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Siririque-se: elas usam redes sociais pra falar de masturbação sem neura

A estudante de fisioterapia pélvica Babi Ribeiro é dona do perfil no Instagram "Fique Amiga" onde fala de sexualidade e incentiva a masturbação - arquivo pessoal
A estudante de fisioterapia pélvica Babi Ribeiro é dona do perfil no Instagram "Fique Amiga" onde fala de sexualidade e incentiva a masturbação Imagem: arquivo pessoal

Elisa Soupin

Colaboração para Universa

12/03/2021 04h00

A masturbação feminina ainda é um tabu a ser quebrado na sociedade. Por mais que hoje se fale mais sobre o assunto, o ato do prazer pelo puro prazer ainda é permeado por vergonha e ressalvas quando praticado pelas mulheres.

Mas existem mulheres que estão rompendo com esse padrão: elas se auto-entitulam "siririqueiras profissionais", que usam as redes sociais para falar em alto e bom tom sobre masturbação sem neura, trocam dicas, incentivam o ato e querem mais é ver toda mulher chegando lá, no clímax, no orgasmo, na gozada bem dada.

Embaixatriz da siririca

A estudante de fisioterapia pélvica Babi Ribeiro, de 21 anos, se diz uma "praticante assídua da siririca" desde antes de saber o que era isso. "Eu lembro que por volta de uns 6 anos descobri que ali era um local sensível, eu fazia carinho no banho, descobri o chuveirinho. Ainda na infância eu tive meu primeiro orgasmo", conta ela, que sempre curtiu falar sobre o assunto e foi curiosa com o corpo.

"Eu comentava com as amiguinhas, e percebia que muitas já haviam sido repreendidas pelas mães por estarem fazendo aquilo, existia essa ideia de que a vulva era um lugar errado, sujo, pecaminoso, mas eu achava tão gostoso, tão natural. Eu fazia aquilo muito antes de entender como algo sexual e, olha, virei uma siririqueira profissional com muitos anos testando", brinca ela, que hoje tem o perfil Fique Amiga no Instagram em que aborda com seus 157 mil seguidores assuntos sobre sexualidade, claro.

Siririca anti-stress

A blogueira Mariana Rodrigues é casada e adepta da masturbação. "gente pode fazer isso pela gente" - arquivo pessoal - arquivo pessoal
A blogueira Mariana Rodrigues é casada e adepta da masturbação: "que bom que podemos fazer isso por nós mesmas"
Imagem: arquivo pessoal

A blogueira Mariana Rodrigues, de 33 anos, costuma falar de moda, home decor, comidinhas e bebidas e...masturbação. "Eu sempre falei um pouco no assunto, mas no início da pandemia todo mundo estava meio sem saber o que fazer. E eu comecei a falar sobre tocar uma siririca para aliviar o stress no meio do dia no home office", brinca ela, que é casada, e garante o óbvio: uma coisa não tem nada a ver com a outra.

"Nem sempre é sobre dividir o momento com o parceiro, às vezes você está sozinha quando o tesão bate. Ainda bem que podemos fazer isso por nós mesmas, né? Vi que, no Instagram, as pessoas trocavam muito sobre o assunto, e comecei a falar que sempre era bom tocar uma siririca para manter o humor em dia."

A vida sexual de Mariana vai muito bem, obrigada. "Adoro transar com meu marido, mas aquele momento é meu, é meu momento de fantasia. Não sou de assistir pornô, eu fico intelectualmente estimulada com coisas diversas e toco siririca."

Mas nem todo marido leva a situação tão na boa como o de Mariana. "Eu já recebi vários relatos de seguidoras falando que muitos parceiros ficavam constrangidos por elas terem sextoys. Então, pensa só, o cara que era para ser seu parceiro, é um inibidor do seu tesão. O tesão só serve se for para ele. Isso não tem nada a ver! Eu quero poder me proporcionar prazer"

A siririqueira artística

Jota Carneiro - Divulgação - Divulgação
A ilustradora Jota Carneiro faz ilustrações sobre sexo e masturbação feminina
Imagem: Divulgação

A artista visual Jota Carneiro, de 30 anos, se diz uma "siririqueira CLT". "Sou 100% orgulho siririquer. Eu incentivo muito as mulheres a se tocarem porque eu nunca fui educada acerca do meu prazer. Como a maioria das mulheres, tive aquela educação sexual para não engravidar, mas nada sobre prazer, e quando eu li que muitas mulheres nunca atingiram o orgasmo, achei preocupante", diz.

Jota conta que começou a observar que o corpo e a sexualidade femininas são muito pensados a partir da ótica da pornografia. "A gente vê os meninos estimulados à masturbação e isso não existe entre as mulheres. E acho que muitas não têm orgasmos porque não se tocam mesmo", diz ela.

Uma das ilustrações da série "Afeto Em Tempos De Pandemia", de Jota Carneiro - Jota Carneiro - Jota Carneiro
Uma das ilustrações da série "Afeto Em Tempos De Pandemia", de Jota Carneiro
Imagem: Jota Carneiro

A artista carioca resolveu, então, deixar seu legado no mundo. Ela publica e vende as artes em seu perfil no Instagram. A série "Afeto em tempos de Pandemia" traz gravuras em que representa corpos de mulheres reais de masturbando para todo o mundo ver e, quem sabe, se inspirar.