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Atriz feminista revela bastidores do pornô: "Não tem como ficar com tesão"

Não existe glamour por trás das câmeras da indústria pornô - iStock
Não existe glamour por trás das câmeras da indústria pornô Imagem: iStock

de Universa

14/09/2020 04h00

A procura por pornografia na internet e nos canais de TV especializados cresceu até 50% durante a pandemia, segundo pesquisa recente. Levando-se em conta os mais de 20 milhões de brasileiros que já consumiam esse tipo de produção, de acordo com levantamento do canal Sexy Hot, o resultado é muita gente buscando um refúgio na sensualidade de cenas quentes.

Mas por trás das câmeras as coisas não são tão excitantes assim, conforme contou ao podcast Sexoterapia a atriz Mel Fire, uma das mais requisitadas da indústria adulta no Brasil. "Não tem como ficar com tesão durante as gravações, pois é o tempo todo alguém gritando para você mudar de posição, colocar a língua aqui ou lá", afirma (confira o depoimento completo no programa acima).

Atualmente Mel produz os próprios filmes, mas diz que quando trabalhava para produtoras achava as filmagens muito cansativas. "É bem comum ficar horas gravando, virar madrugadas repetindo cenas. Já cheguei a filmar com febre e doente", lembra. A atriz também conta que prefere fazer cenas com mulheres por achar mais sexy e por alguns outros motivos. Um deles é por não demandarem tanto tempo de espera. "Tem cara que não consegue ficar duro, daí temos de ficar esperando. Eles tomam remédios, às vezes injetam coisas. Não é natural um ser humano ficar 12 horas ereto", diz.

Submissão e falta de camisinha

Segundo Mel, ainda é muito comum que as produções heterossexuais coloquem a mulher em uma posição de submissão. "Por mais bonitinha que seja a história, tem a questão de a mulher não tomar a iniciativa. O cara chega de pau duro e ela tem de estar pronta sempre. E tem a gozada final, que geralmente é na cara ou em uma posição estranha. Isso não me agrada", diz. Ela lembra ainda da recusa de alguns atores em usar camisinha, e produtoras que não exigem testes negativos de doenças sexualmente transmissíveis para os atores - situações pelas quais ela não topa passar.

A sexóloga Ana Canosa chama atenção parar o fato de que, mesmo que atrizes como Mel estejam trazendo uma nova realidade para as mulheres nos filmes pornôs, situações de abuso ainda são muito comuns. "Esse tipo de escolha que Mel faz precisa ser mais explicitado, pois nem todas as atrizes têm essa capacidade, quanto mais jovem, mais difícil e existem contextos de muita violência na pornografia", afirma.

Para mergulhar no erotismo e saber mais sobre a indústria pornô

  • Livro Alfa Woman, Mel Fire, editora clube de autores
  • Documentário Hot Girls Wanted (Netflix)
  • Site de ajuda para dependentes de pornografia Instituto Delete
  • Aplicativo Dipsea (disponível na Apple Store e no Google Play)

Acompanhe o Sexoterapia

Swing é o tema do vigésimo sexto episódio do podcast Sexoterapia, que em sua quarta temporada vai mergulhar na história de uma única personagem.

Sexoterapia vai ao ar às sextas-feiras e está disponível no UOL, no Youtube de Universa e nas plataformas de podcasts, como Spotify, Apple Podcasts, no Castbox e Google Podcasts. A quarta temporada tem oito episódios.