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Se Conselho Fosse Bom

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

'Minha namorada é uma encostada. O quanto preciso cuidar dela?'

Gaelle Marcel/Unsplash
Imagem: Gaelle Marcel/Unsplash

Colunista de Universa

20/08/2022 04h00

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Minha namorada é uma pessoa bacana, mas muito acomodada. Não terminou a faculdade, emenda um projeto no outro sem concluir nenhum e não demonstra avanço nisso. Me incomoda também que ela está bem acima do peso e não faz nada para mudar, acredita em teorias conspiratórias. Enfim. Estava bacana ficar com ela e o sexo é maravilhoso (ela realmente manda bem demais), mas me parece que ela me vê como um salvador que vai tirar a vida dela de um marasmo. Só que eu sou só um cara normal e comum que já acha a própria vida bem difícil, quem dirá a do outro. Só me resta terminar?
- Amor encostado

- Caro Amor encostado,
Acho que tem várias coisas se misturando aí. Você está sentindo que a sua namorada se acomodou na vida e que não tem vontade de servir como "salvador" de alguém - é duro constatar isso, mas está no seu direito. Claro que namorados servem para apoiar uns aos outros, mas é compreensível que você queira estar ao lado de alguém que também te leve para frente, que estimule o seu dia-a-dia e que não apenas sugue as suas energias. Já o fato de ela estar acima do peso é uma questão sobre a qual você não pode palpitar - a única pessoa que tem direito a decidir sobre o corpo é a proprietária dele. Se ela não se incomoda com os quilos a mais - que também não são nenhum problema -, essa é uma questão só dela. Agora? acreditar em teorias da conspiração - aí o sinal ficou vermelho. Como você diz que ela é uma pessoa legal, cheia de qualidades, acho que vale você ter uma conversa com ela. Não formule a sua crise como um ultimato, em vez disso, foque nos seus sentimentos e necessidades: o quanto você gostaria de ter uma companheira e não uma dependente. Se nada mudar, talvez seja melhor você procurar alguém mais compatível.

Ser LGBT não é fácil. Além de sermos minoria, a maioria dos LGBTs são passivos na cama, o que eu acho broxante. Já usei o serviço de michês, que além de mais bonitos e sarados, são bissexuais do tipo macho. Achei o serviço bastante satisfatório e realizador na cama, mas não faz muito bem ao ego. Como fazer para resolver este dilema? Devo continuar a sair com michês gostosões ou devo procurar uma agulha num palheiro da comunidade LGBT?
- Mil coisas

- Caro Mil coisas,
Não conheço as nuances de comportamento do mundo bissexual do "tipo macho" ou do tipo passivo, e nem sei se entendi todas as suas queixas - mas diria para você não cair na armadilha de reproduzir as expectativas machistas do mundo hétero: se apegar a estereótipos de masculinidade exarcebada ou criar caixinhas rígidas de comportamento para as outras pessoas. As pessoas são o que elas são, e não vão cumprir as suas expectativas só porque você quer. Dito isso, você tem todo o direito de procurar alguém que te satisfaça na cama e fora dela - e me parece que são duas coisas separadas. Sinto que você quer alguém para criar uma relação além da comercial de cliente-profissional do sexo. Nesse sentido, é claro que contratar michês não vai te realizar plenamente. Para mim, é claro também que não existe outra alternativa a não ser continuar procurando essa pessoa especial que possa te fazer feliz - e que obviamente existe. Acredito que diminuir esse tom de superioridade frente aos outros possa te ajudar na sua empreitada.

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