Por que seu celular roubado pode estar indo para a África?

A Polícia Civil de São Paulo apreendeu na madrugada de terça-feira (21) quase 1.000 telefones celulares furtados ou roubados, em dois endereços no centro da capital paulista. Segundo a SSP-SP (Secretaria de Segurança Pública), o esquema é operado por africanos que levam os telefones para fora do país, especificamente para a África.

O Deic (Departamento Estadual de Investigações Criminais) prendeu uma brasileira e uma pessoa de origem senegalesa, suspeitos de receptação (quando se está ou adquire um produto fruto de um crime - no caso, furto ou roubo). Parte dos aparelhos teriam sido roubados nos shows do grupo mexicano RBD.

Por que ir para África?

Um celular após furto ou roubo passa por um processo semelhante ao de carros roubados, de acordo com Guaracy Mingardi, analista criminal e membro do FBSP (Fórum Brasileiro de Segurança Pública).

"Alguns são desmontados e servem para reparo de outros telefones, como se fosse um desmanche, enquanto outros são enviados para fora do país", explica.

A razão de esses telefones serem levados para o continente africano tem relação com o fato de o bloqueio de operadoras brasileiras não funcionar lá.

No Brasil foi criado um sistema de registro de celulares roubados ou furtados e as operadoras bloqueiam estes celulares nas suas redes, explica Eduardo Tude, presidente da consultoria de telecomunicações Teleco:

O mesmo não acontece na África, onde não existe um sistema semelhante, e as operadoras de lá não consultam nossa base dados para bloquear os telefones.

Geralmente, os criminosos tentam zerar o aparelho, restaurando-o para o padrão de fábrica, e, em alguns casos, até tentam trocar o Imei (Identificação Internacional de Equipamento Móvel), espécie de "RG do celular". Isso seria, na comparação com o roubo a carros, como trocar o chassi.

Por que o celular é tão atrativo para os ladrões?

Boa parte da população tem um celular e a vida delas está concentrada nesses aparelhos. Ao ser roubado ou furtado, os criminosos conseguem ganhar dinheiro rápido repassando-os para quadrilhas de receptação.

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Dependendo do aparelho, é possível conseguir de R$ 200 a R$ 300. Posteriormente, dependendo da quadrilha, há tentativas de hackear o celular para obter ganhos financeiros (como tentar acesso a aplicativos bancários), desmontá-lo ou simplesmente enviá-lo para fora do país.

O que fazer em caso de roubo?

Por aqui, após ser roubado ou furtado, é recomendado ligar para a operadora e comunicar o número do Imei do aparelho (fica na caixa do dispositivo ou você pode anotar esse número teclando *#06# na interface de chamadas). A partir desse momento, ele passa a fazer parte de um banco de dados das operadoras, que impede o aparelho se conectar às redes de telefonia.

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