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Mayumi Sato

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Ele corno, ela exibicionista: casal transforma fetiches em estilo de vida

Colunista de Universa

07/11/2021 04h00

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Dentre os fetiches mais comuns entre os brasileiros, os de corno, exibicionismo e podolatria estão sempre entre os mais populares. O que já não é novidade para quem pesquisa sobre o comportamento sexual do brasileiro continua sendo um tabu para muita gente. Inclusive para quem, secretamente, nutre interesse por algum desses temas.

Descobrir que essas práticas são mais populares do que a gente imagina gera algum conforto em quem passou a vida sentindo que não se encaixava no que a sociedade diz considerar padrão e "normal". Mas a pergunta seguinte invariavelmente acaba sendo:

Como iniciar essa conversa dentro da minha relação? Tenho que me "manter no armário" para sempre?

Não há resposta definitiva para esse problema, mas conhecer a experiência de outros casais que passaram por situação semelhante pode ajudar.

Um deles é a Krissia, de 28 anos, e o Fagner, de 31. Moradores de Salvador, estão juntos há 7 anos e há 6 iniciaram no meio liberal. Aos seis meses de namoro tiveram a primeira conversa sobre desejos e fetiches e, ao completarem 1 ano juntos, partiram para a prática. O que era apenas diversão e entrega, hoje se tornou também uma fonte de renda e o status de um dos casais fetichistas mais conhecidos (e simpáticos) do país.

Fagner me contou que foi dele a iniciativa de contar à Krissia que queria ser feito de corno. Ele lia contos eróticos com frequência e começou a desenvolver o interesse por esse fetiche, também conhecido como cuckold. Krissia reagiu mal:

"Na hora achei estranho, pensei que ele não me amava mais, que estava inventando apenas uma desculpa para me trair ou que estava me testando."

Aos poucos, Fagner compartilhou com Krissia seus contos preferidos e aquilo a faz relembrar de um desejo antigo: ir para a cama com dois homens, algo que ela sempre achou que seria impossível realizar. Com um ano de namoro fizeram o primeiro ménage masculino e, desde então, não pararam mais.

Hoje em dia adoramos o ménage masculino, gang bang e exibicionismo em público. Ele ama assistir e gravar nossas aventuras. Krissia

Foi o exibicionismo de Krissia que os levou a expor suas práticas nas redes sociais e reunir seguidores e fãs:

"No início fizemos um perfil anônimo no Instagram para postar minhas fotos sensuais e me exibir. Com o passar do tempo, os seguidores passaram a pedir 'packs', mas na época nem fazia ideia do que era isso. Depois de entender sobre o universo de venda de conteúdo explícito, os tais packs, começamos a vendê-los, mas de forma tímida, como um teste para ver no que ia dar."

Os dois pegaram o gosto pela coisa e descobriram que poderiam unir o útil ao agradável. Foi o tesão também que os levou a revelar a identidade em suas redes sociais:

Krissia mostrou o rosto pela primeira vez em um chat exclusivo com um fã/cliente que pagou um valor bem alto em forma de presente para ver o rosto dela enquanto interagiam. Isso despertou o tesão dela em se exibir ainda mais. Fagner

Fagner conta que sempre editou os vídeos deles borrando os rostos, mas um dia Krissia tomou a iniciativa e falou que postariam algo sem edição. "Eu amei essa decisão por dois fatores: primeiro pelo tesão em mostrar o rosto e todo mundo saber quem somos e, segundo, por facilitar na edição. Quem trabalha com isso sabe a dificuldade que é ficar colocando blur nos rostos."

Com o passar dos anos eles decidiram se dedicar 100% a esse trabalho. Em 2019 passaram a investir em câmeras, lingeries, equipamentos, sextoys e produzir vídeos mais elaborados. Hoje eles faturam, em média, algo em torno de 6 salários mínimos por mês com seus fetiches, através de uma plataforma própria de assinaturas, com vendas de packs no Buupe e no Onlyfans, além de lives em um site de cam.

Apesar de terem se profissionalizado, fazem questão de frisar que continuam se dedicando ao meio liberal e à venda de conteúdo porque é o que gostam de fazer. O tesão continua em primeiro lugar.

"Hoje temos fãs e adoramos o carinho de todos. Alguns sortudos, inclusive, já foram convidados para uma festinha a três conosco! Também gostamos de fazer conteúdo personalizado, um dos últimos mais inusitados foi um vídeo dançando de maiô e salto com corpo bem suado, o fetiche desse fã era o suor no corpo."

Para quem tem interesse pelo meio liberal e quer propor algo novo na relação, eles dão algumas dicas:

  • Antes de compartilhar o fetiche com o parceiro(a), é preciso ter 100% de certeza de que é isso que realmente quer e se está preparado para ver seu parceiro(a) com outra(s) pessoa(s). Muitas mulheres contam que o parceiro falou que queria ser feito de corno e depois de muita insistência ela aceitou sair com outro. No meio da transa ou após, o cara teve crise de ciúmes falando que ela gemeu ou chupou o outro melhor que ele.
  • É como o corno sempre costuma dizer "Depois que sua mulher sentar em outra pica, não tem mais como voltar atrás" e a primeira experiência é que vai decidir o rumo do seu fetiche. Se a primeira experiência for excelente, com absoluta certeza a mulher vai querer repetir, mas se for horrível, dificilmente vai haver outra vez.
  • Por último e não menos importante, sejam sinceros e 100% transparentes um com o outro, conversem sobre seus desejos, sobre o que pode e o que não pode fazer com terceiros. Criem suas próprias regras de acordo com seus fetiches, não usem regras de outras pessoas porque o que dá certo para o outro pode não dar para você.

E você, tem desejos ou fetiches "secretos" que ainda quer realizar? Compartilhe nos comentários!

Mayumi Sato