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Amni Hot Spot chega ao fim com malharia e talentosos exercícios de construção

Desfile do estilista Eduardo Inagaki na última noite da edição Alto Verão 2007 do Hot Spot - Chris Von Ameml/UOL
Desfile do estilista Eduardo Inagaki na última noite da edição Alto Verão 2007 do Hot Spot
Imagem: Chris Von Ameml/UOL

CAROLINA VASONE<br>Editora de UOL Estilo

27/10/2006 23h25

O Amni Hot Spot chegou ao fim, na noite desta sexta (27). A partir de agora, os jovens talentos apadrinhados pelo projeto durante cinco anos serão substituídos por um concurso nacional que premiará uma marca por edição.

Pela última apresentação - como sempre sem interrupção, com um desfile atrás do outro -, o casting da "velha guarda" do Hot Spot já deixa saudades. Pesquisa de construção de formas, apuro na modelagem e no acabamento, um frescor no uso da malharia, fina, leve, pontuaram as apresentações de Jefferson de Assis, Eduardo Inagaki e Wilson Ranieri. Julia Aguiar, a mais nova da turma, também mostrou boa coleção com ênfase na malha e na malha fria.

Numa outra vertente, J. (que antes assinava como J. Pig) e Adriano Costa usam o humor, a ironia e a auto-referência para fazer um balanço do trabalho que realizaram até agora. J. optou por uma reedição e uma reinterpretação de várias peças significativas de coleções passadas. Pessoalmente, inovou ao criar, ele mesmo, as duas estampas digitais de sua coleção, que trouxe vestidinhos, alguns trapézio, outros apenas soltos, coloridos, pregueados e sempre curtinhos, o mix de estampas, o exagero em tons vibrantes, acessórios dourados e materiais brilhantes, tudo ao mesmo tempo agora, do jeito divertido de sempre do estilista. Em contrapartida, Adriano Costa fechou a noite com suas famosas camisetas. Só que todas elas brancas, na mesma modelagem, diferentes apenas pelo caimento no corpo dos modelos, que entravam ininterruptamente na passarela.

No quesito "pesquisa e construção", Wilson Ranieri agrega ao seu impecável moulage o abuso das saias curtas, mais ajustadas, em vestidos superelaborados e ao mesmo tempo supersexy. Preciosismos de delicados plissados (um menor e outro maior) nas peças rosas do início do desfile, na calça pantalona preta e em vestidos curtíssimos cuja transparência do tecido também acrescenta sensualidade à coleção reforça a idéia do "sexy chique cool". Nervuras e plissados em modelos de conjuntos de calças mais soltas e jaquetas curtas, além da série de peças molengas num paetê dourado quase ferrugem alaranjado, os vestidos com recortes inusitados em malha, os mais abusados em malha fria (como o preto curtíssimo de um ombro só), também merecem atenção.

Ao som de "Superstitious" (Raven), a mulher misteriosa de Eduardo Inagaki entra em cena, com um trench coat curto, tom de pele. Caimento perfeito, segurança no andar de botas curtas, a personagem do verão do estilista tem não só o ar de mistério evocado também pelas bem-humoradas capaz e capuzes, que hora lembravam os lençóis de fantasmas, ora as burcas muçulmanas, mas também segurança, poder. Cintos pretos, com detalhes dourados, marcavam a cintura dos modelos que vinham, na maioria das vezes, mais soltos tanto em bermudas e calças (com exceção de uma ou outra calça mais seca, como a quadriculada em verde no fundo branco) quanto em vestidos-capas, com camadas de tecidos e capuzes.

Tendo a camiseta pólo como referência, Jefferson de Assis compôs um conjunto interessante de looks que começaram em malha em tom pele com rosado, com vestidos e peças que brincavam com as ligas das cintas-liga e formavam barras pontudas. A malha ganhou glamour com o tule marrom com dourado que apareceu como segunda pele ou em detalhes das peças, também acompanhadas por viseiras, cintos e outros acessórios de penas pretas, parte do styling. No final, surgiram as ótimas peças em sarja: a jaqueta jeans azul com decote nas costas e principalmente os macacões, tanto o feminino com mais volume e decote profundo nas costas quanto o justinho masculino, ambos em verde.