vespas, afirmou que o grupo conseguiu identificar a mesma moto cruzando com elas por duas vezes durante o trajeto. No entanto, o motociclista ainda não foi identificado.

"Na hora não entendemos muito bem, mas estávamos gravando o pedal e conseguimos identificar que ele passa por nós. Na primeira vez, paramos para consertar um problema em uma bicicleta, mas quando voltamos, ele aparece de novo com um spray, que a gente acredita ser de pimenta, mas não tem como saber exatamente o que era", diz ela.

Após o ataque, várias mulheres do grupo começaram a apresentar muita tosse e sentir ardência nos olhos. Elas tiveram que esperar alguns minutos para se recuperar. "Por sorte, estava todo mundo de máscara e várias meninas utilizam óculos. Mas muitas tiveram dificuldade para abrir o olho, para enxergar", relembra Karoline, que também estava na pedalada. Ela ainda conta que as mais atingidas foram aquelas que estavam mais à esquerda, próxima da zona de tráfego de veículos.

No momento do incidente, uma das ciclistas ainda relatou que o motociclista havia pronunciado algumas palavras, mas, por causa do capacete, as frases ficaram difíceis de serem compreendidas. "Na hora, a gente até conversou com policiais numa viatura que estava no local e resolvemos fazer o boletim de ocorrência depois, já que foi um grupo muito grande atingido. Colhemos os relatos e agora vamos à delegacia", explica.

Esta foi a terceira pedalada do grupo de mulheres após o início da pandemia. Karoline conta que já vivenciou outras experiências de hostilidade nas ruas, mas que desta vez o ato foi uma agressão "muito direta".

"Já aconteceu, por exemplo, de passar um carro com alguém que xinga, dá uma buzinada, mas uma agressão tão direta assim, expondo a vida de tantas pessoas ao mesmo tempo, não me recordo de ter presenciado antes", afirmou ela.