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Modelo relata impacto de doença de pele em carreira

12/11/2011 18h12

Victoria Sanderson era uma modelo de 17 anos quando sua vida sofreu uma reviravolta por causa de uma grave doença de pele.

Primeiro, ela começou a perceber umas manchas vermelhas nos cotovelos. Depois de alguns dias, estava coberta da cabeça aos pés com placas avermelhadas que não desapareciam.

"Tive que deixar de posar, porque não podia mais servir como modelo para ninguém. Também perdi meu emprego de garçonete em um restaurante chinês porque o patrão dizia que eu estava afugentando a clientela", conta.

O médico de Victoria lhe disse que o problema desapareceria em uma semana. Por isso, não estava preparada para receber a dura notícia de que sofria de uma doença chamada psoríase.

 

  • BBC

    Apesar de controlada, doença de Victoria demanda atenção e tratamento constante

"Não entendia o que era. Pensava que se tratava de uma alergia que desapareceria. Ninguém me disse que teria isso para sempre", relata.

Ela começou então a tratar das manchas com creme, mas sua pele ficava seca, se quebrava e endurecia. E doía até quando ela se penteava.

Quando finalmente foi ao dermatologista três meses mais tarde, o estado de Victoria era terrível. "Não podia me manter em pé, não podia usar minhas mãos. O simples fato de colocar uma roupa sobre minha pele era um pesadelo", diz.

Esse transtorno, que afeta cerca de 3% da população, está relacionado a um sistema imunológico "hiperativo". Aproximadamente um terço dos infectados desenvolve a doença antes dos 16 anos.

Christopher Griffiths, professor de Dermatologia da Universidade de Manchester e porta-voz da Fundação Britânica da Pele, diz que contrair a doençana adolescência ou na juventude é particularmente difícil.

"Às vezes pode aparecer em um período da vida muito delicado, numa época de exames ou durante o primeiro emprego ou a primeira relação amorosa. Pode até arruinar a vida da pessoa", observa.

'DOENÇA SOLITÁRIA'
Ainda que a maioria dos pacientes tenham uma predisposição genética para a doença, também se acredita que ela possa aparecer como consequência de uma mera dor de garganta ou durante um período de muito estresse.

Ela não é só uma incômoda e dolorosa doença da pele, mas também é um problema visível que pode causar um grande impacto na qualidade de vida dos pacientes.

Victoria diz que fica nervosa quando conhece gente nova e fica com medo de que as pessoas fiquem olhando muito para ela.

Agora aos 28 anos, ela trabalha como consultora de marketing e tem bastante consciência da pressão que pesa sobre ela para se mostrar atraente quando representa as marcas de seus clientes.

"É uma doença solitária, que às vezes me dá vontade de me esconder", conta.

O professor Griffiths diz que a maioria da população desconhece o que é a psoríase. "Muita gente acha que é contagiosa, ou que é resultado de comer algo ruim. A primeira reação é se afastar. Imagina como isso afeta a quem tem a doença", observa.

A psoríase é provocada por uma aceleração do processo normal de mudança da pele. Normalmente, as células da pele demoram entre 21 e 28 dias para serem trocadas. Em um paciente com psoríase, esse tempo é reduzido para entre dois e seis dias.

Isso supõe uma acumulação de células da pele na sua superfície. A cor avermelhada se deve ao aumento dos vasos sanguíneos necessários para suportar o aumento da produção celular.

TRATAMENTOS
Nos últimos anos surgiram tratamentos mais efetivos contra a psoríase que melhoraram a vida dos pacientes.

Terapias tópicas e cremes com vitamina D são usados atualmente, enquanto para casos mais graves, que não respondem a qualquer outro tipo de tratamento, são indicadas terapias biológicas, com injeções que têm como objetivo o sistema imunológico.

"Nada disso é uma cura, mas pode levar a uma melhora considerável e conseguir que a interação social da pessoa volte a ser normal", diz Griffiths.

Victoria encontrou a salvação em uma terapia com luz ultravioleta. Após oito semanas de tratamento intensivo com radiação, as manchas avermelhadas sobre sua pele desapareceram.

Elas voltaram lentamente, porém, e Victoria agora tem que se submeter a sessões de raios ultravioleta a cada seis meses para manter a doença sob controle.

"É difícil falar de meu problema de pele", lamenta Victoria.

"As pessoas me perguntam se eu tenho HIV. Às vezes me perguntam se sofri um acidente de carro. Tento explicar a elas que é uma doença do sistema imunológico e que não é contagiosa", conta.

"De repente não é uma coisa tão espantosa e desagradável", observa.