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Águas de colônia vão bem em dias quentes; conheça suas curiosidades

Dênis Pagani

Do UOL, em São Paulo

09/01/2014 08h00

A água de colônia é dos prazeres mais simples e deliciosos que a perfumaria pode dar. Um cítrico como bergamota, flores como rosa, jasmim e flor de laranjeira e algum toque herbal. Pronto, essa é a estrutura clássica. Uma bela dose de colônia, borrifada com spray, ou melhor ainda, usada de um frasco “splash”, que se pode jogar nas mãos e espalhar pelo peito, pescoço, braços e têmporas, tem o efeito de ritual relaxante, dando um ponto final nas tensões do dia que passou. Se feito pela manhã, dá a energia para enfrentar a perspectiva de um dia de trabalho. Tem algo em usar a colônia em grandes quantidades, sem muita restrição, que tem sabor de indulgência e luxo supremo -- e a um preço acessível.

A rigor a palavra colônia pode se referir a duas coisas: a esta estrutura tradicional que já falamos, ao redor do floral e frescor, ou a uma fragrância na concentração colônia, ou seja, com até 2% de perfume puro, que também é chamada “body splash”. Às vezes se parte da estrutura clássica para produzir uma fragrância com concentração maior, como a eau de toilette ou deo colônia, com 10 a 14% de perfume puro, mas sem perder o efeito refrescante.

A água de colônia não dura muito e essa não é a intenção, serve como momento de bem-estar e antídoto para os dias mais sufocantes do verão, refrescando a pele e o olfato. Tem gente que guarda a colônia na geladeira para uma dose extra de prazer – por que não? Independente do enquadramento de venda, elas são adequadas para homens e mulheres, a questão é testar o que está disponível para encontrar seu estilo, seja ele mais clássico ou moderno.

A origem da água de colônia é contada por histórias, pouco restou de documentação que possa confirmar os fatos. Conta-se que Giovanni Paolo Feminis, italiano de Milão, inventa em 1695 a receita de uma acqua mirabilis, uma combinação de notas cítricas. O caminho que a receita faz até a cidade alemã de Colônia, que batizou todas as colônias do mundo, é incerto, mas é lá que o negócio cresce e prospera. O neto de Giovanni, Jean-Marie Farina, herda a empresa em 1788, e depois a vende para Roger e Gallet, que você conhece das farmácias. Hoje a colônia tradicional da marca leva o nome de Jean-Marie Farina La Extra Vieille, em homenagem ao herdeiro. É uma colônia nos moldes clássicos com o acréscimo de noz moscada, que confere um ângulo picante e cheio de personalidade. Jean-Marie Farina se instala em Paris e em 1808 se torna fornecedor de Napolão Bonaparte. O imperador consumia quantidades folclóricas de colônia, em torno de um litro por dia e a história conta que até dava uns goles antes de cada batalha.

A Eau de Cologne 4711 -- fala-se quarenta e sete e onze -- é a única que dispõe do frasco splash para tamanhos maiores. A marca foi fundada em 1792 e talvez esse seja o melhor exemplo de uma colônia no estilo clássico, restrita ao ingredientes tradicionais: cítricos, flor de laranjeira, lavanda, ervas e só. Para uma outra impressão no mesmo estilo você pode testar também Ô de Lancôme, com o acréscimo de manjericão, que contribui para refrescar com seu aspecto levemente mentolado, ou ainda Acqua di Parma Colonia, uma variação mais sóbria, menos floral.

E como acontece com qualquer forma clássica, seja na arquitetura, no design ou na perfumaria, elas servem de base para a evolução do gênero, que às vezes busca “solucionar problemas” ou desenvolver o formato, procurando outros horizontes. Os óleos cítricos que compõe as fragrâncias evaporam rapidamente da pele, resultando numa duração pequena. Um caminho para prolongar a sensação de bem estar da colônia é acrescentando matérias primas que evaporam mais lentamente, ou seja, tem duração maior. Alguns exemplos: madeiras como vetiver ou cedro, almíscar (musk) e, num passado não muito distante, o musgo de carvalho (oakmoss), hoje de uso muito restrito por ser um potencial sensibilizador da pele.

Nessa idéia de explorar o clássico resultando num efeito tradicional, você encontra Dior Eau Sauvage, menos floral que as colônias de outros tempos e, graças ao acréscimo de matérias primas como vetiver e âmbar, tem efeito rico, com mais camadas que a colônia 4711, por exemplo. Esse acréscimo de ingredientes tambpem contribui para aumentar a performance da fragrância, fazendo com que ela dure mais. Hermès Eau d’Orange Verte oferece o máximo do cítrico, de encher a boca d’água, e um aspecto verde e floral que lembra erva-cidreira. Ambos levavam musgo de carvalho em sua fórmula, um componente que dá um fundo escuro e levemente amargo, muito distinto, mas nas formulações recentes já não se pode usar o ingrediente na mesma quantidade. Apesar de serem novos em relação a criação do produto -- têm 47 e 34 anos, respectivamente -- são criações de referência para quem busca os prazeres da colônia.

Um outro caminho para essa pesquisa é partir da estrutura clássica e buscar um resultado contemporâneo. O melhor exemplo vem de Thierry Mugler, conhecido por seus perfumes corajosamente originais, como Angel e Womanity -- o primeiro praticamente inventou a categoria dos perfumes gourmand, marcados pela doçura, o segundo combina a fragrância de um figo muito maduro com um toque salgado. É daí que vem Mugler Cologne. A estrutura floral + cítrico é enriquecida de almíscar, uma matéria prima de efeito macio e fofo como uma toalha felpuda. Aqui, além do conforto desta maciez, lembra o cheiro de lavanderias, com suas secadoras industriais e ferros de passar cuspindo jatos de vapor. Para uma versão mais contida do mesmo efeito, experimente Acqua di Parma Colonia Assoluta. É uma mistura do conjunto cítrico e floral semelhante ao da Eau de Cologne 4711, e quando você começa a pensar que não tem nada de novo ali, o conforto do almíscar se destaca, num tratamento elegante e refinado que na Mugler Cologne, juntando a tradição com o futuro. Na galeria acima você confere ainda mais opções em todas as faixas de preço.