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Exposição no MoMA mostra que arquitetura pode melhorar a vida das pessoas

Formado por nove blocos, o conjunto habitacional de uma cooperativa de pescadores da cidade de Tiro, no Líbano, de Hashim Sarkis - A.L.U.D., faz parte da mostra do MoMA - Joumana Jamhouri / Divulgação
Formado por nove blocos, o conjunto habitacional de uma cooperativa de pescadores da cidade de Tiro, no Líbano, de Hashim Sarkis - A.L.U.D., faz parte da mostra do MoMA Imagem: Joumana Jamhouri / Divulgação

SIMONE CAPOZZI

Da Redação

07/10/2010 18h39

Para uma boa parte do público brasileiro, arquitetura é considerada um artigo de luxo, algo que apenas os muito ricos ou as grandes corporações têm capacidade de pagar para construir casas cinematográficas e edifícios impressionantes. Essa enorme fatia da população, da qual fazem parte todos os extratos sociais, ficaria muito surpresa com a exposição atualmente em cartaz no MoMA, Museu de Arte Moderna de Nova York, que explora outra função dos arquitetos: melhorar a vida das pessoas.

"Pequena Escala, Grande Mudança" ("Small Scale, Big Change"), abriu no domingo, dia 3 de outubro, e vai permanecer no MoMA até 3 de janeiro de 2011. A mostra reúne 11 projetos construídos ou em construção em nove países, cujos autores, nenhum deles famoso, conseguiram, com pragmatismo e pelo entendimento das circunstâncias locais, produzir trabalhos que atendem às necessidades da população, sem abrir mão do bom design.

Entre os projetos apresentados está o estudo urbano da região de Manguinhos, no Rio de Janeiro, encomendado pela prefeitura da cidade a Jorge Mario Jáuregui em 2005. Resultou desse trabalho o plano de elevação de uma linha ferroviária adjacente à avenida principal do bairro para criação de um parque. Ao erguer a ferrovia, a proposta é remover um obstáculo que separava – ainda que psicologicamente – Manguinhos do restante da cidade, além de criar um espaço público de lazer com percursos para caminhadas, ciclovia, quadras esportivas. O projeto está em execução.

Bom design, com baixo orçamento

Na antiga cidade de Tiro, no Líbano, empobrecida por conflitos e uma fraca economia, o arquiteto Hashim Sarkis implantou um moderno conjunto habitacional composto de nove blocos para uma cooperativa de pescadores, no qual aplicou não apenas conceitos arquitetônicos, mas também de paisagismo e de planejamento urbano. O projeto, ambicioso, mas de baixo orçamento, foi iniciativa dos próprios pescadores, com a colaboração da Igreja Ortodoxa Grega e de uma ONG.

Alguns dos trabalhos empregaram técnicas construtivas locais e mão-de-obra dos próprios habitantes. A bela escola Meti, de Anna Heringer e Eike Roswag, em Bangladesh, foi feita com terra, como muitas das construções locais, à qual os arquitetos acrescentaram argila, areia e palha para melhorar a durabilidade.

A abordagem prática das obras, sua execução facilitada pelo emprego de sistemas e materiais locais e o respeito às características culturais das comunidades são comuns aos 11 trabalhos da mostra do MoMA. Os curadores, Andres Lepik e Margot Weller, do departamento de arquitetura do museu, escolheram projetos que tiveram um impacto duradouro nas comunidades em que foram implantados. Eles buscaram obras que explorem possibilidades da arquitetura em uma nova situação, pós-crise financeira e habitacional. Uma boa abordagem num mundo em que mais da metade da população já vive em cidades que crescem desorganizadamente.

Mostra: "Small Scale, Big Change: New Architectures of Social Engagement" - “Pequena Escala, Grande Mudança: As Novas Arquiteturas do Engajamento Social”
Data: 03/10/2010 a 03/01/2011
Local: Museum of Modern Art - MoMA
Enderço: 11 West 53 Street - Nova York - EUA