Família Dolabella levanta debate: como são as relações entre primos?

Recentemente a notícia de que o ator Dado Dolabella está namorando com Marina Dolabella, sua prima de primeiro grau, reacendeu um debate antigo: é natural primos se relacionarem amorosamente?
Os dois são próximos desde a infância. Nas redes sociais, o rapaz tem recebido críticas e chegou a responder uma delas pelo Instagram: "Hipocrisia reina no mundo. E sempre querendo impor limites ao amor? Tá na hora de evoluir, minha gente amada!", escreveu.
Apesar da trajetória polêmica do ator, não é difícil encontrar casais que passaram pela mesma situação. A seguir, mulheres contam suas experiências ao se relacionarem com primos:
"Não queríamos admitir o sentimento"
"Quando era pequena, morava em São Paulo e a família da minha tia vivia no interior — por isso não convivíamos tanto. Isso mudou quando minha avó ficou doente: todos ficamos mais unidos. Nesta época, eu e meu primo começamos a nos enxergar de forma diferente. Nos apaixonamos, mas ficamos confusos. Quando ela faleceu, durante o enterro só queríamos ficar um com o outro, cuidar um do outro. Em setembro, a família foi viajar junta. Nós dois precisamos beber um pouco para darmos o primeiro beijo. A situação foi muito forte, intensa.
Apesar disso, tentamos não nos apegar: ele era tenista profissional, viajava constantemente. Eu fazia faculdade de Psicologia em São Paulo. Além de sermos primos ainda levávamos uma vida totalmente diferente. Mas foi só o fim de ano chegar que não pudemos mais nos conter. Vimos que estávamos perdidamente apaixonados.
A partir de então, namoramos escondido por quatro meses. Minha mãe percebeu que eu tinha um namorado e ficou preocupada, achando que poderia ser algo bem pior. Quando enfim decidimos contar para a família, a reação não foi boa. Todo mundo estranhou, nossos pais ficaram assustados.
Mesmo sem o apoio deles, continuamos juntos. Até que meu avô chamou nossos pais para conversar e lembrar que nós dois éramos de boa família, que já nos conhecíamos. Isso foi muito importante na época. Então combinamos que a nossa única regra seria não sacanear um ao outro: não poderíamos trair ou gerar mágoa um no outro, para não causar problemas para a família.
Mas a verdade é que nos demos muito bem e aos poucos todos foram aceitando. Até que decidimos nos casar: para isso precisamos pedir a autorização do bispo para realizar a cerimônia na igreja católica. Depois procuramos um aconselhamento genético. Fizemos um estudo do histórico familiar para saber se poderíamos ter filhos. O resultado foi positivo: não havia riscos em gerarmos um bebê.
Com o casamento, nossa família se uniu ainda mais: todas as reuniões são na nossa casa. Minha mãe é tia e madrinha do meu esposo. Meus irmãos às vezes o chamam de primo, às vezes de cunhado. Fica misturado, mas funciona bem para todos nós. Estamos casados há 28 anos, namoramos durante 4 e temos um filho de 22.
Tentamos ter mais um filho, mas não conseguimos. O médico, então, nos ofereceu a oportunidade de uma reprodução assistida. Recusamos a proposta: se a natureza estava dizendo não, era não. Talvez, se não vivesse um casamento consanguíneo, insistisse mais na ideia. Até hoje, sinto que esse foi o único impacto real na nossa vida".
Sandra Ferrari de Menezes, 51 anos
"Precisamos mandar uma carta para o Vaticano"
No momento em que conheci um deles, senti algo muito forte, já me apaixonei. Ele foi se aproximando de mim e começamos a namorar quando tinha 14 anos. Meus pais aceitaram bem a notícia, porque as relações entre primos eram comuns no local onde eu vivia. Já a família dele não gostou, não só pela aproximação familiar, mas também por causa das minhas origens e do ciúme que sentiam dele.
O casamento foi difícil: precisamos pedir autorização do padre, do bispo e até mandamos uma carta para o Vaticano. Na época, pensei em desistir. Mas, no final, recebemos o aval religioso. Até esse momento, nunca havia cogitado a possibilidade de conceber um filho com deficiência. Mas as pessoas falavam muito sobre isso, então passei a ter medo de que pudesse acontecer.
Maria do Socorro Moraes, 77 anos
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