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Ácidos: saiba como eles funcionam e quais os indicados pra seu tipo de pele

Se antes os ácidos eram de uso mais restrito aos consultórios dermatológicos, recentemente o mercado tem oferecido opções para as consumidoras finais - Ridofranz/ iStock
Se antes os ácidos eram de uso mais restrito aos consultórios dermatológicos, recentemente o mercado tem oferecido opções para as consumidoras finais Imagem: Ridofranz/ iStock

Tainá Goulart

Colaboração para Universa

19/10/2021 04h00

Não é de hoje que os ácidos fazem parte dos cuidados com a pele. Se antes eles eram de uso mais restrito aos consultórios dermatológicos, por causa de suas concentrações altas, recentemente o mercado tem oferecido inúmeras opções para as consumidoras finais.

Produtos e concentrações diferentes são anunciados e lançados a todo o momento. Porém, o volume de dúvidas sobre as suas utilizações e funções também aumenta na mesma proporção. Para responder às perguntas mais frequentes sobre os ativos, preparamos um ABC dos ácidos. Leia a seguir.

O que é um ácido e quais são suas funções e benefícios para a pele, no geral?

Segundo a dermatologista Cintia Cunha, com atuação voltada especialmente para cosmiatria, cicatrizes, manchas, rejuvenescimento e tricologia médica, os ácidos são ativos utilizados na dermatologia com o objetivo de promover uma renovação celular mais rápida.

"Nossa pele, naturalmente, sofre um processo de renovação que acontece dentro de 21 dias. Quando utilizamos um ácido, ele penetra na pele e gera um processo de aceleração, para que essa renovação aconteça mais rapidamente. Por isso, as pessoas percebem que, ao utilizar algum ácido, é possível que ocorra algum tipo de descamação, às vezes ardência e vermelhidão", explica Cintia.

Por causa disso, a pele pode ficar mais sensível e a aplicação dos ácidos deve ser evitada quando houver exposição solar mais intensa. É por esse motivo que, antigamente, muitas mulheres faziam os tratamentos de renovação da pele no inverno, por exemplo.

"Os ácidos são os produtos mais consagrados na dermatologia também para clareamento de manchas, fechamento de poros, redução da acne e da oleosidade, e até mesmo para o estímulo da produção de colágenos para o rejuvenescimento", sinaliza a dermatologista.

Ácido de uso tópico e uso dermatológico: existem diferenças?

Sim! Para Newton Morais, médico especialista em dermatologia e diretor médico da Clínica Mais Excelência Médica, em São Paulo, a diferença é que o ácido tópico só funciona na superfície da pele. "Quando você usa um ácido em uma clínica, a aposta é o drug delivery, ou seja, são abertos pertuitos, ou buraquinhos na pele, para o ácido entrar na camada correta. Um complementa o outro", diz ele.

Ácidos - starush/ iStock - starush/ iStock
Ácidos podem ser usados para clareamento de manchas, fechamento de poros e redução da acne e da oleosidade
Imagem: starush/ iStock

Quando falamos do famoso peeling, esse procedimento chega a ter uma concentração até 100 vezes mais potente do que a concentração utilizada nos produtos da rotina de skincare. "Por isso, a aplicação deve ser feita por um profissional experiente e, preferencialmente, após uma consulta dermatológica. Neste caso, os resultados às vezes são mais intensos, ou seja, a descamação e a vermelhidão da pele são mais perceptíveis", complementa Cintia.

Já ouviu falar nos AHA's, ou os alfa hidroxiácidos?

Para quem não sabe, o alfa hidroxiácido é uma categoria de ácidos derivados de substâncias naturais, encontrados em fontes alimentares, em produtos orgânicos. O mais famoso é o ácido glicólico, que é derivado da cana-de-açúcar, mas existem outros, como o ácido láctico, que é derivado do leite azedo; o ácido málico, que é derivado do mirtilo; e o ácido cítrico, derivado do limão.

"Os alfa hidróxiacidos têm moléculas diferentes entre si. Esse fator faz com que eles possam penetrar na pele em intensidades diferentes, de acordo com suas características próprias. Vale lembrar que a sociedade, de maneira global, entende o ácido como um produto com princípios ativos que estimulem a pele para a sua renovação e que podem dar ardência, vermelhidão e descamação, mas nem todos os ácidos se comportam assim. Nem todo produto que nós chamamos de ácido se comporta como tal", enfatiza Cintia.

Existem ácidos que não 'descamam'?

Quando nós falamos sobre os ácidos hialurônico e ascórbico, por exemplo, estamos falando de substâncias que são produzidas a fim de melhorar a qualidade da pele, porém, eles não se comportam como ácidos de fato. Eles não causam vermelhidão, nem ardência, descamação ou renovação celular. É importante entender que nem todo ácido terá esse comportamento no tratamento da pele.

Abaixo, confira uma lista dos ácidos do momento, devidamente explicada pelos dois especialistas no assunto, com detalhes sobre o que são e quais seus principais benefícios.

Ácido Ascórbico

Derivado da vitamina C, este ácido tem como objetivo a antioxidação, que diminui a ação dos radicais livres na pele. Ele também estimula a produção de colágeno, ajuda no clareamento de manchas e uniformiza o tom da pele.

Ácido Retinoico

Ele deriva da forma oxidada da vitamina A. É capaz de combater o envelhecimento, ajudando a tratar manchas escuras, cicatrizes de acne, melasma, flacidez ou a aspereza da pele.

Ácido Hialurônico

Formado pelo ácido glucurônico e a N-acetilglicosamina, o ácido ajuda na hidratação da pele, evita linhas e sinais de expressão, e é um ótimo aliado na revitalização da cútis. Ajuda a manter a sustentação, evitando a flacidez.

Ácido Glicólico

Encontrado em algumas plantas açucareiras, o ácido glicólico é um ativo que acelera a renovação celular, ajudando a tratar os sinais de envelhecimento e trabalhando no rejuvenescimento da pele.

Ácido Mandélico

Feito de substância derivada de amêndoas amargas, o ácido mandélico é indicado para peles com tendências à acne ou manchas. Tem função hidratante, clareadora e antibacteriana.

Ácidos - Ridofranz/ iStock - Ridofranz/ iStock
Ativos utilizados na dermatologia podem promover uma renovação celular mais rápida
Imagem: Ridofranz/ iStock

Ácido Ferúlico

É encontrado em folhas e sementes de várias plantas, especialmente em cereais, como o farelo do arroz marrom, trigo e aveia. Ele trabalha como um antioxidante potente, neutralizando os radicais livres. Além disso, o ácido ferúlico age como estabilizador e reparador, potencializando a proteção da pele. Complementa a ação de outros ácidos.

Ácido Salicílico

Derivado natural da salacina presente na casca de salgueiros, este ativo melhora a textura da pele, desobstruindo os poros e, com a esfoliação leve, diminui as imperfeições da acne. Também tem ação anti-inflamatória.

Ácido Tranexâmico

Derivado da lisina sintética, este ácido ajuda no tratamento de manchas escuras que aparecem pelo excesso de melanina. Ele ajuda no clareamento e na remoção das imperfeições. É muito eficaz para o tratamento de hiperpigmentação como melasma, marcas residuais de acne e manchas solares.

Ácido Láctico

É encontrado originalmente do açúcar do leite (lactose). Sua principal função é esfoliante, removendo as células mortas e promovendo o rejuvenescimento, com uma pele mais lisa. Além disso, ele inibe o crescimento de microrganismos patogênicos, também podendo ser utilizado na pele com dermatoses, acnes, rugas e outros, devido ao seu poder de promover a elasticidade.