Mallu Magalhães e "O Amante", de Duras, inspiram linhos e longos da Maria Bonita Extra

A passarela larga, de madeira clara, tinha um desnível mais alto e estreito, por onde as modelos desfilariam, várias ao mesmo tempo, a passos calmos, de sapatos masculinos antigos, com desenho em relevo pintados de dourado, ou de sandália rasteira. Cenografia de Alberto Renault, limpa, para dar voz à cantora adolescente Mallu Magalhães, febre na internet, que, ao vivo, embalou o desfile da Maria Bonita Extra, e para as roupas inspiradas no livro "O Amante", de Marguerite Duras.

A protagonista da obra de Duras, uma jovem francesa de 15 anos (daí a participação de Mallu e sua voz doce, tímida, cantando em francês, e inglês seu hit "Tchubaruba"), apaixonada por um homem mais velho na Indochina dos anos 30, é o foco do Verão 2008-09 da grife. Conhecida pelos muitos vestidos femininos, Maria Bonita Extra não esqueceu deles. Só que desta vez, salvo uma ou outra exceção, aparecem compridos, na altura da canela. O tecido é fino, o linho, e a cintura marcada bem no lugar, com um cinto dourado ("bonito na passarela, mas precisa ter um corpo muito alongado para usar", comentou sabiamente a consultora de moda Gloria Kalil).

As estampas, outra marca-registrada da Extra, desta vez pareceram dar mais espaço aos lisos, em tons de creme (muitas peças), salmão, verde. As flores orientais aparecem bonitas, em vermelho, delicadamente sobre o fundo verde pistache. Outro verde mais forte, no cetim de seda, destacou a bermuda saruel comprida. O mesmo modelo apareceu em risca de giz, num dos momentos de mistura de toque masculino à feminilidade marcante da grife, não só nos vestidos mas nos bolerinhos de manguinha plissada, curtinhos, na bermuda leve, em linho creme que acompanhava o mesmo bolero, nos frufrus estratégicos.