Miçangas, cores e cultura de tribo sul-africana inspiram verão de Herchcovitch
O desfile de Alexandre Herchcovitch, lotado, com cada lugar disputado praticamente à tapa, foi aplaudido de pé por muitos. Duas convidadas deram um peso bem particular e importante quando se levantaram para reverenciar o talento do estilista: a cônsul e a embaixadora da África do Sul.
Sentadas na primeira fila, perto da boca da passarela, as duas (respectivamente Thanmi Vallinu e Lindkiwe Zulu) comentaram praticamente cada look que entrava na passarela. É que a inspiração de Herchcovitch foi na tribo sul-africana Ndebele, a mais famosa do país por seu trabalho artística artesanal.
Vestidas com algumas peças feitas pela tribo, as diplomatas davam uma idéia do que, originalmente, seus integrantes fazem com as miçangas, o trabalho mais forte deles. "Eles bordam miçangas em cima de tudo o que encontram. Pode ser um tênis velho, um quepe (este, aliás, apareceu muito na cabeça das modelos, com a caveira típica do estilista, em metal, na frente)", contou Herchcovitch, no final do desfile.
Da tribo também vieram as formas mais quadradas de muitas peças, como os casacos curtos com referências também militares, mais abertos, com preguinhas da cintura para baixo. "A principal roupa da tribo é um cobertor quadrado, fechado com alfinetes", diz o estilista. As cores, claro, inicialmente misturas de amarelos, verdes, vermelhos e azuis primários, depois em combinações com marrom escuro, vieram da Ndebele, assim como as estampas primitivas, criadas a partir de referências como as casas coloridas da tribo.
As miçangas bordaram muitos e muitas peças, como casaquinhos curtos, calças, saias (muitas), tanto no colorido mais vibrante quanto no desenho do preto no branco.
Misturada à esta cultura Herchcovitch afirma ter incluído o movimento punk. "Encontrei muitos pontos em comum, como as amarrações com alfinetes." A estampa em xadrez, muitas vezes misturada às estampas inspiradas em Ndebele, também vem do punk.
Nos pés, botas, mais pesadas e com saltos curvados para dentro, ora inteiras pretas, ora subindo justas estampadas.
Em meio ao colorido intenso da coleção, o cenário inteiro branco formava fileiras de colunas de vários níveis, por onde as modelos passavam. A estrutura lembrava o recém-inaugurado (este ano) monumento aos judeus mortos durante o nazismo. A obra fica em Berlim e é assinada por Peter Eisenman. Herchcovitch, que ajudou a pensar o cenário, no entanto, afirma que é apenas uma coincidência e fala de sua intenção, bem mais próxima do tema da coleção. "Pensei em fazer as casas da tribo."
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