Tijolos e selo revelam 'anomalia' no campo magnético da Terra há 3.000 anos
Cientistas identificaram que a Terra sofreu uma alteração significativa em seu campo magnético há cerca de 3 mil anos. A descoberta veio por meio da análise de tijolos de argila fabricados na antiga Mesopotâmia —região que hoje abrange o Iraque e partes da Síria, do Irã e da Turquia.
O que a pesquisa mostrou
A análise do material permitiu que os cientistas identificassem que, entre 1.050 e 550 antes de Cristo, o campo magnético da Terra estava mais forte. Outros artefatos produzidos na China e na Bulgária já indicavam a anomalia.
Os tijolos possuíam selos com nomes dos reis da Mesopotâmia. Isso permitiu que os cientistas confirmassem o intervalo temporal em que ocorreu o pico magnético.
Os geólogos costumam usar a análise de rochas para estudar os campos magnéticos da Terra, mas em tempos mais recentes, quando não há a possibilidade de estudar rochas porque elas ainda não tiveram tempo de se formar, precisamos usar artefatos arqueológicos. Podemos pensar nos tijolos de barro ou na cerâmica como rochas feitas pelo homem para estudar os campos magnéticos da Terra.
Matthew Howland, em entrevista à CNN
A análise dos tijolos apontou que, naquele período, houve um fortalecimento rápido e intenso do campo magnético. O fenômeno, porém, durou apenas algumas décadas.
Segundo os cientistas, a descoberta é importante para entender como o campo magnético e fenômenos naturais ligados a ele se comportam. Além disso, identificar essas anomalias pode ajudar a determinar quando artefatos arqueológicos foram produzidos.
Vamos continuar este trabalho, aplicá-lo a mais tijolos e aprofundar nosso conhecimento sobre a intensidade do campo magnético da Terra ao longo do tempo. Mas talvez ainda mais emocionante é que os arqueólogos que trabalham em locais no Iraque e na Síria podem olhar para os nossos dados e aplicar as mesmas técnicas a artefatos não datados. Isso pode ajudar a resolver muitos debates cronológicos.
Matthew Howland, em entrevista à CNN
A pesquisa foi publicada pelos cientistas Matthew Howland, Lisa Tauxe, Shai Gordin, Mark Altaweel, Brendan Cych e Erez Ben-Yosef na revista acadêmica "Proceedings of the National Academy of Sciences".
O que é o campo magnético da Terra
O campo magnético da Terra funciona como uma "bolha protetora", que defende a Terra da radiação solar. Ele é gerado no núcleo do planeta — uma massa de alta temperatura composta, principalmente, de ferro e níquel.
A parte externa do núcleo é líquida; a interna, sólida. É a movimentação da massa metálica líquida que gera o campo magnético terrestre.
O campo magnético aumenta e diminui ao longo do tempo. Artefatos como os tijolos da Mesopotâmia, que foram feitos com altas temperaturas, acabam guardando "impressões digitais" desse magnetismo.
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