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REPORTAGEM

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De babá a 'faria limer', ela bomba com vídeos ácidos: 'Jobs arrombados'

A carioca Viviane Miranda, 30 anos: "Sentia que não estava dando o meu melhor, que é fazer as pessoas rirem" - Divulgação
A carioca Viviane Miranda, 30 anos: 'Sentia que não estava dando o meu melhor, que é fazer as pessoas rirem' Imagem: Divulgação

Colunista de Universa

28/11/2022 04h00

Sucesso no Instagram e no TikTok, onde publica vídeos sarcásticos sobre sessões de terapia, o cotidiano em fintechs entre outros rolês que contam histórias da própria vida e chegam a um milhão de visualizações, a carioca Viviane Miranda, 30 anos, gosta de manter os pés no chão.

Atriz profissional desde a adolescência, formada na Escola Técnica Estadual de Teatro Martins Penna, a primeira escola pública de teatro do Brasil, e também egressa de O Tablado, outra tradicional escola artes cênicas do Rio de Janeiro, ela conta ter dado muitas voltas --inclusive na contramão--, até estourar na internet: já foi babá, recepcionista de eventos, editora de vídeos e até "faria limer", que é como são conhecidas as pessoas que trabalham na região da Avenida Brigadeiro Faria Lima, um importante núcleo empresarial e financeiro da cidade de São Paulo.

"Tentei me encaixar numa coisa que não era minha, sabe? Eu tava me forçando a ser o que as pessoas à minha volta eram. Minha mãe e meu pai são funcionários públicos, e eu ia ser a primeira pessoa que ia seguir um rolê mais criativo, então era uma quebra muito grande de valores, de expectativas que tinham sobre mim."

Ninguém na minha família é artista e ninguém incentivava que eu vivesse disso. Então eu tava nesses lugares, nessas empresas, mas sentia que tava perdendo tempo, que não tava dando o meu melhor, que não tava ali oferecendo o que eu tinha de melhor pro mundo, que era contar histórias, que era fazer as pessoas rirem", expõe.

A coragem pra viver exclusivamente de arte, produzindo conteúdo para a internet, só chegou este ano, aos 30.

'Jobs arrombados'

"Viver de internet é arriscado pra car*lho, mas eu tinha muita certeza de que ia dar certo, tinha muita fé. Passei a vida toda me f*dendo, trabalhando em job arrombado, trabalhando em lugar escroto, e não tava feliz, não tava realizada. Então existiu uma intuição muito forte de que esse era momento e de que ia dar certo. Eu não tinha mais tempo a perder. Dei muitas voltas e bati muito a cabeça até chegar a esse momento. Não foi fácil", revela a atriz.

Viviane chegou a criar um canal no YouTube em 2016, mas não seguiu adiante na época. Depois ensaiou um retorno em 2018, sem êxito. Então, em 2022, após se demitir de um emprego formal em uma fintech para se dedicar exclusivamente à produção de conteúdo humorístico pra internet, viu suas esquetes bombarem. E bem rápido.

Em quatro meses os vídeos começaram a viralizar e comecei a ganhar dinheiro. Vieram marcas pedindo pra fazer conteúdo pago, publicidade, e isso foi um incentivo, uma confirmação de que eu tava no caminho certo.

Vivi - Divulgação - Divulgação
Viviane Miranda, humorista: 'Se você é tiktoker, faz humor, a galera acha que você não tem estudos, instrução, e eu gosto de quebrar um pouco disso'
Imagem: Divulgação

Nas redes, a atriz tem mais de 140 mil seguidores.

Além da formação em teatro, a humorista é graduada em comunicação social pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, fez MBA em gestão de negócios e também cursou programação em TI.

"A galera tem muito preconceito, né? Se você é tiktoker, faz humor, a galera acha que você não tem estudos, instrução, e eu gosto de quebrar um pouco disso", explica, sobre as esquetes onde aparece satirizando situações corporativas falando fluentemente em inglês, francês, espanhol, alemão e italiano.

Gosto de gerar essa quebra de expectativas e mostrar para as pessoas que eu não tô aqui porque não tive outras opções. Eu tô aqui justamente porque eu tive outras opções e renunciei pra fazer o que eu realmente curto fazer

Mulheres no humor

Para a comediante, um dos maiores desafios para as mulheres que fazem humor no país é o machismo —perpetrado, inclusive, por outras mulheres.

"A gente ainda vive num mundo muito machista. Se eu faço uma piada com sexo, uma coisa mais polêmica, ou se falo palavrão, tem gente que critica. E eu penso: 'Se fosse um homem as pessoas iam se incomodar tanto?'."