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Rio: Família de menina de 14 anos vítima de estupro coletivo deixa favela

Getty Images
Imagem: Getty Images

Marcela Lemos

Colaboração para Universa, do Rio

09/10/2020 20h45Atualizada em 09/10/2020 21h37

A família da menina de 14 anos que denunciou à polícia ter sido estuprada por cinco homens na favela do Cantagalo, no bairro de Copacabana, na zona sul do Rio, deixou a comunidade por questões de segurança.

De acordo com a Polícia Civil, a vítima foi violentada por três homens e dois menores de idade na madrugada no dia 27 de setembro, após uma festa. O caso foi registrado no último dia 4. Os envolvidos no estupro foram presos hoje, após o advogado do grupo negociar a apresentação deles às autoridades.

Segundo a Polícia Civil, os suspeitos têm entre 14 e 19 anos e não possuem anotações criminais. O grupo é morador do Cantagalo, com exceção de um deles, que é considerado visitante frequente do local. Os cinco eram conhecidos da vítima.

De acordo com Antenor Lopes, diretor do Departamento-Geral de Polícia da capital, a adolescente reconheceu todos os cinco que se apresentaram à polícia.

Segundo ele, a menina ingeriu bebida alcoólica e tem dúvidas se alguma substância foi colocada na bebida dela. "O depoimento dela é extremamente coerente e o laudo do IML é categórico em apontar o estupro. Ela acordou e viu os cinco homens se revezando sobre ela."

A menina foi levada para uma laje onde ocorreu o estupro. Segundo o delegado Felipe Santoro, responsável pelas investigações, os jovens confessaram o ato, mas alegaram que a vítima foi ao local por vontade própria.

"Ela foi junto com eles até o local e não se sabe ao certo a capacidade de discernimento dela no momento. Talvez possa ter ido por vontade, mas não livre, de certa forma embriagada".

A vítima precisou ficar três dias internada devido aos ferimentos provocados. Antenor Lopes disse ainda que a Polícia Civil preparava uma grande operação na comunidade, caso o grupo não se entregasse.

"Estávamos mobilizando helicóptero e grande efetivo para prendermos esse grupo, caso ele não se entregasse. A família da menina está muito abalada. É uma família evangélica e muito religiosa que está em choque com o que ocorreu".

O mandado cumprido contra o grupo é de prisão temporária. Três deles vão responder por estupro de vulnerável e os outros dois menores, por fato análogo.

Sobre a demora em relatar o crime à polícia, o diretor disse que é normal a comunicação dias após o fato. "Isso é muito comum. Às vezes as pessoas sentem vergonha. A própria vítima se sente culpada. Isso gera um trauma".

O governador em exercício do Rio, Claudio Castro (PSC), chegou a comentar o ocorrido na tarde de hoje, durante uma agenda que abordava a volta às aulas, e pediu rigor nas investigações. "Mais uma vez um episódio triste. O governo não terá leniência com esse crime hediondo".

O caso foi registrado na Delegacia de Ipanema e a adolescente também foi ouvida por equipes da Delegacia de Criança e Adolescente Vítima (DCAV).

O diretor do Departamento-Geral de Polícia da Capital, delegado Antenor Lopes, e o titular da 13ª DP, delegado Felipe Santoro, em coletiva - Divulgação/Polícia Civil do Rio - Divulgação/Polícia Civil do Rio
O diretor do Departamento-Geral de Polícia da Capital, delegado Antenor Lopes, e o titular da 13ª DP, delegado Felipe Santoro, em coletiva
Imagem: Divulgação/Polícia Civil do Rio

Estupro coletivo em 2016

Há quatro anos, um caso semelhante ocorreu no morro da Barão, na Praça Seca, na zona oeste do Rio. Uma adolescente, de 16 anos, foi violentada por um grupo de homens que a encontrou desacordada em um imóvel na favela.

A adolescente disse em depoimento que acordou com "mais de 30 homens" em cima dela. A violência foi filmada e compartilhada em grupos de aplicativos de mensagens.

Nas imagens, um homem faz menção a mais de 30 estupradores: "Essa aqui, mais de 30, engravidou". Na época, sete pessoas foram indiciadas pelo crime.