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Além do preço: por que TV de 32 polegadas atrai tanto brasileiro

Getty Images
Imagem: Getty Images

Julia Moióli

Colaboração de Tilt, em São Paulo

27/05/2023 04h00Atualizada em 27/05/2023 11h12

O sonho de ter uma TV com tela grande - a partir de 50 polegadas na sala de casa - deu uma pausa entre muitos brasileiros. A venda de televisões com 32 polegadas foi a que mais cresceu no Brasil entre 2021 e o ano passado, segundo dados cruzados da empresa de estudos de mercado GfK e da Eletros (Associação Nacional de Fabricantes de Produtos Eletroeletrônicos). O volume representou alta de 23,4% dentro dos quase 10 milhões de televisores comercializados no ano passado — abocanhando entre 30% e 35% do mercado.

O número chama atenção especialmente porque, antes da Copa do Mundo de 2022, o setor de TV previa ema explosão de venda de telas maiores para acompanhar o evento. Segundo especialistas consultados por Tilt, os motivos que levaram a essa mudança vão além de uma crise financeira e a opção de comprar uma televisão por um preço mais baixo.

O que explica o interesse por TV menor

1. Inflação, desemprego e falta de dinheiro

A economia brasileira não se recuperou totalmente no pós-pandemia. Além disso, empregos formais com carteira assinada não foram retomados no país e a inflação está em alta (o que muitas vezes impacta no valor do produto, influenciando seu custo), explica Patricia Costa, economista do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos).

"Tudo isso afeta o poder aquisitivo e cria dificuldades para as famílias, especialmente as de mais baixa renda", ressalta.

O professor Renan Pieri, de planejamento e análise econômica da FGV (Fundação Getúlio Vargas), acrescenta que a renda do brasileiro ainda é menor do que em 2019. "E, mais do que isso, está basicamente estagnada desde 2012 em termos reais."

"Chefes de família, homens ou mulheres, perderam empregos na crise de 2015 e depois na pandemia, gerando uma percepção de risco que eventualmente leva a opções de consumo mais baratas", completa.

Dentro desse cenário, TVs menores atraem quem está decidido a comprar, já que tendem a ser mais baratas. É possível encontrá-las a partir de R$ 800 reais.

2. Desejo de ter mais de uma TV na casa

Outra explicação para o interesse em telas menores é o costume brasileiro de ter uma televisão em cada cômodo da casa. Dados do Procel (Centro Brasileiro de Informação de Eficiência Energética) mostram que a posse média de televisores no Brasil é superior a um televisor por domicílio.

"Pelo preço e pelo tamanho, o aparelho de 32 polegadas é a melhor opção para isso, com as mesmas características de qualidade: pode ser instalado facilmente na varanda, na cozinha, no escritório", afirma Jorge Nascimento, presidente executivo da Eletros.

O executivo diz ainda que televisores com esse tamanho podem ser usados em substituição aos monitores de computador. Isso também ajuda a entender o interesse pela TV de 32 polegadas. Contudo, ele não acredita que o aumento na procura por esses aparelhos seja um fenômeno relevante.

Dicas para comprar uma boa TV de 32 polegadas

Caso você esteja interessado em investir numa televisão menor, fique atento aos recursos que ela possui para o barato não sair caro:

  • Priorize, se possível, a compra de uma Smart TV para ter mais fácil o acesso dela à internet (modelos do tipo costumam vir com aplicativos de streaming integrados - como YouTube, Netflix, Amazon Prime, HBO Max e Apple TV+).
  • Verifique o sistema operacional (de preferência a modelos com Android, Roku ou webOS).
  • Verifique se ela trabalha bem com a tecnologia HDR, que ajuda a dar brilho e contraste às imagens, e Dolby áudio, relacionado ao som.
  • Modelos com controle de voz oferecem um plus.

Vendas em 2023

No primeiro trimestre de 2023, a procura por TVs com 43 polegadas também marcou presença.

O motivo pode estar relacionado a estoques da Black Friday, da Copa do Mundo e do Natal do ano passado, que aconteceram em um período de 40 dias, afirma Fernando Baialuna, diretor da consultoria GfK na América Latina.

Ele acredita que o movimento de "premiumização" (tendência de consumo de produtos de qualidade superior e mais exclusivos) e busca por telas maiores continua, especialmente entre as classes A e B.