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Como a Samsung quer convencer brasileiros a comprar essa TV de R$ 1 milhão?

De Tilt, em São Paulo

13/06/2023 04h00Atualizada em 16/06/2023 14h50

Comprar uma televisão tem suas complexidades. Mas, quando o aparelho custa R$ 1 milhão, a operação fica ainda mais complicada. Fora do comum, a Samsung começou a vender no Brasil um aparelho com esse precinho, um dos mais caros já vendidos pela companhia por aqui.

Para convencer endinheirados a ter a TV de 110 polegadas (2,79 metros na diagonal) e resolução 4K, a companhia aposta em experiências exclusivas (de instalar a calibrar o modelo) associadas ao que possui de melhor em tecnologias de tela e interatividade —algo presente em equipamentos mais baratos, incluindo os da própria marca. Tilt viu de perto o modelo e conta como é ter uma televisão gigante dessas numa sala.

Quem é o público?

Além de ter essa grana disponível para gastar, os interessados precisam de um local para colocá-la. E não pode ser qualquer sala. A TV tem 1,3m de altura por 2,4m de largura. A espessura do aparelho é de 2,5 centímetros.

Como a empresa recomenda que o sofá fique a uma distância mínima de 2,5 metros da tela para uma melhor experiência, o local que receberá o televisor deve ser espaçoso. Acontece que estar próximo da tela pode ser esquisito, pois ela tem módulos quadrados bem aparentes (característica que explico mais adiante), e assistir um pouco mais de longe é mais confortável.

De perto, dá para ver módulos quadrados da tv microled de 110 polegadas da Samsung - Guilherme Tagiaroli/Tilt - Guilherme Tagiaroli/Tilt
De perto, dá para ver módulos quadrados da tv microled de 110 polegadas da Samsung
Imagem: Guilherme Tagiaroli/Tilt

Segundo a Samsung, o processo entre compra e instalação leva até 12 meses:

  • Assim que a TV é encomendada, os técnicos da Samsung fazem uma avaliação do local;
  • A parede em que ela será instalada tem que suportar 110 kg --não pode, por exemplo, ser feita de dry wall;
  • A parte elétrica é outro quesito, já que a empresa recomenda que haja um disjuntor só para a TV;
  • Com o ok dos técnicos, o modelo é encomendado via Samsung ou Fastshop de uma fábrica no Vietnã, já que não há fabricação no Brasil;
  • Uma vez que o aparelho tenha chegado ao país, quatro profissionais da empresa sul-coreana vão até o local para instalá-lo e fazer a calibragem

Segundo a companhia, o produto de nicho pretende atender à demanda de um crescente público que busca algo além da tecnologia e quer ter experiências exclusivas —avaliação do local, instalação e calibragem de acordo com o ambiente entram nesse pacote.

O que ela tem de diferente

Na prática, a TV é um telão de 110 polegadas formado por 192 módulos. Caso um desses quadradinhos de tela queime ou apresente "pixels" defeituosos, o dono da TV pode ter o item trocado gratuitamente dentro dos 3 anos de garantia.

A tecnologia por trás do display é microled. Pense em pontos de luz microscópicos, que atingem alto nível de brilho e cor. Com cristais de safira em sua composição, cada um dos 24,9 milhões de pontos de luz que compõem todos os 192 módulos pode ser apagado em cenas escuras.

Isso gera um contraste infinito, algo impossível de observar em telas convencionais de LED, mas um poder que ganha vida com tecnologias microLED ou Oled. Isso porque, nas telas do primeiro caso, há um grande painel de iluminação de fundo. Isso faz com que cenas escuras sejam clareadas indiretamente. No segundo caso, os pixels se autoiluminam. Ou seja, onde estiver escuro, o led minúsculo estará apagado.

Em cenas de games ou filmes, há detalhes que modelos mais comuns não conseguem mostrar por terem baixo nível de contraste —em um jogo, pode ser um inimigo escondido, por exemplo.

Ela exibe imagens em 4K, que é a resolução de alguns games e filmes e séries mais recentes de serviços de streaming. Para conteúdos aquém dessa qualidade de imagem, a TV conta com um processador que faz "upscalling" (pega um sinal de qualidade menor e o transforma em 4K usando inteligência artificial).

Feito de plástico reciclável, o controle remoto não precisa de pilhas. Ele é recarregado por energia solar —se ele começar a funcionar de forma intermitente, basta virá-lo para baixo e deixar suas células expostas à luz do local.

Detalhes técnicos à parte, a TV microLED de 110 polegadas vem com as conveniências da TVs inteligentes da Samsung:

Sistema Tizen: faz a TV virar uma central de casa inteligente (com comandos de voz, dá para ligar todas as luzes de casa ou acionar o modo limpeza do aspirador de pó robô), acessar principais plataformas de streaming (Netflix, Amazon Prime Video, Disney) e assistir a até quatro programas simultaneamente;

Game Hub: permite jogar diretamente na nuvem jogos do Xbox Game Pass e Nvidia GeForceNow —você não precisa de um console, basta ter um desses serviços e uma internet potente (pelo menos 100 Mbps).

Na demonstração, joguei um pouco de Forza Motosport em um controle de Xbox pareado via Bluetooth com a TV. A experiência foi bem fluida, sem atrasos entre o comando executado no controle e a resposta na tela. Outros controles, como o do Playstation, também são compatíveis com o equipamento.

Modo arte: quando a TV não estiver em uso mas em stand by, é possível programá-la para exibir uma obra de arte. Como o display tem borda mínima, a impressão é que se tem um quadro na parede. A imagem que no topo deste texto está no modo arte, por exemplo.