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Via Láctea: conheça melhor a galáxia que é o nosso "cantinho" do Universo

"A ponte da Via Láctea" - Vencedora do Prêmio Sir Patrick Moore na categoria Melhor Iniciante - Lun Deng
'A ponte da Via Láctea' - Vencedora do Prêmio Sir Patrick Moore na categoria Melhor Iniciante Imagem: Lun Deng

Aurélio Araújo

Colaboração com Tilt, de São Paulo

30/09/2022 04h00

Com o lançamento do telescópio espacial James Webb, a Via Láctea, galáxia em que nosso planeta está localizado, está vivendo um momento ainda mais intenso de exploração científica e potenciais descobertas.

A expectativa dos pesquisadores é que o observatório mais poderoso (e caro) já enviado ao espaço traga respostas mais concretas sobre os mistérios fora da Terra. Pensando nisso, Tilt preparou uma lista com tudo o que você precisa saber sobre nosso "cantinho" no Universo.

O que é a Via Láctea?

Vamos começar pelo básico: a Via Láctea é um sistema formado por estrelas, poeira e gás, unidos pela força gravitacional. Trata-se de uma galáxia no formato de espiral, cuja idade estimada é de 13,6 bilhões de anos.

O disco da Via Láctea — essa estrutura ao redor responsável por dar a ela essa forma espiral — tem cerca de 100 mil anos-luz de diâmetro, mas apenas 1.000 anos-luz de espessura (lembrando que cada ano-luz equivale a cerca de 9,5 trilhões de km).

Via Láctea e um grande amontoado de milhares de estrelas em seu centro - NASA/JPL-Caltech - NASA/JPL-Caltech
Imagem infravermelha feita pelo telescópio espacial Spitzer, da NASA, mostra centenas de milhares de estrelas na espiral da Via Láctea
Imagem: NASA/JPL-Caltech

E nós, onde estamos nisso?

Todo nosso Sistema Solar se encontra na galáxia e orbita em torno do centro dela, da mesma forma que a Terra orbita o Sol. Toda essa volta leva 250 milhões de anos até que seja completada.

De qualquer forma, nosso planeta está razoavelmente longe do centro galáctico: se fôssemos comparar com uma cidade, a Terra estaria localizada no subúrbio, a uma distância entre 25 mil e 30 mil anos-luz do centro.

E é bom que não estejamos nesse centro porque lá se encontra um buraco negro supermassivo, o Sagitário A* (pronuncia-se "A-estrela"), que tem massa equivalente a algo como 4 milhões de vezes a massa do Sol.

Em 2022, pela primeira vez, a humanidade conseguiu produzir uma imagem desse buraco negro, que se alimenta de matéria estelar.

Buraco negro Sagitário A* - EHT - EHT
Buraco negro Sagitário A*, em imagem divulgada por cientistas do EHT (Event Horizon Telescope), uma colaboração internacional de radiotelescópios e observatórios
Imagem: EHT

Se o registro parece um pouco "borrado", é porque, na verdade, ela foi feita por meio de milhares de captações diferentes, com diversas orientações de movimentação do buraco negro. À época, cientistas comentaram que seria como fotografar "um cachorro tentando pegar o próprio rabo".

Por que a Via Láctea tem esse nome?

Se a noite for clara e estivermos num local sem tantas luzes e poluição (ou seja, longe das grandes cidades), é possível olhar para o céu e ver alguns relances do brilho galáctico, que parece uma longa linha de cor branca.

Segundo a mitologia grega, esse brilho estaria no céu porque a deusa Hera teria derramado leite sobre ele. Daí o nome "Via Láctea", que seria uma espécie de "caminho de leite".

É um jeito poético de chamar esse efeito visto no céu, imortalizado em poemas e canções que vão de Legião Urbana a Dua Lipa.

Contudo, de acordo com informações do site Space, esse não seria o único nome pelo qual os humanos chamam a galáxia. Na China, há quem a conheça por "Rio de Prata", enquanto no deserto de Kalahari, na África do Sul, seu nome seja "a espinha dorsal da noite".

Quais galáxias são nossas vizinhas?

Há duas galáxias satélites de grandes dimensões próximas à Via Láctea, conhecidas como Nuvens de Magalhães, visíveis apenas a partir do hemisfério sul da Terra. São chamadas de "galáxias anãs" pela sua proporção — seu número de estrelas é de cerca de um centésimo apenas das grandes galáxias.

Por muito tempo, os astrônomos têm se questionado como é que elas se mantêm intactas e ainda são capazes de formar estrelas, já que orbitam uma em torno da outra e são puxadas em direção à nossa própria galáxia.

Nessa situação, seria esperado que não tivessem mais gás para gerar tanto material estelar.

Nuvem Grande de Magalhães, galáxia próxima à Via Láctea - NASA/JPL-Caltech/STScI - NASA/JPL-Caltech/STScI
A maior das Nuvens de Magalhães em imagem feita pelo telescópio espacial Spitzer, da NASA
Imagem: NASA/JPL-Caltech/STScI

Mas observações recentes do telescópio Hubble mostram que a resposta para esse mistério pode estar no fato de que as Nuvens de Magalhães são cercadas por uma espécie de escudo protetor de gás quente supercarregado, chamado de "coroa".

Essa coroa envolve as galáxias anãs e impede que seus gases sejam desviados pela Via Láctea, dando a elas condições de seguir formando estrelas.

Uma outra vizinha importante é a galáxia de Andrômeda, contra a qual a Via Láctea está rumando a uma velocidade de 400 mil km/h. Mas não se preocupe: cientistas estimam que a colisão galáctica só ocorrerá dentro de 4 bilhões de anos.

*Com informações do site Space