Afropunk é estilo "tombador" que une rebeldia com ancestralidade negra

Nos Estados Unidos, a participação de negros na cena punk era deixada de lado. Diante de um público predominantemente branco, esta comunidade resolveu criar uma estética própria que juntasse a ancestralidade e os ideais do movimento. No lugar dos moicanos, vários tipos de tranças coloridas e black power. Em vez de alfinetes, piercings no septo e maquiagem em cores chamativas. Foi assim que nasceu o afropunk, cuja releitura do estilo tem ganhado força com a criação de um festival homônimo que exalta a estética em Nova York, e com a ajuda de celebridades como Willow e Jaden Smith, Solange Knowles e FKA Twigs.
De acordo com a blogueira Magá Moura, 28, o movimento está se popularizando no Brasil junto com a “geração tombamento”, como foram apelidadas as pessoas que assumem o estilo afro com uma pegada mais urbana, como é o caso da rapper Karol Conká. “Também tem um poder estético muito forte, que carrega no visual o ativismo negro”, afirma.
Porém, ambas concordam que, apesar de ter sido “desvirtuado”, o movimento ainda é muito importante para a autoestima da comunidade afrodescendente no Brasil. “É assumir que meu afro é alto porque ele nasce assim, porque tem a ver com a minha ancestralidade”, comenta Magá. “É válido porque está ajudando as pessoas a valorizarem sua própria estética”, complementa Nátaly. “É fundamental a gente se sentir confortável em usarmos nossos corpos do jeito que quisermos”.
Apesar de não se considerarem afropunks por não seguirem os ideais originais do movimento, as meninas contam que ainda sofrem um pouco de preconceito e são alvo de olhares tortos por causa dos seus visuais. “É que nem com gay, sabe? ‘Pode ser negro, mas se precisa ser tão negro assim?’”, diz Magá.
Para Nátaly, no entanto, o afropunk ainda é mais “bem aceito” do que a estética afro tradicional. “Porque ela foi muito demonizada no Brasil pelas religiões que a relacionam com a umbanda e o candomblé”, explica a youtuber. Magá, por sua vez, acha que as pessoas torcem o nariz independentemente do tipo de “afro”. “A gente sempre foi educado a achar que coisas negras são ruins, mas estamos mudando o jogo”, fala.
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