5 práticas prometem maravilhas ao pênis e à vagina, mas são ciladas
Com certeza você, independentemente do seu gênero, já deve ter recebido algum SPAM sobre tratamentos e aparelhos milagrosos para aumentar ou esticar o pênis. Mais do que gerar uma baita frustração psicológica, pois tais promessas não passam de balela, esses procedimentos podem causar problemas graves à saúde. É o mesmo risco das práticas para rejuvenescer ou "enfeitar" a vagina. A gente explica:
Bombas de vácuo
Ela tem um objetivo clínico bem definido: trata-se de um tratamento reconhecido para a disfunção erétil e que, portanto, exige orientação médica para utilização correta. Não tem nada a ver com aumentar o tamanho do pênis, como costumam anunciar, e sem os cuidados adequados pode produzir hematomas e feridas na pele. Quando a bomba de vácuo é usada em conjunto com o anel peniano (um dispositivo elástico que garroteia a base do pênis e com isso prolonga a ereção), o risco é ainda maior. Pode haver necrose - inclusive do tecido erétil, localizado no interior do pênis. Fibrose com tortuosidade também pode surgir com o uso excessivo.
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Vaporização vaginal
Popularizada por Gwyneth Paltrow, que ultimamente parece ter decidido conciliar a profissão de atriz com a carreira de sex coach, trata-se de uma técnica oriental cuja finalidade é fazer uma espécie de "limpeza" na região da vagina. A mulher se senta em uma espécie de minitrono com ervas fumegantes sendo projetadas para cima juntamente com raios infravermelhos para limpar o útero e regular os hormônios. Segundo especialistas, não há nenhuma evidência científica de que essas “saunas” tragam algum benefício para o ambiente vaginal, muito pelo contrário: há o risco da flora normal da área sofrer alterações, facilitando o crescimento de bactérias que causam infecções. As substâncias empregadas sequer conseguem ser absorvidas com sucesso, pois o colo do útero não permite e a cavidade uterina só se expande sob pressão. É bom destacar que o útero já é "limpo" mensalmente, ao descamar durante a menstruação. Mesmo para as mulheres que não menstruam ou adotam o esquema de anticoncepcional contínuo não é necessária qualquer limpeza.
Esticadores penianos
Os aparelhos de tração ou extensores podem ser empregados no pós-operatório de cirurgias penianas ou ainda como alternativa menos invasiva para a Doença de Peyronie, tipo de enfermidade em que ocorre curvatura e encurtamento do pênis. Sempre há necessidade de orientação e treinamento por parte do médico antes de se iniciar o uso do dispositivo. Existem dois problemas de ordem prática que as propagandas de SPAM não mencionam: o uso do aparelho deve ser feito durante mais de quatro horas por dia e o benefício obtido em termos de recuperar comprimento do pênis é bem modesto (apenas 1 ou 2 centímetros). Além disso, é muito desconfortável de usar - parece mais um instrumento de tortura do Santo Ofício! - e, por isso, é difícil que os homens sigam o tratamento até o fim. Esses esticadores podem causar necrose da pele, tortuosidade devido à fibrose das camadas de revestimento do pênis, hematomas e lesões na uretra, o canal por onde passa a urina.
Ninhos de vespas na vagina
Com a promessa de enrijecer o canal vaginal e deixá-lo mais limpo, algumas mulheres vêm introduzindo uma pasta feita com o ninho de vespas. A substância "seca" a mucosa e faz com que a vagina fique mais "apertada" após o parto. Vendida em lojas online, a pasta miraculosa é um verdadeiro perigo à saúde e ao prazer sexual femininos. Há um aumento da abrasão durante a transa, levando a mulher a sentir dor pelo aumento do atrito. Por esse mesmo motivo, também ocorrem pequenas lesões que podem elevar o risco de transmissão de doenças como o HIV. Além disso, a pasta de ninho de vespas altera o ambiente vaginal e facilitando o crescimento de bactérias causadoras de infecções. Isso, sem contar, que a prática prega a ideia equivocada de que há algo errada com a vagina quando ela está muito úmida. A região vaginal possui secreções e odores próprios e deve ser higienizada apenas externamente, no máximo com um sabonete neutro.
Uso de glitter na vagina
Batizada de Passion Dust ("Poeira da Paixão"), é uma modinha que surgiu no Reino Unido que promete deixar a vagina toda trabalhada no brilho na hora H. São cápsulas gelatinosas contendo glitter para introdução na hora do sexo. Com a lubrificação, o calor local e os movimentos da penetração, a cápsula estoura e a "magia" acontece. A lista de riscos é enorme. Pra começar, qualquer corpo estranho pode levar a uma alteração no frágil equilíbrio do ambiente vaginal. O amido e a gelatina presentes na pílula aumentam o pH da vagina, tornando-a mais alcalina, favorecendo o crescimento de bactérias patogênicas, ou seja, as que causam infecção. As partículas de glitter aumentam o atrito durante a transa, ferindo a mucosa vaginal, e podem subir pelo colo do útero, atingindo o endométrio (camada que recobre o útero por dentro e descama na menstruação) e causando inflamações e infecções. Melhor restringir o brilho apenas ao make, mesmo.
Consultoria | Cristina Carneiro, ginecologista e obstetra de São Paulo (SP), e Valter Javaroni, chefe do Departamento de Medicina Sexual e Infertilidade da SBU (Sociedade Brasileira de Urologia), regional RJ
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