Topo

'Não tinha tempo para ficar doente': mãe quase morre após ignorar doença

A escritora Kristina Wright - Reprodução/Twitter
A escritora Kristina Wright Imagem: Reprodução/Twitter

De Universa, em São Paulo

17/01/2020 11h40

Não é incomum ver mulheres desabafando sobre não ter tempo para cuidar de si após o nascimento dos filhos. No caso da escritora Kristina Wright, no entanto, a falta de autocuidado quase lhe custou a vida. Em 2015, ela foi parar no hospital com sepse, uma infecção que se espalha rapidamente pelo corpo caso não seja tratada de forma rápida, após ignorar vários sintomas.

Em um relato ao HuffPost, Kristina contou que começou a se sentir mal, mas acreditou se tratar de uma simples alergia ou um resfriado. "Eu ignorei, pois a maioria das mães com crianças pequenas tende a ignorar qualquer coisa que não seja uma emergência médica séria", diz num trecho.

Ela se automedicou e disse ter ficado aborrecida por se sentir mal durante uma semana movimentada que incluía a Páscoa e o aniversário do marido.

Setenta e duas horas depois de sentir-se exausta após o jantar e ir dormir, viu-se em uma ambulância em direção ao hospital. "As horas entre esses dois momentos são um borrão de lembranças: meus garotinhos em pé ao lado da cama perguntando se eu estava com vontade de brincar, meu marido me checando para ver se eu precisava de alguma coisa e eu dizendo: 'Eu estou bem. Eu só preciso dormir mais'. Mas aconteceu que eu não precisava dormir mais. Eu precisava de cuidados médicos de emergência", relatou.

Além de estar com pneumonia, a escritora estava em choque séptico. "Meus rins estavam falhando e minha pressão sanguínea e eletrólitos estavam perigosamente baixos. Eu estava literalmente morrendo. E eu nem sabia disso", descreveu.

Ainda na ambulância, durante o caminho para o hospital, ela revelou que ainda pensava que não se tratava de nada grave. "Eu tinha um bolo de aniversário para assar e cestas de Páscoa para construir. Eu tinha responsabilidades e prazos. Não tive tempo para isso. Agora é engraçado, de uma maneira mórbida", continuou.

Só depois de estar numa cama na UTI é que ela se deu conta da gravidade da situação. Um dos médicos lhe disse que se ela esperasse mais 12 horas para procurar ajuda, provavelmente não sobreviveria.

Em uma das consultas, ela perguntou para sua médica o que poderia ter feito para evitar aquela situação. "Ela sorriu gentilmente e disse: 'Você poderia ter me procurado mais cedo."

"Eu quase morri de sepse, sim, mas a sepse foi uma resposta à infecção e a infecção foi uma resposta à ... falta de autocuidado", continuou.

"Quero poder dizer que aprendi a cuidar melhor de mim mesma, mas quase morrer não me livrou das responsabilidades da maternidade. Mesmo que meu marido tenha sido vigilante nos meses que se seguiram à minha doença, desconfiado de toda tosse ou dor, logo voltei à complacência e à crença de que ficarei bem - porque tenho que estar bem. Para a minha família. 'Não tenho tempo para ficar doente', brinquei sem fôlego da cama da UTI, meu corpo conectado a fios e tubos, os monitores apitando constantemente atrás de mim", desabafou.

"No meu caso, o autocuidado não é um dia de spa e maratonar Netflix, é aceitar que minhas rotinas, prazos e expectativas - externos e autoimpostos - às vezes sejam deixados de lado em serviço à minha própria saúde. É uma lição que alguém pensaria que aprendi quase morrendo, mas que continuo tendo que reaprender", finalizou.