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Com doença crônica, garota estreia na SPFW: "Nunca me senti tão especial"

Natasha Olubusayo desfilou na terça-feira pela marca ÃO - Isabela Carvalho
Natasha Olubusayo desfilou na terça-feira pela marca ÃO Imagem: Isabela Carvalho

Natália Eiras

De Universa

19/10/2019 04h00Atualizada em 22/10/2019 14h04

Natasha Olubusayo precisa ir a consultas com médicos de três em três meses por causa do tratamento contra a anemia falciforme — doença crônica que afeta a oxigenação das células do seu corpo e cujo diagnóstico ela recebeu aos 8 meses de idade.

Paciente do Instituto de Tratamento do Câncer Infantil, de São Paulo, a garota de 16 anos sempre teve o sonho de ser modelo. Na última terça-feira (15), Natasha desfilou, pela primeira vez, na São Paulo Fashion Week, evento que terminou ontem. "Não imaginava que seria tão rápido. Nem tenho palavras para descrever tudo o que senti", conta ela para Universa.

Parte do casting da agência Allure, a garota já teve aulas de passarela e fez workshops de manequim. No ano passado, ela já tinha ido ao evento passear e conhecer alguns dos seus estilistas favoritos, como Walério Araújo e Dudu Bertholini.

Mais do que estar na plateia da SPFW, porém, Natasha queria andar pela passarela da semana de moda. "Sugeriram eu cortar meu cabelo para essa temporada, eu concordei e amei demais", afirma a adolescente. Foi assim que ela entrou para o casting da marca ÃO, que fez parte do Projeto Estufa e que apresentou nova coleção no início do evento.

Natasha foi diagnosticada com anemia falciforme aos oito meses de idade - Henrick Butcher - Henrick Butcher
Natasha foi diagnosticada com anemia falciforme aos oito meses de idade
Imagem: Henrick Butcher

Emoção no backstage

Natasha diz que, no backstage do desfile, a emoção era grande. Ainda assim, ela conseguiu curtir o momento em que estava sob os holofotes. "Antes e depois do desfile muitos fotógrafos pediram para eu posar para eles e isso, sem dúvida, me deixou muito feliz."

O nervosismo e a ansiedade sumiram no momento em que ela entrou na passarela. "Era apenas eu e toda uma leveza misturada a uma enorme felicidade."

O que emocionou Natasha também foi a identificação com o conceito do desfile da ÃO, que mostrou o casting de modelo besuntados em óleo como se tivesse acabado de sair da placenta. "A estética me agradou muito, porque era uma enorme diversidade de corpos, independente de cores, tamanhos. Também fiquei muito feliz em ver a quantidade de mulheres transgêneros presentes. Além de bonito, esse desfile foi extremamente necessário."

A vivência como modelo de semana de moda foi completa, inclusive, com os "perrengues" que algumas delas passam. Natasha desfilou de sandália rasteira, então salto não foi um problema, porém a caracterização que teve que fazer para parecer que estava com o corpo repleto de líquido amniótico foi o que lhe rendeu um certo trabalho pós-evento. "Me cobriram de óleo de rícino e colocaram muito gel no meu cabelo, então foi complicado tirar a roupa depois sem que a sujasse. Também fiquei um tempo no backstage tirando o máximo possível de gel do meu cabelo", conta. O "trampo", no entanto, valeu a pena. "Nunca me senti tão feliz."