"Os caminhões que me sustentam", diz trans empresária e funkeira

Marcela Porto, 33, nasceu Bruno Souza e hoje é conhecida no cenário do funk carioca como Mulher Abacaxi. Ao UOL, ela contou que escolheu o codinome para usar na noite porque queria que as pessoas entendessem que, no palco, não estaria uma mulher, mas uma transexual, afinal “nenhuma mulher quer ser um abacaxi”.
Sobre suas profissões bastante distintas –dona de uma frota de caminhões, de segunda à quinta-feira, e funkeira, nos finais de semana --, ela diz que, mesmo que um dia o trabalho artístico alcance o sucesso de “uma Valesca Popozuda, por exemplo”, e ela comece a ganhar muito dinheiro, seu objetivo será investir na empresa de transportes porque “tem os pés no chão e precisa garantir o futuro”.
"Ser a Mulher Abacaxi não é mais um hobby, tenho compromissos com isso. Porém, jamais vou deixar os caminhões de lado, são eles que colocam o arroz e feijão na mesa e proporcionam meus luxos. Até porque um dia o bumbum cai, a pele envelhece e preciso sobreviver", afirma Marcela.
A seguir, Marcela fala sobre sua vida, família e os processos que a levaram a enterrar sua personalidade masculina.
"Desde os sete anos me percebia diferente, achava que o corpo de menino não combinava comigo. Tenho sete irmãos, cinco homens e duas mulheres, das quais sempre gostei de cuidar e opinar sobre as roupas e acessórios. Ainda criança, pegava escondido coisas delas e da minha falecida mãe. Fui crescendo e todos me elogiavam, me achavam bonito como homem, mas sabia que faltava algo, pois queria ter cabelos compridos, seios... Minha família sempre soube a respeito da minha homossexualidade e todos me aceitaram muito bem, graças a Deus. Em 2007, fui morar nos Estados Unidos, em Nova York, e me montei pela primeira vez para participar de um concurso de beleza LGBT, que acabei vencendo. Quando voltei ao Brasil no mesmo ano, decidi ser a Mulher Abacaxi nos finais de semana para fazer shows. Nessa época, com cerca de 21 anos, comecei a fazer algumas intervenções cirúrgicas, como a primeira plástica no nariz, e dizia para os familiares que era tudo em nome do trabalho artístico. Quando coloquei silicone, andava com uma faixa para esconder dentro de casa.
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