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Público se engana e compra Gisele por moda na Colcci

Gisele Bündchen apresenta o Verão 2009 da Colcci - Alexandre Schneider/UOL
Gisele Bündchen apresenta o Verão 2009 da Colcci
Imagem: Alexandre Schneider/UOL

CAROLINA VASONE<br>Editora de UOL Estilo

22/06/2008 23h20

Gisele Bündchen não é mais modelo de passarela há algum tempo. Salvo participações especiais em desfiles como o de aniversário de dez anos de Galliano na Dior ou dos amigos Domenico Dolce e Stefano Gabbana, da Dolce&Gabbana, sua carreira, como ela mesma declarou em entrevista coletiva, já está em outra fase (a das campanhas de fotos e/ou filmes comerciais). No Brasil, o ícone de moda mundial de uma época, que só desfila em casos excepcionais, é exclusivo da grife catarinense Colcci agora há oito coleções. Não causa mais comoção de modelo, e sim de ídolo quando a platéia não está no desfile para ver roupa, mas celebridade.

Foi assim na apresentação da Colcci para o Verão 2009. O público, incluindo a imprensa especializada, engrossava a multidão de quase mil pessoas (eram oficialmente 940 lugares, fora os "standings"). Os jornalistas, de moda ou não, estavam ali para registrar um fenômeno impossível de ser ignorado. Todos, jornalistas ou não, se espremiam para ver Gisele. Uma parte, ainda, ficou à vontade para se comportar não como platéia de desfile, mas como torcida frenética de jogo de futebol. O relógio marcou 21h50, quase uma hora depois do horário marcado do início do desfile, e Gisele apareceu. Percorreu, de miniblusa (estaria ela com roupa de torcedora de estádio?) e calça justa a passarela de madeira tripla, arrancando "uuhs!" do público que torcia o pescoço, posicionava a câmera, quase desesperada por um registro. No final, algumas dezenas ainda tentariam invadir a entrada da boca de cena da passarela, por onde a top deixou a sala de desfiles.

Gisele Bündchen fez sua parte. Era a hora, então, da Colcci cumprir a dela e mostrar suas roupas condizentes com a mensagem que passa ao contratar um ícone fashion, só para ela, como representante de sua moda. Tendo em comum com a top a popularidade (a grife é consumida por milhares de garotos e garotas em várias partes do país), faltou oferecer para seus clientes o prometido: a garantia de que terão um streetwear jovem, despretensioso, "cool" e criativo. Como a top que faz o anúncio. Sem roupa para mostrar, o público se engana com a falsa mensagem e compra gato por lebre. Ou Gisele por moda.

O verão da Colcci, então, se resumiu a, quase literalmente, o trio jeans, camiseta e vestidinhos com tingimento tie-dye e tema de "cabaré botânico". Com jeans justos lavados e camisetas regatas com tingimento tie-dye para os homens, e miniblusas, calças justas, uma parte um pouco melhor de jeans azuis médios incluindo saias curtinhas com abotoamento duplo e pantalonas justas de cintura alta, a Colcci ofereceu peças com tecidos de baixa qualidade, modelagem convencional e com falta de ousadia, sem peças que valorizassem ao menos a beleza de Gisele ou de Rodrigo Hilbert (o ator também desfilou e arrancou gritinhos femininos). Alguns dos últimos vestidos curtinhos, bem femininos, tingimento tie-dye em rosa, azul e verde, blusês e bordados nas alças, representavam a parte mais elaborada da coleção. Se custassem R$150 na loja, seriam vendidos por um preço honesto e deixariam as meninas de até vinte e poucos anos engraçadinhas. Na loja, porém, modelos na mesma linha atualmente não saem por menos de R$500. E não vêm com um fiozinho do cabelo de Gisele.
 

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