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Entre a pornografia e o videogame: como vive diretora pornô premiada

A atriz e produtora Mila Spook - Reprodução/Camera Privê
A atriz e produtora Mila Spook Imagem: Reprodução/Camera Privê

Marcos Candido

Da Universa

01/12/2018 04h00

A camgirl, produtora e atriz pornô Mila Spook, 27, refez os planos para o futuro. “Eu quero ir devagar e produzir meu conteúdo. Afinal de contas, eu gosto muito de pornografia”, explica.

Há dois meses, quando falou com a Universa, a gaúcha era uma das candidatas à melhor diretora do ano no “Oscar Pornô”, prêmio concedido pelo canal adulto Sexy Hot. Ela também estava desanimada com a indústria pornográfica. Para ela, na ocasião, as grandes produtoras ainda não se preocupavam o suficiente com a saúde de atrizes. Mas ela afirma que, agora, as coisas já estão mudando.

No fim das contas, Mila venceu a premiação, em outubro, e fez um discurso emocionado. “É muito importante para mim, também como atriz. Ganhar esse prêmio é mostrar que nós somos capazes disso. Esse estereótipo de que a gente escolheu este meio porque não teve outra opção é muito errado”, defendeu.

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Poucos meses depois, ela diz já ter observado mudanças neste meio. “Algumas empresas ainda representavam alguns valores machistas, como a sociedade toda, mas há mulheres surgindo no meio que já trazem mudanças”, explica. Por isso, ela diz que não pretende se tornar uma grande empresa. A ideia é produzir sem pressa, mas continuar no meio por amar o que faz.

No ano passado, Mila lançou-se como produtora dos próprios filmes. Assim como a diretora May Medeiros, faz parte de um grupo de mulheres que lançam um olhar diferenciado aos filmes pornográficos convencionais. Nada de “pornô feminista”, mas sim de filmes feito por mulheres feministas e no controle de sua sexualidade. 

Esse tipo de iniciativa foi apoiada pelo grupo que mantém o Sexy Hot, que desde o início do ano aposta em produções com enredos mais voltados às mulheres -- ou àqueles sem o clássico entregador de pizza irresistível que transa com uma envolvente dona de casa. Mais carinho e casais mais parecidos com os reais estão na lista das características das obras. 

Novas produções a caminho

Natural de Alegrete, interior do Rio Grande do Sul, Spook mora em São Paulo desde 2014. É modelo fotográfica desde os 18, e atua como camgirl desde 2015. “Se eu te disser o número de filmes pornôs que já fiz, estaria chutando. Diria que é mais de 50”, brinca e ri.

A primeira cena contracenada foi com uma atriz, à convite da produtora Xplastic, onde ela diz que a maioria dos funcionários é mulher. Ao longo da carreira já participou de filmes de produtoras como “Brasileirinhas”, mas diz que tira boa parte do sustento na carreira como camgirl.

Mila com troféu de melhor diretora por seu filme [Des]conectados; atriz também ganhou na categoria "Melhor filme hétero" - Iwi Onodera/UOL - Iwi Onodera/UOL
Mila com troféu de melhor diretora por seu filme [Des]conectados; atriz também ganhou na categoria "Melhor filme hétero"
Imagem: Iwi Onodera/UOL

Em sites de “camming”, fãs podem pagar por planos de assinatura ou pagar para ter experiências exclusivas com camgirl do outro lado da tela. “Eu sou muito caseira, e amo ficar em frente à câmera enquanto jogo videogame, nos intervalos dos atendimentos aos meus fãs”, diz.

Na semana passada, Mila anunciou aos seus mais de 50 mil seguidores no Twitter uma nova produção, agora sob sua assinatura. “Ontem foi dia de ficar atrás das câmeras dirigindo meu novo filme”, escreveu. O resultado só sai nas próximas semanas.