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Na hora de contratar, empresas valorizam mais profissional já empregado

Os entrevistados da pesquisa da WorkPlace Trends disseram que quem está no mercado tem mais experiência - Getty Images
Os entrevistados da pesquisa da WorkPlace Trends disseram que quem está no mercado tem mais experiência Imagem: Getty Images

DO UOL

14/11/2016 07h15

Estudo realizado por uma empresa de pesquisas voltada para o cenário corporativo, a WorkPlace Trends, nos Estados Unidos, apontou que profissionais que estão empregados, mas abertos a novas oportunidades, são mais valorizados do que os desempregados.

Segundo os dados divulgados em abril, 80% dos 129 profissionais de recursos humanos entrevistados disseram preferir os chamados “candidatos passivos”. Desses, 44% justificaram a escolha dizendo que quem está no mercado geralmente tem mais experiência, além de estar mais preparado para lidar com desafios. E no Brasil, essa tendência se confirma?

Para a orientadora vocacional e gestora empresarial pela FGV (Fundação Getúlio Vargas) Andrea Deis, sim. “As empresas acreditam que os melhores profissionais estão no mercado, porque usam seus conhecimentos diariamente. Quanto mais afastado do dia a dia profissional, maior a chance de você perder o domínio de algumas habilidades”, fala. “Além disso, o ócio pode desestruturar tecnicamente e emocionalmente.”

Já a gestora de pessoas Ana Lisboa, autora do e-book “7 Passos para Obter Sucesso na Entrevista de Emprego”, prefere ponderar.

“Depende muito da necessidade da empresa. Se ela quer alguém para início imediato, e o candidato está empregado, ele demora de dez a 30 dias para conseguir assumir uma nova função. Nesse caso, o desempregado é mais adequado”, diz. “Fora que o candidato empregado corre o risco de receber uma contraproposta e desistir no meio do caminho.”

Elisângela Lima, especialista em psicologia social das organizações pelo Instituto Sedes Sapientiae, de São Paulo, concorda com Ana. Mas diz que o desempregado precisa correr atrás de atualizações e novas qualificações, para minimizar o impacto de estar fora do mercado.

“As empresas querem profissionais técnicos e equilibrados emocionalmente. Que tenham postura engajada, que saibam solucionar problemas e, principalmente, com uma boa dose de motivação intrínseca”, diz a psicóloga.

O desespero, que muitas vezes toma conta de quem está sem um salário fixo, também prejudica o candidato. “O profissional desempregado tem necessidades maiores: o seguro do carro dele está vencendo, as economias que ele tinha podem estar acabando e isso abala o emocional, o que contribui negativamente para o desempenho profissional”, fala Ana Lisboa.

Quem se planeja sai na frente

As três especialistas concordam em uma coisa quando o assunto é buscar vagas: o planejamento é fundamental para qualquer perfil de candidato a uma recolocação.

Quem está desempregado deve encarar como trabalho a ação de procurar emprego. “Tem de fazer isso em horário comercial, das 8h às 18h, com pausa para o almoço. Já cansei de ouvir: ‘Nossa, mas eu já mandei cem currículos’. E eu digo que infelizmente é pouco”, declara a gestora de pessoas.

Ana Lisboa explica que o mercado não está com falta de vagas, mas a concorrência é grande demais. Portanto, leva quem mais se empenha.

Já quem está empregado pode trabalhar de forma mais ativa o networking, que é um caminho importante para alcançar novas posições. “Também vale utilizar o emprego atual para alavancar as competências e os comportamentos necessários ao futuro cargo”, diz Elisângela. “O ideal é buscar vagas por meio de contatos mais próximos, que sejam de confiança e, de preferência, não tenham ligação direta com a companhia atual. Ao utilizar agências de emprego, opte pelo currículo confidencial.”

Estar aberto a novas oportunidades não significa ingratidão com o atual trabalho, mas precaução.

“Você tem sempre de ter um plano B ou C. Porque nenhum emprego formal é nosso, apenas ocupamos um lugar na empresa enquanto ela acha conveniente. No dia em que você ficar mais caro ou não tiver mais as competências que companhia deseja, então, não estará mais naquele lugar”, fala Andrea Deis.

Em alguns casos, a insatisfação com a empresa torna-se insustentável e não há outra opção além de pedir demissão. Mas até isso precisa ser programado. Segundo os especialistas, é recomendável ter dinheiro guardado para se sustentar por seis a 12 meses, tempo estimado para uma recolocação.