Maria Ribeiro

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Opinião

Amigos, amigos, crimes à parte: amizade dos homens é superior à nossa?

Durante toda a minha vida, acreditei que a amizade dos homens era superior à nossa. Como se irmandade fosse uma questão de gênero. E como se gênero fosse uma sentença definitiva.

Fui me atualizando aos poucos — e esse é um projeto pra sempre. Tentar absorver o tempo, com todas as mudanças que ele propõe. Foi assim que aprendi, só depois dos 40, que mulheres não têm natureza "mais competitiva" ou "mais maternal". Mas que construções sociais são longevas, poderosas e que, pra substituí-las, é necessária alguma militância.

Semana passada, minha parceira Cris Fibe escreveu, aqui em Universa, sobre o silêncio dos jogadores a respeito da condenação de Daniel Alves. Depois disso, Tite se pronunciou. Não sei o que é mais triste.

"Eu não posso fazer julgamento sem ter todos os fatos e as informações verdadeiras a respeito." Bom, pra isso existe o direito. Pra que não dependa de nós, atores, escritores, engenheiros e técnicos de futebol, decidir sobre a existência ou não de um crime.

Sempre gostei do Tite. Mas como mãe de um flamenguista de 14 anos — e todos aqui sabem da importância que um time exerce sobre nossos jovens torcedores — não posso deixar de dizer que suas falas de domingo não estão de acordo com a visibilidade do seu cargo.

A violência contra a mulher deve ser um compromisso de todos. E deveria estar acima de qualquer tipo de afeto. Aliás, essa fronteira de" vida pessoal" e "vida profissional", pra citar outro trecho da declaração de Tite, sequer se aplica ao episodio envolvendo o jogador. Por motivos óbvios. Amigos, amigos, crimes à parte.

PS: Depois do árbitro de vídeo, podíamos adotar o árbitro de entrevistas. Ou a amizade com mulheres, em que é possível encontrar parceria com responsabilidade. Recomendo.

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Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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