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Bard: chatbot do Google chega ao Brasil como 'teste' para peitar ChatGPT

Bard é o chatbot inteligente do Google que começa a ser liberado no Brasil em português brasileiro - Luis Lima Jr/Fotoarena/Folhapress
Bard é o chatbot inteligente do Google que começa a ser liberado no Brasil em português brasileiro Imagem: Luis Lima Jr/Fotoarena/Folhapress

De Tilt, em São Paulo

13/07/2023 04h01Atualizada em 14/07/2023 15h26

"Escreva um e-mail pedindo desculpas por não ter ido a um evento" ou "Resuma para mim o que foi a Segunda Guerra Mundial". Esses são alguns dos comandos que usuários brasileiros poderão executar no chatbot inteligente Bard, do Google.

A novidade chega ao Brasil a partir desta quinta-feira (13) em português para concorrer com o ChatGPT, da OpenAI, que está acessível no país desde o fim do ano passado.

Além do Brasil, o Bard chegará aos 27 países da União Europeia. Coincidentemente, foram os países em que a ferramenta não estava disponível no momento do lançamento oficial há três meses — tanto o bloco europeu como o Brasil estavam engajados em legislações de internet, ainda que a empresa negue que o atraso tenha relação com isso. Até agora, o Bard estava disponível em inglês no Reino Unido, Estados Unidos e outros 100 países.

Durante apresentação para jornalistas, a companhia disse múltiplas vezes que se trata de um experimento, e que o sistema pode exibir "alucinações", respostas que não fazem sentido ou com informação errada, e reproduzir vieses ou preconceitos. Com a liberação, a Big Tech espera poder observar o uso para melhorarem a ferramenta.

Ainda que não tenha citado concorrentes, o Google diz que levou três meses para estrear no Brasil por adotar uma abordagem "ousada e responsável" ao tratar inteligência artificial generativa.

Na prática, eles dizem que passaram os últimos tempos treinando o sistema em português brasileiro com "grupos especializados em termos específicos, para garantir que as respostas tenham representatividade", contou Leonardo Longo, gerente de marketing de produto do Google para a América Latina.

Recentemente, o Bing, que usa a tecnologia do ChatGPT, passou a ser alvo de ação judicial no Brasil por mentir ao dizer que um médico cometeu mais de 100 assédios — na verdade, o profissional da saúde é responsável por analisar casos de abuso sexual no Conselho Regional de Medicina.

Se é um experimento, para que serve?

O Bard vai estar disponível no endereço bard.google.com e exige que a pessoa tenha uma conta no Google.

A partir disso, aparecerá uma barra para digitar comandos para que ele possa responder. Assim como o ChatGPT, o Bard é um LLM (grande modelo de linguagem, na sigla em inglês). Pense num sistema que foi treinado com conteúdo público tirado da internet — nas palavras do próprio Google — e que consegue responder a perguntas baseado no que ele "sabe", como as seguintes:

  • Vou viajar com minha família, o que você recomenda que eu faça em determinado destino;
  • Resuma o conteúdo deste link para mim;
  • Como adaptar um texto para as normas ABNT;
  • Me mostre em uma tabela as principais guerras do século 20;
  • Escreva um programa na linguagem Python que imprima "oi, mundo";
  • Faça um e-mail de feliz aniversário criativo para minha namorada.

Ainda que seja um produto do Google, o Bard não é necessariamente uma foma diferente de mostrar resultados de busca. Ele é "complementar" e apenas responde baseado no que "aprendeu". Tanto é que ao responder, sempre dá a opção para a pessoa realizar pesquisas no Google.

As pessoas poderão ainda perguntar ao Bard quais as fontes foram usadas para dar respostas, afirma Bruno Pôssas, vice-presidente global de busca do Google.

Recursos do Bard em português

Com o anúncio do Bard em português, o Google está destacando funcionalidades do chatbot:

  • Conversas recentes e fixadas: o sistema vai guardar suas interações para facilitar o acesso e até perguntas relacionados ao assunto.
  • Pesquisar no Google: a partir de uma resposta do Bard, será possível fazer buscas no Google a assuntos relacionados.
  • Ler respostas em voz alta: ao fazer uma requisição, será possível tocar no ícone de caixa de som e ouvir a resposta. Pode ser útil para saber a pronúncia de uma palavra em língua estrangeira, por exemplo.
  • Exportar código Python para o Replit: para quem programa na Python, o Bard mostrará exemplos de códigos, e você poderá exportá-los para o Replit, um editor de código-fonte compatível com a linguagem. Antes havia apenas opção de exportar para o Google Colab, uma ferramenta da própria empresa.
  • Compartilhar: ao fazer uma pesquisa, dá para compartilhar com amigos para dividir idéias baseado em respostas do Bard
  • Alterar o tom de uma resposta: por enquanto apenas em inglês, essa funcionalidade permitirá que a pessoa diga como quer que algo seja respondido ou escrito. Por exemplo: "escreva um e-mail de desculpas porque tive um compromisso de trabalho de forma simples". Entre os tons possíveis ainda estão: simples mais curto, profissional e casual. Empresa diz que isso será expandido para outros idiomas posteriormente.
  • Integração com o Google Lens: por enquanto apenas em inglês, pessoas poderão subir uma imagem no Bard e pedir para o Google Lens (ferramenta de reconhecimento de imagem) fazer uma legenda para aquela foto. Ou mesmo subir uma imagem de uma peça de carro e perguntar: para quê ela serve?