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A "sapatão mais esparrada do Brasil": Gabô faz rir no Instagram e TikTok

Gabriela Pantaleão, a Gabô, fala sobre a importância do humor: "Humor é um jeito leve de quebrar preconceitos" - Arquivo pessoal
Gabriela Pantaleão, a Gabô, fala sobre a importância do humor: "Humor é um jeito leve de quebrar preconceitos"
Imagem: Arquivo pessoal

Júlia Flores

De Universa

13/12/2020 04h00

Sapatão assumida - "caminhoneira mesmo", como a própria se define - Gabriela Pantaleão é o novo sucesso das redes sociais. Gabô já soma 100 mil fãs no Instagram e 144 mil no Tik Tok, mas é modesta quanto à fama: "nunca achei que um dia fosse ficar conhecida pelas besteiras que eu falo".

Aos 26 anos, Gabô ficou famosa após fazer uma paródia reagindo a um vídeo do influenciador brasileiro Mário Júnior. Lembra dele? É o cara do "Rói, né?". Em junho deste ano, este vídeo de Gabriela explodiu no Twitter e dali em diante ela decidiu que se dedicaria ao humor. Profissional da comunicação, ela teve a renda afetada pela pandemia, pois muitos de seus clientes eram restaurantes e bares.

Depois do sucesso do primeiro viral, ela decidiu começar a publicar vídeos de sátira na timeline do seu Instagram. "O mundo precisa ver as palhaçadas que você faz", disseram os amigos para ela. "Sonhava em viver da internet, mas achava que era uma coisa inalcançável", conta a maceioense. "Agora algumas marcas e negócios locais já estão pedindo pra eu fazer publicidade pra eles".

Nesta semana, depois de publicar um vídeo sobre bissexualidade, o sonho de Gabô ficou ainda mais perto de ser alcançado. "Fui dormir com 60 mil seguidores e acordei com 100", fala aos risos. Na gravação que já tem mais de 50 mil likes no Instagram, ela diz: "Deus me defenda gostar de macho. Eu sou sapatão mesmo, 100% caminhoneira. Quando eu nasci nem chorei, buzinei... BAM!".

"A sapatão mais esparrada do Brasil sou eu"

Gabô não tem vergonha de falar sobre sua orientação sexual no conteúdo que produz. É com orgulho que levanta a bandeira LGBTQIA+ em seus vídeos. "Não tenho medo de falar que sou sapatão, que sou caminhoneira, que sou uma lésbica masculina, sabe? Eu recebo muita mensagem de mulheres lésbicas que se sentem representadas por mim. É o que me motiva", compartilha.

Ainda assim, a influencer não acredita faça um humor segmentado.

"Faço piada pra todo mundo, mas eu gosto de falar que sou sapatão. As pessoas que não têm conhecimento da causa gay se informam através de mim e vão vendo que não precisam ter a mesma orientação sexual que eu pra se divertir com o que eu falo"

Nascida no nordeste do Brasil, a comediante diz que enfrentou muito preconceito quando criança, por causa de seu jeito masculino. "Os meninos faziam bullying comigo no colégio e eu descia o pau neles pra descontar, estava nem ligando", lembra. "O preconceito no Nordeste é grande. Se você sai para um local público, para um shopping, por exemplo, você sente medo de dar a mão para o seu companheiro. As pessoas aqui são muito conservadoras".

Machismo no humor

Para Gabô, "o humor é um jeito leve de quebrar preconceitos". Além de homossexual, Gabô também não atende aos padrões estéticos cobrados pela sociedade. "Eu recebo muitas mensagens de apoio. Esses dias uma seguidora veio me elogiar. 'Eu nunca vi uma mulher gorda, nordestina, sapatão assumido, fazer o que você faz'. Sou totalmente fora dos padrões e eu sou feliz assim", conta a jovem.

Mas a falta de diversidade no humor é uma questão que não passa despercebida para Gabô: "80% dos humoristas famosos são homens, e nós temos humoristas mulheres impecáveis. Ainda falta espaço. É hora de lutar pra conseguir nosso lugar".

Os planos para o futuro de Gabô, aliás, incluem um grande nome feminino do humor: "Meu sonho é sair da casa da minha mãe e sentar no sofá do Lady Night, o programa da Tatá Werneck".