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Missão Dart: Nasa conseguiu desviar trajetória de asteroide em teste de defesa da Terra

Impacto da nave Dart no asteroide Dimorphos também foi registrado pelo Telescópio Espacial James Webb - Nasa/JWST
Impacto da nave Dart no asteroide Dimorphos também foi registrado pelo Telescópio Espacial James Webb Imagem: Nasa/JWST

11/10/2022 17h13Atualizada em 16/10/2022 09h50

A Nasa anunciou nesta terça-feira (11) que conseguiu desviar a trajetória de um asteroide, lançando uma nave contra ele, em um teste que permitirá à humanidade aprender a se proteger de uma eventual ameaça espacial.

A nave da missão Dart chocou-se voluntariamente, em 26 de setembro, com o asteroide Dimorphos, que é satélite de um asteroide maior, chamado Didymos. Desta forma, conseguiu deslocá-lo, reduzindo sua órbita em 32 minutos, informou o chefe da agência espacial norte-americana, Bill Nelson, em coletiva de imprensa.

Este é "um momento decisivo para a defesa planetária e um momento determinante para a humanidade", afirmou Nelson. Já teria sido "considerado um grande êxito reduzir a órbita em cerca de 10 minutos. Mas, na verdade, reduzimos em 32", assinalou. Com esta missão, "mostramos ao mundo que a Nasa é séria como defensora deste planeta".

Dimorphos, localizado a 11 milhões de quilômetros da Terra no momento do impacto, tem cerca de 160 metros de diâmetro e não representa nenhum perigo real para nosso planeta. Até então, ele dava a volta ao redor de Didymos em 11 horas e 55 minutos, período reduzido para 11 horas e 23 minutos, segundo a Nasa.

"Parece um roteiro de filme. Mas não é Hollywood. Esta missão mostra que a Nasa tenta estar preparada para qualquer coisa que o universo possa nos enviar", completou o chefe da agência espacial.

Sem precedentes, a missão de defesa planetária Dart é a primeira a testar essa técnica, permitindo à Nasa treinar para a possibilidade de um dia um asteroide ameaçar atingir a Terra.

Forma de ovo

Para confirmar a variação na trajetória do asteroide, foi preciso esperar que os cientistas analisassem os dados de telescópios.

Logo após a colisão, as primeiras imagens, registradas por telescópios terrestres e por um nanossatélite LICIACube liberado pela missão, mostraram uma grande nuvem de poeira ao redor do Dimorphos, que se estendia por milhares de quilômetros.

Posteriormente, os telescópios James Webb e Hubble — os observatórios espaciais mais potentes — revelaram detalhes do impacto da nave, deixando à vista a matéria arrancada da rocha espacial.

Tudo isso deve permitir uma compreensão melhor de Dimorphos, um exemplo de asteroides bastante frequentes e, portanto, medir o efeito exato que esta técnica, chamada de impacto cinético, pode ter sobre eles.

A nave viajou por dez meses desde que decolou da Califórnia, em novembro do ano passado.

Imagens de Dimorphos, registradas pouco antes do impacto, mostram que ele possui uma superfície cinza, rochosa e em forma de ovo. Conhecer esses detalhes é importante no caso de a humanidade ser forçada a desviar um objeto que esteja se aproximando da Terra.

Quase 30.000 asteroides de todos os tamanhos foram catalogados nas proximidades da Terra, mas nenhum deles ameaçará o planeta nos próximos 100 anos — a menos que não se tenha conhecimento de todos.

Quase todos os asteroides de um quilômetro ou mais foram localizados, segundo os cientistas, que estimam conhecer apenas cerca de 40% dos asteroides que medem 140 metros ou mais, aqueles capazes de devastar uma região inteira.

© Agence France-Presse