Bem ilustrado, livro traça perfil arquitetônico dos novos museus construídos no Brasil
O livro "Museus Brasileiros", recém-lançado pela editora carioca Viana & Mosley, mostra como o fenômeno da construção dessas instituições voltadas à preservação da história e da cultura foi assimilado no Brasil. Fartamente ilustrado com fotos do excelente fotógrafo de arquitetura Leonardo Finotti, a obra traz textos do professor, historiador e crítico de arquitetura Roberto Segre.
Na introdução, Segre conta um pouco da história dos museus ao longo do século 20: como foram rejeitados nos anos de 1920 pelas vanguardas artísticas por serem “síntese e representação da cultura burguesa identificada com os prédios ecléticos do século 19”; da proposta de Le Corbusier, elaborada em 1929, que consistia uma espiral continua disposta em torno de um salão central. E também sobre como o final da Segunda Guerra muda a situação radicalmente.
O Holocausto e as duas bombas atômicas provocaram uma “angústia existentcial e o desejo de resgatar no mundo o passado histórico das múltiplas civilizações”, segundo Segre. Assim, o museu passa a ser um dos temas principais da arquitetura da segunda metade do século 20.
Efeito Bilbao
Para o autor, um dos efeitos da globalização foi a uniformização da fisionomia das metrópoles mundiais e a integração de culturas diferentes -caso da Comunidade Europeia. Ao mesmo tempo, conflitos regionais levaram a um fortalecimento das identidades nacionais, cujo efeito foi um desejo de aprofundar o conhecimento sobre as próprias tradições culturais.
“Estabeleceu-se uma concorrência entre as cidades capitais para entrar neste circuito econômico, e o tema do museu foi dos principais componentes na dinâmica do turismo internacional”, escreve Segre, referindo-se ao chamado “efeito Bilbao”, cidade espanhola que ganhou notoriedade após a construção do icônico Guggenheim, projeto arquitetônico de Frank O. Gehry.
Com novas técnicas expositivas que abrangem recursos da informática, interatividade e projeções, a estrutura dos museus mudou. Também surgiram instituições temáticas, como os museus científicos, sociais, da criança, antropológicos, design, e até os de montadoras de automóveis. Tudo isso mudou os museus por dentro e por fora.
No Brasil
Roberto Segre identifica também na América Latina a angústia causada pela destruição da Segunda Guerra e liga a experiência à construção de alguns importantes museus no subcontinente, inclusive o Museu de Arte de São Paulo (Masp) e o Museu de Arte Moderna (MAM), de São Paulo e o Museu de Arte Moderna (MAM), do Rio, entre 1947 e 1948.
Durante o período do regime militar, pouco foi feito, com exceção de algumas edições das Bienais de Arte de São Paulo e pequenos museus privados.
A volta da democracia, em 1985, intensificou a produção cultural do país e novos museus foram construídos. O autor destaca três deles: o Museu de Arte Contemporânea (MAC), de Niterói, obra de 1996 de Oscar Niemeyer; o Museu Brasileiro da Escultura (Mube), em São Paulo, de 1994, de Paulo Mendes da Rocha; e o Iberê Camargo, em Porto Alegre (2008), do português Álvaro Siza.
O livro trata de 20 museus e está dividido em quatro partes, uma delas dedicada a projetos futuros, como o Museu do Amanhã, do espanhol Santiago Calatrava, o Museu da Imagem e do Som, dos novaiorquinos Diller-Scofidio + Renfro, e o Museu do Meio Ambiente, de André Luiz Prado e Bruno Santa Cecília, todos no Rio de Janeiro.
“Museus Brasileiros”
Editora: Viana & Mosley
Autor: Roberto Segre
Fotos: Leonardo Finotti
Formato: 19 cm por 21 cm
Texto: bilíngue, português e inglês
Páginas: 200
Preço sugerido: R$ 95,00
Onde encontrar: nas livrarias
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