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Cris Guterres

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Convocar Daniel Alves para Copa gerou mais revolta do que relato de vítima

Colunista de Universa

25/01/2023 04h00

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O jogador de futebol Daniel Alves está preso na Espanha sob suspeita de ter estuprado uma mulher numa casa noturna em Barcelona.

No último dia 30 de dezembro, a jovem de 23 anos estava na Sutton, balada chique da cidade espanhola, com algumas amigas, quando foram convidadas por dois rapazes para o camarote. Elas aceitaram e, quando chegaram, lá uma das pessoas era Daniel Alves.

Em depoimento, elas disseram que os dois rapazes estavam passando a mão nelas. Dani Alves, então, convida uma das jovens para sair do camarote, ela vai e, quando se dá conta que ele a levou ao banheiro, tenta se desvencilhar, mas ele a força a entrar e, segundo a vítima, a abusa sexualmente com violência. Quinze minutos depois, ele vai direto embora, enquanto a jovem procura o segurança do local, que aciona as autoridades e chama a polícia.

Uma informação importante que está sendo omitida pela imprensa brasileira é que foi o segurança do local que chamou a polícia, e não a jovem. Ela, então, é acolhida, passa por exames de corpo de delito, que comprova ato sexual com marcas físicas que evidenciam violência sexual.

Toda a ação de Dani Alves na casa noturna havia sido filmada: a entrada no banheiro, ele importunando sexualmente as garotas, os 15 minutos dentro do banheiro como a vitima. Mesmo assim, no primeiro depoimento ele negou conhecer a menina.

No segundo depoimento, ele disse à juíza que estava no banheiro, que ela entrou e não teve contato nenhum com ela, ficou sem saber o que fazer. No terceiro depoimento, disse que havia feito sexo consensual após ela ter "se lançado" sobre ele e feito sexo oral. Foi além: disse que havia mentido anteriormente para proteger a garota. Quem em sã consciência está sendo acusado de estupro e mente para proteger quem te acusa?

Enfim, ele segue preso.

E o que me chama mais a atenção é o silêncio dos jogadores de futebol, dos colegas de Daniel Alves sobre esse caso de estupro e o fato de que, quando ele foi convocado para a Copa, vimos uma enxurrada de homens reclamando sobre isso. Mas, falar do Daniel quando ele é acusado de estupro num caso com tantos elementos trazido pela vítima mostra que um pacto pré-existente dos homens logo tratou de abafar o caso. Quem fala do assunto, tenta culpar a vítima.

"Só pode ser mais uma 'maria-chuteira' interessada em fama e dinheiro." A jovem não mostrou o rosto, não revelou seu nome e não aceitou fazer acordo financeiro com Daniel para esquecer o caso. Será que estamos realmente diante de um caso de maria-chuteira?

Colocamos jogadores de futebol em posto de heróis, de deuses, mas eles são humanos, cometem erros e, se Dani Alves for considerado culpado, deverá, sim, ficar preso, assim como deveria estar preso Robinho e tantos outros jogadores que já se envolveram em situações de violência contra a mulher.