Meninos podem sofrer com o aumento de mamas na puberdade
Recusar-se a ficar sem camisa em público, usar só roupas largas e andar com as costas arcadas podem ser alguns sinais de que o adolescente está insatisfeito com o volume de suas mamas. Afinal, durante a puberdade, não são raros os casos de ginecomastia –desenvolvimento anormal das mamas masculinas.
A ginecomastia puberal normalmente aparece entre dez e 12 anos e atinge o seu pico entre 13 e 14 anos, durante a fase de aceleração do crescimento, o estirão. “Ela pode ser percebida pelo aumento do diâmetro da mama e pela mudança da pigmentação da aréola mamária”, diz o herbiatra Élcio Mascarenhas, professor da Faculdade Santa Marcelina, em São Paulo.
A causa é a explosão hormonal, o que significa que pode atingir garotos com excesso de peso ou não. “Não é uma doença, já que acontece como uma etapa normal do desenvolvimento, na puberdade”, explica o endocrinologista Flávio Cadegiani, doutorando em endocrinologia pela Unifesp (Universidade Federal de São Paulo).
Na maior parte dos casos, a ginecomastia regride naturalmente em até dois anos após o seu aparecimento. “A persistência é incomum após os 17 anos”, diz Mascarenhas.
Tratamento
Quando a regressão da mama não ocorre de forma natural ou o incômodo reportado pelo adolescente é excessivo, é preciso procurar um médico. Muitos jovens podem ter a vida escolar e sexual afetada pelo problema, chegando a evitar praticar esportes
“A autoestima pode ficar prejudicada, e o adolescente sofrer bullying dos colegas. Como consequência, não é incomum que esse jovem se torne agressivo, para tentar se defender. Também é frequente o aumento da introspecção”, afirma o psicólogo infantil e hospitalar Reinaldo Renzi.
Para o psicólogo, nem sempre os pais percebem o mal-estar do filho e podem fazer pouco caso do problema, mas é importante ouvir o jovem e perceber como ele se sente diante da situação.
Uma vez detectado o problema, existem alguns tratamentos clínicos que podem ser indicados, embora eles não funcionem para todos os casos. “As terapias são feitas com inibidores do receptor de estradiol, que é o hormônio que estimula as glândulas mamárias”, explica Cadegiani.
Quando a mama ultrapassa o diâmetro de quatro centímetros, a recomendação médica é a cirurgia plástica. De acordo com dados da Sociedade Internacional de Cirurgia Plástica Estética, que anualmente divulga estatísticas dos procedimentos cirúrgicos e estéticos realizados no mundo, a terceira cirurgia que os homens mais fizeram em 2015 foi a de redução de mamas. Foram mais de 200 mil, e o Brasil é o responsável por 26.400 desse total.
“Qualquer paciente saudável, a partir de 16 anos, pode realizar a cirurgia. O momento ideal para operar é quando o problema começa a causar constrangimentos e desordens psicológicas”, diz o cirurgião plástico Wendell Uguetto, do Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo.
Na maioria dos casos, a operação é iniciada com a lipoaspiração das mamas, para reduzir o volume da gordura local. “Em seguida, um pequeno corte é feito na borda da aréola, por onde são retiradas as glândulas mamárias”, explica Uguetto. Quando as mamas são muito grandes, é necessário também eliminar o excesso de pele.
No período pós-cirúrgico, o adolescente deverá vestir uma malha compressiva de um a dois meses, e um dreno poderá ser mantido no local por alguns dias, para conter as secreções.
Em casos de ginecomastia mais moderados, o jovem poderá voltar à rotina em cinco dias. Já quando ocorrem reduções mais significativas, o médico pode pedir repouso de até duas semanas. “Atividades físicas mais amenas, como corridas de baixa intensidade, passeios de bicicleta e treinos de musculação leves, são liberados em 30 dias”, diz o cirurgião plástico.
Após a operação, há chance de que as mamas voltem a crescer, pois um pouco de tecido mamário sempre é deixado no local, por uma questão estética. “Para a pele não ficar afundada”, fala Uguetto. Mas isso raramente acontece e, quando ocorre, é sempre por influência de uma alteração hormonal importante.
O uso de anabolizantes também pode ser responsável pelo crescimento das mamas, assim como uso contínuo de remédios para tratar hipertensão e doenças no estômago.
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