Profissionais da área garantem que alfaiataria artesanal está "em extinção"
Um ofício artesanal, a alfaiataria está "em extinção", garantem os próprios profissionais da área, todos eles numa faixa de idade entre 60 e 80 anos. "É uma profissão que requer uns 10 anos de prática para se ficar bom", avalia Ginez Galvez, "então, ninguém mais quer aprender". "E é um trabalho que requer paciência e dedicação" pondera Milton Silva, "e essa diminuição de mão de obra especializada não é um fenômeno brasileiro, ela acontece no mundo todo".
O alfaiate Milton Santos acredita que a diminuição de mão de obra especializada é um fenômeno mundial, não só brasileiro
Os alfaiates consideram que a industrialização do setor têxtil foi o grande responsável pela diminuição de procura dos serviços sob medida. O surgimento de grandes magazines com produção em larga escala provocou uma queda brusca de preços e uma migração de mão de obra para a indústria, segundo os alfaiates. "E também, na nossa época", relembra Galvez, que tem 70 anos, "a gente começava a aprender o ofício e a trabalhar como assistente com 10 anos" —num tempo em que a lei ainda não proibia o trabalho de crianças com menos de 14 anos.
Com menos alfaiates no mercado, a procura recaiu sobre aqueles que continuaram na profissão. Alguns, preferiram limitar sua produção ao que davam conta de fazer sozinhos, outros formaram ateliês um pouco maiores. "Ou você é artesanato, ou é indústria, e a alfaiataria é artesanato", comenta António Jesus Carvalho, que comanda uma equipe de sete profissionais.
Conseguir mão de obra especializada para ampliar a produção é uma queixa comum entre alfaiates. "Nem adianta colocar anúncio no jornal. Aparece um monte de gente, mas ninguém sabe fazer o trabalho. Estou precisando de pessoas para trabalhar comigo, mas não encontro", revela Valerio Taddei, que tem oito assitentes e tem capacidade para produzir cerca de 30 ternos por mês.
Para tentar conter esse "encolhimento" do setor, a Assossiação de Alfaiates e Camiseiros do Estado de São Paulo (Aacesp), criou o Projeto Sob Medida, para ensinar as técnicas da profissão. Os cursos, no entanto, são informais, uma vez que a profissão do alfaiate não é regulamentada.
"A alfaiataria, como estilo, está hoje na moda, novamente. Tomara que isso atraia pessoas para esta área e ajude na regulamentação da profissão do alfaiate", espera Valério Favero, coordenador do Sob Medida.
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