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Câmera mais potente do mundo é maior que carro e vai tirar foto de galáxias

Câmera LSST, desenvolvida em Stanford, será usada para captar imagens da galáxia em observatório no deserto do Chile - Jacqueline Ramseyer Orrell/SLACLab
Câmera LSST, desenvolvida em Stanford, será usada para captar imagens da galáxia em observatório no deserto do Chile Imagem: Jacqueline Ramseyer Orrell/SLACLab

Aurélio Araújo

Colaboração para Tilt, em São Paulo

13/10/2022 10h47

Foi revelada nos Estados Unidos a maior câmera digital do mundo, que será utilizada num observatório astronômico para ajudar a catalogar galáxias. Com 1,65 m de altura, ela é mais alta que a maioria dos modelos de carros que circulam pelas ruas.

A câmera foi exibida à imprensa pela primeira vez nesta semana, por cientistas do Laboratório SLAC (Centro de Aceleração Linear de Stanford), no Estado americano da Califórnia. O laboratório é operado pela Universidade de Stanford, sob direção do Departamento de Energia dos EUA, um órgão governamental.

A instalação do equipamento faz parte do projeto LSST, sigla em inglês para "grande telescópio para pesquisa sinóptica", desenvolvido pelos cientistas de Stanford. Num período de 10 anos, espera-se que ela ajude a catalogar cerca de 20 bilhões de galáxias, dando mais conhecimento à humanidade sobre temas como a formação dessas galáxias e a natureza da matéria escura.

Como ela é

Em termos de funcionamento, a câmera do LSST é igual a qualquer outra câmera digital. A diferença, é claro, está em seu tamanho colossal. Com seus 189 sensores, ela deve coletar luz de objetos como as estrelas e convertê-la em sinais elétricos para que possam formar imagens digitais.

Cada um desses sensores tem tamanho de cerca de 16 milímetros, e cada um deles tem mais capacidade de pixels do que um único iPhone. Na verdade, é possível dizer que fotografar com ela seria como produzir uma única imagem utilizando 2.666 iPhones juntos.

No total, a câmera tem 3,2 gigapixels, ou seja, 3,2 bilhões de pixels. Com esse equipamento potente, o que se espera é que a câmera tenha resolução capaz de registrar uma simples partícula de poeira na Lua.

Câmera LSST tem 1,65 metro de altura e fotografar com ela seria como produzir uma única imagem utilizando 2.666 iPhones juntos - Jacqueline Ramseyer Orrell/SLACLab - Jacqueline Ramseyer Orrell/SLACLab
Câmera LSST tem 1,65 metro de altura e fotografar com ela seria como produzir uma única imagem utilizando 2.666 iPhones juntos
Imagem: Jacqueline Ramseyer Orrell/SLACLab

Sua maior lente tem diâmetro de 1,56 m, o que a torna uma das maiores lentes já produzidas pela humanidade. Evidentemente, fabricar uma câmera como essa tem um custo financeiro altíssimo. De acordo com Vincent Riot, gerente do projeto de desenvolvimento da câmera, colocar cada sensor foi como "estacionar Lamborghinis a milímetros uma da outra": um sensor mal posicionado poderia danificar os demais, e acarretaria numa perda extremamente cara.

Antes de partir para o Chile a bordo de um Boeing 747, a câmera passará por uma série de testes rigorosos ainda nos Estados Unidos. Eles são necessários para fazer alguns ajustes antes da instalação definitiva, já que, uma vez que ela estiver fixada no topo de uma montanha, será muito mais difícil solucionar qualquer problema.

A câmera deve ser instalada no final de 2024 no Chile, que, por seu relevo montanhoso, já abriga diversos observatórios astronômicos importantes. No caso desta câmera em específico, ela será colocada no Observatório Vera C. Rubin, no topo do Cerro Pachón, uma montanha na região andina de Coquimbo. Dessa forma, a câmera ficará numa altura de cerca de 2.715 metros acima do nível do mar.

*Com informações da New Scientist