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Modelo é agredida por ex-namorado e sofre fraturas no nariz e na mandíbula

Gabriela Casellato Brito prestou queixa contra o ex por agressão; ela tem 24 anos - Arquivo Pessoal
Gabriela Casellato Brito prestou queixa contra o ex por agressão; ela tem 24 anos Imagem: Arquivo Pessoal

Ed Rodrigues

Colaboração para Universa, no Recife

01/02/2021 11h39Atualizada em 01/02/2021 14h35

Uma modelo denunciou o ex-namorado à polícia e pediu medidas protetivas após ser agredida em São Paulo. Gabriela Casellato Britto, 24, teve a casa arrombada e foi espancada enquanto dormia, um dia depois de terminar o relacionamento. Ela teve fraturas no nariz e na mandíbula e a família criou uma vaquinha virtual para custear a operação.

Gabriela conta que poucas horas depois de terminar o namoro, recebeu uma mensagem do ex, Felipe José Pereira de Jesus O tom do conteúdo a deixou preocupada. "Você foi muito corajosa esta noite", dizia ele na mensagem.

No dia seguinte, segundo seu relato, o ex-namorado arrombou seu apartamento, entrou em seu quarto e deu vários golpes em seu rosto. "Eu estava dormindo, mas ele já veio me dando socos muito fortes. Eu desmaiei."

Ao retomar a consciência, continuou sendo agredida. "Quando eu fui tentar levantar, ele pegou o ventilador ligado e me bateu com tudo. Eu caí e desmaiei de novo", conta.

O Boletim de Ocorrência aponta lesão corporal, ameaça, injúria, violação de domicílio e violência doméstica. Para o advogado João Paulo Campos, que representa Gabriela, o que aconteceu pode ser considerado tentativa de homicídio.

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Gabriela Casellato Brito, de 24 anos, prestou queixa contra o ex-namorado por agressão
Imagem: Arquivo Pessoal

"Essa agressão tipifica claramente uma tentativa de homicídio. Se você olhar o rosto dela... O Boletim de Ocorrência está com essas tipificações porque quando fui acionado, ele já estava pronto. Mas vamos evoluir isso aí para tentativa de homicídio", explica o defensor.

Como não houve flagrante, o ex-namorado não foi preso e ainda não há mandado de prisão expedido contra ele. No entanto, um pedido de medidas protetivas foi encaminhado à Justiça de São Paulo e concedido pelo juiz Mario Rubens Assumpcão Filho, da Vara da Região Leste 3 de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher.

O magistrado determinou que o agressor está proibido de se aproximar a menos de 100 metros de distância da vítima, ou de seus familiares e testemunhas, e também de tentar manter qualquer tipo de contato.

A reportagem tentou localizar a defesa do acusado, mas ainda não teve retorno.

Brigas, ameaças e agressões físicas

Gabriela conta que manteve namoro de um ano com Felipe José Pereira de Jesus, mas que o comportamento dele mudou nos últimos meses. A modelo diz que ele passou a agredi-la verbalmente com uma frequência cada vez maior.

"Muito difícil quando a gente enxerga que ele já foi agressivo antes, sabe? Começamos a namorar e ele era incrível. Parecia um príncipe. Depois de um tempo, a gente começou a discutir porque ele não gostava de algumas roupas, algumas amigas. Começou me agredindo verbalmente, depois ele começou a ser agressivo fisicamente", conta.

A modelo explica que as brigas evoluíram para ameaças e agressões físicas. "Já me queimou com cigarro e depois me deu um tapa muito forte na cabeça na frente de todo mundo."

"Eu preciso de cirurgia"

Familiares de Gabriela denunciaram a violência nas redes sociais e pediram justiça. A modelo pede ajuda para passar por uma reconstrução facial.

"Ele quebrou minha mandíbula e meu nariz em diversas partes. Fiquei com hematomas muito fortes, dores na cabeça que até hoje são bem fortes. Eu preciso realizar a cirurgia pós-traumática com um médico especializado e, logo após, realizar uma plástica", explica Gabriela.

A cirurgia está orçada em R$ 13 mil. "Mas eu já tenho R$ 3 mil. Por isso, estou pedindo R$ 10 mil na vaquinha virtual para complementar."

A violência doméstica no Brasil

Os crimes de violência doméstica contra a mulher são cometidos por companheiros, ex-companheiros ou familiares. A cada dois minutos uma mulher é agredida, segundo o Anuário Brasileiro de Segurança Pública de 2020, com dados de 2019. No mesmo ano, o Ligue 180, do Governo Federal, recebeu 67.438 denúncias de violência doméstica em todo o Brasil e 75% dessas denúncias tinham como agressor o parceiro ou o ex.

A maioria das mulheres vítimas de violência doméstica vive em um ciclo de violência. No primeiro estágio do ciclo, há o aumento da tensão, com o agressor irritado e ameaçador. No segundo, o momento da explosão, é quando ocorre a violência propriamente dita. No terceiro, a lua de mel, o homem se mostra arrependido e convence que mudou. Até retomar o início do ciclo.

A Lei Maria da Penha define que há cinco tipos principais de violência doméstica: física, psicológica, moral, patrimonial e sexual. A violência física é bater, empurrar ou cometer qualquer dano físico à mulher. A psicológica acontece quando ações do agressor controlam, humilham ou causam qualquer dano emocional.

Também há a violência moral, que envolve calúnia, difamação ou injúria, como falar mal da mulher para outras pessoas com objetivo de diminuí-la ou fazer comentários ofensivos sobre ela publicamente. A violência patrimonial consiste em destruir ou controlar os bens materiais ou afetivos da mulher, como dinheiro, documentos ou objetos importantes. E também há os crimes de violência sexual no âmbito doméstico, que consiste em obrigá-la a atos sexuais ou determinar como ela deve ou não cuidar da própria contracepção.

Como denunciar

Em flagrantes de violência, o 190, da Polícia Militar, é o melhor número para ligar e denunciar a agressão. O Ligue 180 também recebe denúncias, mas não de casos em flagrante, de violência doméstica, além de orientar e encaminhar o melhor serviço de acolhimento na cidade da vítima. O serviço também pode ser acionado pelo WhatsApp (61) 99656-5008.

Crimes podem ser registrados em qualquer delegacia, caso não haja uma Delegacia da Mulher próxima à vítima. Em casos de risco à vida da mulher ou de seus familiares, uma medida protetiva pode ser solicitada pelo delegado de polícia, no momento do registro de ocorrência, ou diretamente à Justiça pela vítima ou sua advogada.

A vítima também pode buscar apoio nos núcleos de Atendimento à Mulher nas Defensorias Públicas, Centros de Referência em Assistência Social, Centros de Referência de Assistência em Saúde ou nas Casas da Mulher Brasileira. A unidade mais próxima da vítima pode ser localizada no site do governo de cada estado.