Vale a pena fazer parte das 'panelinhas' no trabalho?
Ter certos comportamentos para ser aceito em um grupo não é um comportamento comum apenas entre crianças e adolescentes que estão na fase escolar. Esse tipo de atitude persiste na vida profissional. As famigeradas "panelinhas" são corriqueiras em empresas de todos os portes e em todos os níveis hierárquicos.
Uma pesquisa feita pelo site de empregos Career Builder, com três mil trabalhadores, constatou que as "panelinhas" fazem parte 43% dos ambientes de trabalho.
A pesquisa revela, também, que um terço dos entrevistados já se sentiu pressionado pelos colegas ou já fez algo de que não tinha vontade só para ser aceito pelo grupo.
Não importam os cargos, a profissão ou se é um ambiente mais feminino ou masculino: a formação de grupos é comum em todas as empresas.
"As 'panelinhas' acabam se formando por afinidades, das mais diversas naturezas. A formação de qualquer grupo traz, na sua origem, a preocupação com a própria segurança", analisa André Acioli, sócio-diretor do Boteco do Conhecimento, empresa especializada em palestras e treinamentos corporativos.
De acordo com Sami Boulos Filho, diretor da Boulos, consultoria especializada em recrutamento e seleção de executivos e professor do curso de pós-graduação de recursos humanos da Universidade Presbiteriana Mackenzie, toda organização possui uma cultura que tem origem nos valores e princípios da pessoa que ocupa a posição mais alta na hierarquia, seja o presidente ou o proprietário.
"É essa pessoa que, com o auxílio de seus colaboradores mais próximos, definirá o comportamento de todos na organização. Quando os membros de um departamento trabalham juntos e vivenciam soluções para os problemas, é natural que, a partir daí, se alinhem uns aos outros, reforçando seus laços profissionais".
Funcionário novo
"O novo funcionário terá de construir um relacionamento de confiança, não apenas no sentido de ser uma pessoa confiável, mas, principalmente, de que será capaz de contribuir com a solução dos problemas e, assim, construir seu espaço e evitar a rejeição. Terá de participar das atividades para a estreitar relacionamentos", afirma.
Atitude certa
"É um comportamento, no mínimo, de autoagressão. O ideal é ser verdadeiro consigo mesmo. O profissional não precisa deixar de participar dos eventos da empresa, mas deixar claro que alguns encontros não estão no rol daqueles que lhe proporcionam satisfação. Entretanto, estar na companhia do grupo de trabalho é importante", afirma Camilo.
"São exatamente as distinções que tornam os grupos mais produtivos e integrados. Fazer aflorar o que há de melhor é ser visto como alguém que faz algo de valor. É o valor percebido pelos colegas que faz o novo membro ser aceito", explica Acioli.
Acioli recomenda: "Em vez de querer fazer parte desta ou daquela 'panelinha', faça parte de todas. Pense nas alianças partidárias. Você não precisa compactuar de todos os pontos de vista, nem fazer tudo o que aquele grupo faz, mas nada o impede de ter vários pontos em comum com ele e estabelecer uma ótima e longa convivência".
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